São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Cenário externo derruba Bolsas pelo mundo

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A fase de melhora vivida pelos ativos brasileiros desde a semana passada foi interrompida ontem. À piora do mercado internacional a Bovespa reagiu com uma perda considerável de 2,65% no pregão de ontem. O dólar subiu de R$ 2,17 para R$ 2,20 (alta de 1,38%).
Testes com mísseis realizados pela Coréia do Norte trouxeram tensão e insegurança, que ajudaram a empurrar o barril de petróleo para um novo preço recorde (veja texto ao lado). E o custo do petróleo em alta sempre é fator negativo.
As Bolsas de Valores tiveram importantes perdas na Europa, especialmente em Frankfurt (-1,80%), Paris (-1,26%) e Londres (-0,97%).
Nos EUA, a Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 1,69%. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve baixa de 0,68%.
A Bolsa mexicana foi o destaque de baixa dentre os latinos -com perdas de 4,01%.
Dados sobre o emprego dos Estados Unidos, que mostraram uma geração de postos de trabalho acima do que era previsto, colaboraram para estragar o humor dos investidores.
Desde a reunião do Fed (o banco central dos EUA) na quinta-feira passada, o mercado vinha vivenciando dias de bons resultados. O Fed deu sinais, em nota divulgada após sua reunião, de que a rota de alta dos juros americanos pode estar perto do fim. Mas o dia de ontem estragou o que parecia ser o começo de um período de recuperação.
"Com os testes de mísseis e a elevação do petróleo, aumentou a preocupação com o risco geopolítico, levando as praças asiáticas, européias e os índices americanos a operarem em baixa. Além de Wall Street, os países emergentes também estão sendo afetados", afirmou Marcelo Voss, economista-chefe da corretora Liquidez.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, apenas quatro das 54 ações mais negociadas fecharam o pregão em alta.

Bons sinais
De positivo ontem houve a divulgação do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) calculado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). O índice mostrou deflação de 0,31% em junho, a maior queda do indicador desde maio de 1999.
A inflação em baixa levou algumas instituições financeiras a reverem suas projeções para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). A consultoria Austin Rating, por exemplo, revisou sua projeção de redução da taxa básica de juros (a Selic) de 0,25 ponto para 0,50 ponto percentual. A Selic está em 15,25%. A próxima reunião do Copom acontecerá entre os dias 18 e 19.
Mesmo assim, as taxas de juros nos contratos que vencem acima de seis meses subiram na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). No DI (que mostra os juros futuros) com resgate na virada do ano, a taxa foi de 14,60% para 14,66%. No contrato que vence daqui a 18 meses, a taxa foi de 14,90% para 15,09%.
"Mas preservamos tanto nosso cenário de taxa Selic em 14,50% em dezembro quanto a expectativa de "parada técnica". Ou seja, a autoridade monetária deve interromper o processo de redução da taxa de juros ao menos até o último trimestre do ano", afirma a Austin Rating em análise.


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