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São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2003

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Setor automobilístico obtém mais de R$ 700 mi em recursos do governo, 106% a mais do que em 2002

Ajuda do BNDES a montadoras dobra

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumentou em 106% o volume de recursos que o setor automobilístico pegou do governo, neste ano, para fazer investimentos a juros baixos e prazos longos. É a maior taxa de crescimento entre todos os setores da indústria no período. Foram liberados mais de R$ 700 milhões. Não houve, porém, expansão na mão-de-obra contratada durante o período.
Os bancos de montadoras também estão entre os que mais solicitaram recursos ao governo em 2003 -entre as instituições financeiras. Usaram o dinheiro para financiar a venda de caminhões e ônibus ao mercado. Esses bancos ganharam com o "spread" bancário (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é cobrado do tomador).
Segundo dados informados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), enquanto os desembolsos da entidade ao setor privado caíram 19% no primeiro semestre, para as montadoras o volume mais que dobrou -alta de 106% em relação a 2002.
Nos últimos 12 meses, porém, foram demitidos 2.000 trabalhadores de montadoras. O volume caiu de 94,3 mil para 92,3 mil empregados, informa a Anfavea, entidade que representa a indústria. O BNDES libera recursos tendo como uma das metas incentivar a expansão de vagas no país.
"Há sempre o risco da variação cambial se as empresas captam lá fora. Por isso "cai bem" a opção de pegar no BNDES agora", diz David Wong, gerente da Booz Allen & Hamilton.
Na lista dos principais agentes financeiros (intermediários) do BNDES em 2003, as montadoras também aparecem nas primeiras colocações. Perdem apenas para grandes bancos privados.
Elas captam dinheiro no BNDES e repassam aos interessados. Ganham com o "spread". Essa taxa não cai se os juros no mercado -a chamada taxa Selic- sofre redução. A Selic caiu 1,5 ponto percentual em julho.
"Somos meros repassadores de recursos. Cobramos um "spread" menor de grande clientes e maior dos pequenos", afirma Xavier Accaries, diretor do banco DaimlerChrysler.
O banco pegou mais de R$ 200 milhões de janeiro a junho. Em todo o ano anterior, o volume foi de R$ 332,8 milhões. Isso ocorreu porque há um aumento na venda de caminhões agora. E os recursos captados no BNDES -na chamada linha Finame- são para financiar a venda de maquinários nacionais, caminhões e ônibus.
Com a elevação nas vendas de caminhões da marca, a empresa eleva o volume repassado ao mercado. Consequentemente, crescem os recursos em caixa obtidos com o "spread" bancário.
O banco Volkswagen é o terceiro maior captador no BNDES entre os agentes privados. Perde só para Bradesco e Unibanco. Captou no BNDES R$ 360 milhões até junho -superior ao apurado em 2002 inteiro (R$ 247 milhões).


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