São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Bolsa avança 1,17% e rompe pela 1ª vez os 70 mil pontos

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo diante de um cenário internacional desanimador, a Bovespa encontrou fôlego para voltar a subir e fechar, pela primeira vez, acima dos 70 mil pontos. A valorização de ontem, de 1,17%, foi mais branda que a dos últimos pregões, marcados pela euforia após a obtenção do grau de investimento pelo Brasil, mas garantiu o novo recorde da Bolsa.
No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,48%, negociado a R$ 1,658. Na sexta, havia encerrado a R$ 1,65, menor cotação desde maio de 1999.
Ao fechar em 70.174 pontos, a Bovespa tem feito analistas reavaliarem o quanto o mercado acionário doméstico ainda pode subir nos próximos meses. A pontuação recorde mostra que nunca as ações estiveram tão valorizadas, o que sempre abre espaço para quedas.
O país recebeu na última quarta, da agência de classificação de risco Standard & Poor's, uma melhora em sua nota e passou a pertencer à categoria de "investment grade" (grau de investimento). A nota é concedida aos países considerados como mais seguros para investir. Desde a decisão, a Bovespa acumula alta de 9,95%.
Pertencer a essa categoria torna o Brasil mais atrativo ao capital externo. Dessa forma, a expectativa é que a Bolsa receba mais recursos do exterior, o que tende a derrubar o dólar.
Em abril, os investidores estrangeiros mais compraram que venderam ações na Bolsa no montante de R$ 6 bilhões. A cifra foi recorde para um mês.
No ano, o dólar acumula queda de 6,7%. Apesar da queixa dos exportadores, o governo vem negando rumores de que possa tomar alguma medida para conter a alta do real.
"Apesar da alta de hoje [ontem], o dólar não encontrou seu fundo diante do real. A tendência de queda permanece. E o governo não tem muito o que fazer", diz Jason Freitas Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria Econômica.
Para a Bolsa, o economista avalia que é difícil falar em um teto. "Hoje [ontem] subiu com menos força, com o cenário externo negativo. Mas a perspectiva é que o mercado acionário se mantenha [em alta]."
Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 0,68%. A Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,52%.
No pregão de ontem da Bovespa, quem se destacou foram as ações de pequenos bancos.
O grau de investimento pode representar maior facilidade para essas instituições captarem recursos no exterior -dinheiro que pode ser destinado à expansão da concessão de crédito. Esse tipo de operação pode permitir que consigam recursos a taxas menores para depois os repassarem por juros mais robustos.
As ações preferenciais do banco Sofisa subiram 12,50% ontem. Logo atrás vieram as ações PN do BicBanco, com ganho de 10,16%, e as PN do banco Pine, com 7,17%.
Entre os papéis mais negociados, as ações da Petrobras tiveram alta mais forte que a da Bovespa. A ação ordinária subiu 2,5%, e a preferencial, 1,97%. Os papéis da Vale não ficaram muito atrás, com altas de 1,83% (ON) e 1,68% (PNA). Essas ações costumam ser muito procuradas pelos estrangeiros.
Segundo a Bloomberg, Geoffrey Denis, do Citigroup, prevê que o Ibovespa encerre o ano em torno de 74 mil pontos. Para ele, o grau de investimento é "um forte fator positivo de longo prazo para os mercados financeiros do país". O estrategista do banco recomenda "elevar a exposição" em papéis de empresas produtoras de matérias-primas e de produtos de consumo básico.


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