|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Acerto com montadoras impede demissões até novembro, mas transferências de funcionários e "lay-off" seguirão
Acordo não muda planos da GM e da Volks
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo emergencial para a indústria automotiva proíbe as empresas de demitir até novembro,
mas não garante estabilidade de
emprego a 600 empregados da
GM (General Motors), afastados
temporariamente da montadora,
nem aos 3.933 trabalhadores que
a Volkswagen pretende transferir
para o projeto Autovisão. Também não vai criar novas vagas.
O Sindicato dos Metalúrgicos
de São José dos Campos reagiu ao
acordo anunciado ontem e promete pressionar a GM para que
suspenda o "lay-off" iniciado anteontem. Por esse sistema, 600
operários ficarão afastados por
cinco meses recebendo parte dos
salários. O "lay-off" foi a saída para evitar demissões na fábrica.
"O governo não pode manter os
trabalhadores reféns do mercado.
Se as vendas melhorarem e as fábricas retomarem sua produção,
vamos combater as horas extras e
pressionar para que o "lay-off" seja
encerrado", diz Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato. Para
ele, a estabilidade até novembro é
uma medida "paliativa".
José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM, informa que,
mesmo com o acordo emergencial, estão mantidos o "lay-off", os
programas de voluntariado e os
contratos temporários.
CUT e Força Sindical aprovaram o pacote emergencial, mas
defendem a redução dos juros e
do compulsório como medidas
urgentes para combater o desemprego. "Reduzir o IPI é importante. O acordo é positivo porque vai
manter o nível de emprego. Mas é
o mesmo que tentar apagar um
incêndio com um copo de água",
diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. Ele afirma que o acordo emergencial é a
primeira medida "concreta" do
governo contra o desemprego.
Para Luiz Marinho, presidente
da CUT, o acordo vai ajudar a
criar "um sentimento que vai permitir a retomada do emprego",
além de evitar que as empresas tomem "decisões unilaterais" de
dispensar os trabalhadores. "Empresas e sindicatos vão continuar
com liberdade para negociar saídas para evitar demissões."
A Volks informou ontem que
mantém seus planos de reestruturação no país, o que inclui a transferência de 3.933 excedentes de
São Bernardo e de Taubaté para o
Instituto Gente, que será criado
para capacitar os trabalhadores.
Os sindicatos são contra a transferência e alegam que a montadora
rompe acordos que garantem estabilidade até 2004 em Taubaté e
até 2006 no ABC.
Ontem, cerca de 8.000 operários
de São Bernardo pararam a produção por cerca de três horas pela
manhã e à tarde. Um grupo de
operários devolveu ao departamento de Recursos Humanos as
cartas enviadas pela montadora,
informando a transferência a partir de 1º de setembro.
(CLAUDIA ROLLI e FÁTIMA FERNANDES)
Texto Anterior: Setor recebe incentivo quando perde participação na economia brasileira Próximo Texto: Especialista não crê que vendas subam muito Índice
|