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Tesouro terá que bancar Telebrás na banda larga
Estatal receberá R$ 3,2 bi nos próximos 5 anos para atuar no plano de universalização
Se forem incluídos benefícios fiscais e crédito do BNDES, governo vai desembolsar
R$ 13,3 bi; ações da empresa tiveram alta de 20% ontem
HUMBERTO MEDINA
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional terá que
injetar R$ 3,22 bilhões na Telebrás nos próximos cinco anos
para bancar parte do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
Somados benefícios fiscais,
empréstimos do BNDES e uso
de recursos de fundo setorial, o
total de dinheiro público usado
chega a R$ 13,25 bilhões.
Neste ano, o plano alcança
cem cidades. O governo projeta
levar o acesso à internet em alta
velocidade para 39,8 milhões
de domicílios (hoje esse número é de 11,9 milhões).
A ideia básica do governo é
usar a Telebrás para ofertar sua
rede de fibras óticas e oferecer
transporte de dados no atacado
(para empresas).
Dessa forma, a previsão é que
surjam concorrentes para enfrentar as empresas de telefonia fixa, móvel e a Net (TV por
assinatura). Com mais concorrência, a expectativa é que o
preço do serviço baixe e que ele
chegue a mais pessoas.
"O papel da Telebrás não é
substituir ou limitar a iniciativa
privada. Ao contrário, é justamente usar a infraestrutura de
que a União já dispõe para incentivar a iniciativa privada.
Ela será uma empresa enxuta e
atuará prioritariamente no atacado", disse a ministra-chefe da
Casa Civil, Erenice Guerra.
A Telebrás não irá prestar o
serviço diretamente, mas contratar, por meio de licitação,
empresas privadas que forneçam os equipamentos e façam a
manutenção e a operação.
"A ideia é que a empresa gestora [Telebrás] possa subcontratar a operação. Todo o planejamento estratégico será feito por ela. A operação de campo
será fornecida pelas empresas
privadas, que serão vencedoras
de alguma licitação", disse Cezar Alvarez, assessor especial
da Presidência da República.
"A iniciativa privada vai contribuir, mas dentro de moldes
de gestão que possam ser controlados pelo Estado, que vai
poder interferir como regulador no processo", afirmou.
Em um dos cenários traçados
pelo governo, a Telebrás teria
que investir R$ 5,7 bilhões para
cumprir o PNBL até 2014. Nos
três primeiros anos, pelo cenário do governo, a empresa teria
prejuízo. Apenas para efeito de
comparação, a Oi anunciou no
começo de 2010 investimentos
de R$ 30 bilhões em cinco anos.
Ontem, as ações ON (com direito a voto) da Telebrás fecharam o dia com alta de 22,7%. Os
papéis PN (sem direito a voto)
subiram 19,50%. Nos últimos
12 meses, a valorização acumulada é de, respectivamente,
500% e 700%.
Em fevereiro, reportagem da
Folha mostrou que os rumores
e vazamento de informações
sobre a reativação da Telebrás
haviam levado as ações da estatal a uma valorização de
35.000% desde 2003, o que
motivou investigação da CVM.
A Folha também revelou
que o ex-ministro José Dirceu
recebeu R$ 620 mil de uma
empresa diretamente interessada na reativação da Telebrás.
Apesar da promessa de parceria, o governo voltou a criticar as empresas e afirmar que,
se for o caso, entrará diretamente no mercado, chegando
até o consumidor final.
"Lamentavelmente, as empresas que atuam no Brasil optaram por oferecer o serviço
para poucos e caro. Uma banda
larga que é estreita, na verdade", disse o ministro Paulo Bernardo (Planejamento).
"Não queremos fazer todo o
trabalho. Se a iniciativa privada
quiser fazer a última milha
[chegar ao consumidor], ótimo.
Se não quiser, nós vamos dar
um jeito de fazer", completou.
Com a entrada da Telebrás, o
governo diz que o preço médio
do acesso à banda larga cairá.
Hoje, segundo o governo, o
usuário paga entre R$ 49 e R$
56 por velocidades inferiores a
256 kbps. Com a atuação do governo, o valor ficará em R$ 35,
para velocidade de 512 a 784
kbps (quilobits por segundo),
ou R$ 15, no plano com incentivos (banda larga sem fio, com
isenção fiscal para modens),
para velocidade de até 512 kbps
e limite de download.
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