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Setor automobilístico obtém mais de R$ 700 mi em recursos do governo, 106% a mais do que em 2002
Ajuda do BNDES a montadoras dobra
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Aumentou em 106% o volume
de recursos que o setor automobilístico pegou do governo, neste
ano, para fazer investimentos a
juros baixos e prazos longos. É a
maior taxa de crescimento entre
todos os setores da indústria no
período. Foram liberados mais de
R$ 700 milhões. Não houve, porém, expansão na mão-de-obra
contratada durante o período.
Os bancos de montadoras também estão entre os que mais solicitaram recursos ao governo em
2003 -entre as instituições financeiras. Usaram o dinheiro para financiar a venda de caminhões
e ônibus ao mercado. Esses bancos ganharam com o "spread"
bancário (diferença entre o custo
de captação do dinheiro e o que é
cobrado do tomador).
Segundo dados informados pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), enquanto os desembolsos
da entidade ao setor privado caíram 19% no primeiro semestre,
para as montadoras o volume
mais que dobrou -alta de 106%
em relação a 2002.
Nos últimos 12 meses, porém,
foram demitidos 2.000 trabalhadores de montadoras. O volume
caiu de 94,3 mil para 92,3 mil empregados, informa a Anfavea, entidade que representa a indústria.
O BNDES libera recursos tendo
como uma das metas incentivar a
expansão de vagas no país.
"Há sempre o risco da variação
cambial se as empresas captam lá
fora. Por isso "cai bem" a opção de
pegar no BNDES agora", diz David Wong, gerente da Booz Allen
& Hamilton.
Na lista dos principais agentes
financeiros (intermediários) do
BNDES em 2003, as montadoras
também aparecem nas primeiras
colocações. Perdem apenas para
grandes bancos privados.
Elas captam dinheiro no
BNDES e repassam aos interessados. Ganham com o "spread". Essa taxa não cai se os juros no mercado -a chamada taxa Selic-
sofre redução. A Selic caiu 1,5
ponto percentual em julho.
"Somos meros repassadores de
recursos. Cobramos um "spread"
menor de grande clientes e maior
dos pequenos", afirma Xavier Accaries, diretor do banco DaimlerChrysler.
O banco pegou mais de R$ 200
milhões de janeiro a junho. Em
todo o ano anterior, o volume foi
de R$ 332,8 milhões. Isso ocorreu
porque há um aumento na venda
de caminhões agora. E os recursos
captados no BNDES -na chamada linha Finame- são para financiar a venda de maquinários
nacionais, caminhões e ônibus.
Com a elevação nas vendas de
caminhões da marca, a empresa
eleva o volume repassado ao mercado. Consequentemente, crescem os recursos em caixa obtidos
com o "spread" bancário.
O banco Volkswagen é o terceiro maior captador no BNDES entre os agentes privados. Perde só
para Bradesco e Unibanco. Captou no BNDES R$ 360 milhões até
junho -superior ao apurado em
2002 inteiro (R$ 247 milhões).
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