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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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Acerto com montadoras impede demissões até novembro, mas transferências de funcionários e "lay-off" seguirão

Acordo não muda planos da GM e da Volks

DA REPORTAGEM LOCAL

O acordo emergencial para a indústria automotiva proíbe as empresas de demitir até novembro, mas não garante estabilidade de emprego a 600 empregados da GM (General Motors), afastados temporariamente da montadora, nem aos 3.933 trabalhadores que a Volkswagen pretende transferir para o projeto Autovisão. Também não vai criar novas vagas.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos reagiu ao acordo anunciado ontem e promete pressionar a GM para que suspenda o "lay-off" iniciado anteontem. Por esse sistema, 600 operários ficarão afastados por cinco meses recebendo parte dos salários. O "lay-off" foi a saída para evitar demissões na fábrica.
"O governo não pode manter os trabalhadores reféns do mercado. Se as vendas melhorarem e as fábricas retomarem sua produção, vamos combater as horas extras e pressionar para que o "lay-off" seja encerrado", diz Luiz Carlos Prates, presidente do sindicato. Para ele, a estabilidade até novembro é uma medida "paliativa".
José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da GM, informa que, mesmo com o acordo emergencial, estão mantidos o "lay-off", os programas de voluntariado e os contratos temporários.
CUT e Força Sindical aprovaram o pacote emergencial, mas defendem a redução dos juros e do compulsório como medidas urgentes para combater o desemprego. "Reduzir o IPI é importante. O acordo é positivo porque vai manter o nível de emprego. Mas é o mesmo que tentar apagar um incêndio com um copo de água", diz Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical. Ele afirma que o acordo emergencial é a primeira medida "concreta" do governo contra o desemprego.
Para Luiz Marinho, presidente da CUT, o acordo vai ajudar a criar "um sentimento que vai permitir a retomada do emprego", além de evitar que as empresas tomem "decisões unilaterais" de dispensar os trabalhadores. "Empresas e sindicatos vão continuar com liberdade para negociar saídas para evitar demissões."
A Volks informou ontem que mantém seus planos de reestruturação no país, o que inclui a transferência de 3.933 excedentes de São Bernardo e de Taubaté para o Instituto Gente, que será criado para capacitar os trabalhadores. Os sindicatos são contra a transferência e alegam que a montadora rompe acordos que garantem estabilidade até 2004 em Taubaté e até 2006 no ABC.
Ontem, cerca de 8.000 operários de São Bernardo pararam a produção por cerca de três horas pela manhã e à tarde. Um grupo de operários devolveu ao departamento de Recursos Humanos as cartas enviadas pela montadora, informando a transferência a partir de 1º de setembro.
(CLAUDIA ROLLI e FÁTIMA FERNANDES)


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