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Para especialistas, segurança é vital na troca de informações
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil está na frente dos
Estados Unidos na comunicação virtual entre o fisco e os
contribuintes. Até Bill Gates,
fundador da Microsoft, já fez
essa afirmação em artigo publicado em seu site há alguns
anos, segundo Everardo Maciel, ex-secretário da Receita
Federal no governo FHC.
"Comparados com o Brasil,
os Estados Unidos podem ser
considerados um país subdesenvolvido no tratamento eletrônico das informações fiscais.
O Bill Gates até recomendou
que a administração fiscal americana se inspirasse no modelo
brasileiro", afirma Everardo.
Para o ex-chefe da Receita, a
implementação do domicílio
eletrônico do contribuinte, como quer a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, é válida desde que asseguradas as
condições adequadas de segurança. "Não vejo problema algum nessa forma de comunicação. Mas a adesão do contribuinte [ao DEC] tem de ser voluntária e tem de haver envio
de informações certificadas digitalmente, com um processo
permanente de segurança para
evitar as fraudes digitais que se
renovam a cada minuto."
No setor bancário, segundo
Everardo, há casos em que instituições financeiras já optam
por modificar as senhas a cada
minuto para impedir a ação de
hackers.
Para Hélcio Honda, diretor
jurídico da Fiesp, um dos pontos mais importantes do projeto que deve criar o domicílio
eletrônico é o que vai permitir
que o contribuinte corrija espontaneamente erros nas informações declaradas ao fisco,
evitando que as empresas recebam autos de infração e multas.
"No Japão, o fisco tem essa filosofia. Quando detecta algum
problema, analisa o que aconteceu e pede a correção. Se o fisco paulista for nessa direção, é
um avanço na relação com o
contribuinte", afirma.
"O impacto dessa mudança
sobre uma nota fiscal eletrônica emitida errada é uma coisa.
Mas imagine o impacto dessa
possibilidade de corrigir espontaneamente uma informação se o contribuinte cometeu
um erro durante cinco anos,
por causa da complexidade da
legislação, e não por má-fé."
O consultor Clóvis Panzarini,
que foi coordenador tributário
da Fazenda paulista por oito
anos, diz que, com o domicílio
eletrônico, o contribuinte será
cada vez mais fiscalizado à distância, o que considera como
um fato "positivo" para o fisco.
"Quanto maior a transparência
nas comunicações feitas entre
os fiscais e o contribuinte, mais
complicadas ficam as "conversas paralelas" [que abrem brecha para a corrupção]".
Para o advogado Paulo Vaz, o
DEC tem de garantir que o histórico da comunicação será
preservado. "É preciso ter o sigilo fiscal garantido para não
expor o contribuinte ao risco de
quebra do sigilo fiscal."
(CR e FF)
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