|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRESSÃO
Comércio e indústria podem acertar a redução de descontos para alguns itens
Volta do preço cheio pressiona tabela
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Determinados movimentos não
percebidos pelos consumidores
podem voltar a pressionar as tabelas de preços a curto prazo. Um
deles tem relação direta com a negociação que ocorre nos bastidores entre o comércio e a indústria
para a definição de novos valores
dos alimentos e itens semiduráveis (roupas e calçados).
Volta à tona a discussão em torno da possibilidade de redução
nos descontos de preços que a indústria acerta com os supermercados para aumentar os volumes
de vendas em períodos de demanda fraca. Esses descontos são
dados e retirados segundo a negociação acertada entre os setores e
são determinados pelo ritmo de
consumo do mercado.
A retomada na demanda leva a
indústria a rever as tabelas e ampliar, lentamente, sua margem
em determinados produtos de
maior valor agregado. "Consumo
mais acelerado leva à redução nos
descontos e, com isso, volta-se a
operar com o preço cheio. Esperamos que isso ocorra, mas não dá
para imaginar que vá ser algo generalizado, pois a melhora no ritmo da demanda ainda é inconsistente", disse Sussumu Honda,
presidente da Apas (Associação
Paulista dos Supermercados).
Segundo a Fipe informou ontem, o avanço da inflação em junho foi puxado, em parte, pela alta de 1,39% nos alimentos.
Emílio Alfieri, economista da
ACSP (Associação Comercial de
São Paulo), acredita que o varejo
vá aceitar reajustes nas tabelas segundo o desempenho nas vendas
de cada produto.
"É preciso lembrar que um
eventual reajuste nos próximos
meses pode ser compensado pela
queda no preço de outra mercadoria nessas negociações entre o
varejo e a indústria."
Os supermercados já aguardam
mudanças nas tabelas a partir de
agosto por conta do aumento da
energia elétrica. Esse é o tipo de
reajuste que não tem como negociar. "As lojas sabem que o impacto é real nas contas das empresas e
acabam aceitando o repasse aos
preços", diz Honda.
Analistas acreditam, no entanto, que mesmo novas pressões
não devam puxar para cima a taxa
inflacionária no terceiro trimestre, como ocorreu em junho.
A recente queda na cotação do
dólar e a política econômica restritiva do governo -que trabalha
com taxa de juros básica (Selic)
em 16% ao ano (apenas 0,5 ponto
abaixo do verificado em janeiro)- "travam" possibilidades de
forte reajuste de preços e expansão acelerada da demanda.
"O repique inflacionário ocorreu por conta de aspectos sazonais, como a entressafra de alguns
itens. Não é algo para alarme",
disse Fabio Pina, economista da
Fecomercio SP. "Mas é preciso
lembrar também que, no caso da
inflação, não tem batalha ganha.
A taxa de junho ficou acima da
previsão de muitos economistas."
Texto Anterior: Opinião econômica: Virtus in medium Próximo Texto: Fiesp agora prioriza diminuição do "spread" Índice
|