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Ligação ficará mais barata, mas Anatel atrasa redução
Sem presidente, agência não pode validar recuo de até 0,51% nas tarifas de linhas fixas
Queda foi negociada com as empresas, que abriram mão de reajuste de 4% na primeira vez em que novo índice do setor é usado
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem
pequena redução nas tarifas de
telefonia fixa local, mas a medida ainda não tem data para entrar em vigor. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), responsável pela regulamentação do setor, está sem
presidente desde o dia 8 e ninguém mais pode assinar a resolução que reduz de 0,38% a
0,51% (dependendo das empresas) os valores para habilitação,
pulso e assinatura básica dos
telefones fixos.
O reajuste é o primeiro dentro das novas regras do setor de
telefonia fixa, que entraram em
vigor neste ano. Em relação ao
reajuste, a principal modificação foi a troca do índice. O IGP-DI, que foi usado desde 1999,
foi substituído por um índice
setorial, o IST (Índice de Serviços de Telecomunicações). No
reajuste atual, foi usado o IGP-DI acumulado de junho a dezembro passado, de -0,75%, e o
IST de janeiro a maio deste ano.
No primeiro reajuste com o
novo índice, o consumidor saiu
prejudicado: se o IGP-DI tivesse sido mantido, a redução das
tarifas teria sido maior. Entre
janeiro e maio deste ano, o IST
acumulou alta de 1,37%, mais
de duas vezes maior que a variação de 0,61% do IGP-DI.
"O fato de [o IGP-DI] estar
mais baixo nos últimos seis meses não quer dizer que vai ficar.
Acho que a longo prazo é uma
medida boa para o consumidor", disse o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Para que a mudança de índice desse um bom resultado em
sua primeira aplicação, o governo teve que negociar com as
operadoras de telefonia fixa. As
teles abriram mão do direito de
um aumento extra -além da
variação do índice- de até cinco pontos percentuais que poderia ser usado em um determinado item da cesta (assinatura, pulso ou habilitação).
Esse aumento extra, pelas regras que vigoraram até o ano
passado, era de nove pontos
percentuais. Ele podia ser aplicado a um item específico (geralmente a assinatura), desde
que compensado em outro (geralmente a habilitação) para
manter o percentual do reajuste médio. Se fosse aplicado neste ano, o aumento médio seria
de aproximadamente 4%.
"Eu acho que elas mesmas
[empresas] estão convencidas a
estas alturas de que não comporta um aumento nesse instante para as tarifas telefônicas
locais. Eu acho que elas tiveram
um resultado que não compromete o equilíbrio econômico-financeiro da própria empresa", afirmou Costa.
"As minhas conversas com as
empresas não foram oficiais,
foram oficiosas, no sentido de
que nós tínhamos que fazer um
esforço de que na primeira utilização do IST a gente tivesse
um resultado que fosse bom
para o consumidor. Eles mesmos estão muito interessados
nesse sentido", afirmou Costa.
"As conversas oficiais foram todas mantidas pela Anatel. As
minhas foram sempre de ser
informado do que está acontecendo. E, ao ser informado, evidentemente, não deixar de dar
opinião", disse.
Procuradas, as teles não comentaram a divulgação do reajuste e as negociações com o governo. A Anatel, em tese o órgão responsável pelas tarifas,
também não comentou.
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