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BC tenta conter efeito manada no câmbio
Autoridade monetária teme novos estragos da instabilidade cambial na contabilidade das empresas brasileiras
Mercado, que antes acreditava na valorização
do dólar, passou a apostar
na queda da moeda americana diante do real
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Num cenário internacional
ainda incerto, o Banco Central
quer evitar que apostas numa
valorização excessiva do real
diante do dólar neste momento
se torne uma fonte potencial de
problemas no futuro.
Depois dos prejuízos causados em várias empresas que
apostaram na alta da moeda
brasileira no início de 2008, a
equipe econômica teme que
uma nova alta brusca do dólar
em razão de possíveis notícias
ruins no exterior espalhe mais
prejuízos no Brasil.
Segundo a Folha apurou, a
forte atuação do BC no mercado de câmbio ontem teve dois
objetivos. O primeiro foi tentar
conter um efeito manada no
mercado, que se traduz em aumento das apostas a favor do
real e que poderia fazer a cotação cair abaixo do R$ 2,10, alimentando ainda mais o movimento de baixa do dólar.
O outro foi aproveitar a oferta de dólares e, com a compra
de cerca de US$ 3,4 bilhões,
neutralizar contratos de venda
no valor de US$ 3,3 bilhões que
o BC assumiu no auge da crise
internacional e que vencerão
no início de junho.
Segundo o comunicado de
ontem, o BC "decidiu fazer leilão de swap reverso [contratos
especiais de câmbio, veja quadro nesta página] agindo em
função de alterações nas condições de fluxo prevalecentes no
mercado nas última semanas".
Com isso, os diretores aproveitaram o excesso de oferta de
dólar e acabaram com um ruído que vinha crescendo no
mercado: o BC renovaria ou liquidaria os contratos de venda
de dólar feitos durante a crise?
No comunicado, o BC também reafirmou que "não trabalha com piso, teto ou qualquer
meta para taxa de câmbio" e
que o regime cambial no país é
flutuante. Porém, ao pegar o
mercado de surpresa, o BC
mostrou que uma nova onda de
aposta na valorização do real
num cenário externo ainda duvidoso fez acender a luz amarela na área econômica.
Há várias semanas, o real
tem se valorizado. Em abril, o
dólar teve depreciação de
5,91% diante do real. No ano, a
queda acumulada está em
7,97%. E, por mais que o BC
saiba que não irá reverter a
tendência, sua atuação ajudou,
ao menos, a conter os excessos.
Depois de meses de crise, as
apostas de desvalorização do
real começaram a virar. A cotação, que estava no patamar de
R$ 2,3, chegou a R$ 2,18 na semana passada e caiu a R$ 2,13
anteontem até fechar ontem
em R$ 2,148 após a ação do BC.
Os sinais de que a crise externa pode estar finalmente arrefecendo, o que favorece o fluxo
de dólar para o Brasil, estimula
o movimento pró-real. Romper
a barreira simbólica de R$ 2,10
poderia estimular ainda mais
apostas de uma valorização
maior do real.
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