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Bolsa avança 1,17% e rompe pela 1ª vez os 70 mil pontos
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo diante de um cenário
internacional desanimador, a
Bovespa encontrou fôlego para
voltar a subir e fechar, pela primeira vez, acima dos 70 mil
pontos. A valorização de ontem, de 1,17%, foi mais branda
que a dos últimos pregões, marcados pela euforia após a obtenção do grau de investimento
pelo Brasil, mas garantiu o novo recorde da Bolsa.
No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,48%, negociado a R$
1,658. Na sexta, havia encerrado a R$ 1,65, menor cotação
desde maio de 1999.
Ao fechar em 70.174 pontos,
a Bovespa tem feito analistas
reavaliarem o quanto o mercado acionário doméstico ainda
pode subir nos próximos meses. A pontuação recorde mostra que nunca as ações estiveram tão valorizadas, o que sempre abre espaço para quedas.
O país recebeu na última
quarta, da agência de classificação de risco Standard & Poor's,
uma melhora em sua nota e
passou a pertencer à categoria
de "investment grade" (grau de
investimento). A nota é concedida aos países considerados
como mais seguros para investir. Desde a decisão, a Bovespa
acumula alta de 9,95%.
Pertencer a essa categoria
torna o Brasil mais atrativo ao
capital externo. Dessa forma, a
expectativa é que a Bolsa receba mais recursos do exterior, o
que tende a derrubar o dólar.
Em abril, os investidores estrangeiros mais compraram
que venderam ações na Bolsa
no montante de R$ 6 bilhões. A
cifra foi recorde para um mês.
No ano, o dólar acumula queda de 6,7%. Apesar da queixa
dos exportadores, o governo
vem negando rumores de que
possa tomar alguma medida
para conter a alta do real.
"Apesar da alta de hoje [ontem], o dólar não encontrou
seu fundo diante do real. A tendência de queda permanece. E
o governo não tem muito o que
fazer", diz Jason Freitas Vieira,
economista-chefe da UpTrend
Consultoria Econômica.
Para a Bolsa, o economista
avalia que é difícil falar em um
teto. "Hoje [ontem] subiu com
menos força, com o cenário externo negativo. Mas a perspectiva é que o mercado acionário
se mantenha [em alta]."
Em Wall Street, o índice Dow
Jones recuou 0,68%. A Bolsa
eletrônica Nasdaq caiu 0,52%.
No pregão de ontem da Bovespa, quem se destacou foram
as ações de pequenos bancos.
O grau de investimento pode
representar maior facilidade
para essas instituições captarem recursos no exterior -dinheiro que pode ser destinado
à expansão da concessão de
crédito. Esse tipo de operação
pode permitir que consigam recursos a taxas menores para
depois os repassarem por juros
mais robustos.
As ações preferenciais do
banco Sofisa subiram 12,50%
ontem. Logo atrás vieram as
ações PN do BicBanco, com ganho de 10,16%, e as PN do banco Pine, com 7,17%.
Entre os papéis mais negociados, as ações da Petrobras tiveram alta mais forte que a da
Bovespa. A ação ordinária subiu 2,5%, e a preferencial,
1,97%. Os papéis da Vale não ficaram muito atrás, com altas de
1,83% (ON) e 1,68% (PNA). Essas ações costumam ser muito
procuradas pelos estrangeiros.
Segundo a Bloomberg, Geoffrey Denis, do Citigroup, prevê
que o Ibovespa encerre o ano
em torno de 74 mil pontos. Para ele, o grau de investimento é
"um forte fator positivo de longo prazo para os mercados financeiros do país". O estrategista do banco recomenda "elevar a exposição" em papéis de
empresas produtoras de matérias-primas e de produtos de
consumo básico.
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