São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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PREÇOS

Índice de 0,21% é o menor desde março; alimentos e remédios têm queda

Inflação de setembro recua e fica na metade do previsto

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação de setembro em São Paulo foi a metade do que se previa no início do mês e a menor desde março. Tanto as estimativas do mercado como as da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) previam taxa próxima de 0,40%. Os dados definitivos mostram uma evolução de 0,21%. Em agosto, havia atingido 0,99%.
A queda acima do previsto ocorreu porque dois itens -produtos "in natura" e remédios- caíram bem acima do que se estimava. Em ambos os casos, essa queda passa por uma renda fraca dos consumidores.
No caso dos "in natura", a redução de preços é justificada também por uma oferta maior desses produtos, o que permitiu uma desaceleração média de 3,6% em setembro. O tomate, líder de aumentos há algumas semanas, registrou a principal queda (21,2%).
Já os remédios, após os aumentos de junho, começam a mostrar queda generalizada nos preços. Na avaliação de Paulo Picchetti, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, esse recuo é uma resposta às vendas fracas no setor, o que mostra que os consumidores continuam com uma renda de fôlego curto.
Os pesquisadores da Fipe constataram uma queda de 0,32% nos preços médios dos remédios. Dos 14 tipos de medicamentos incluídos na pesquisa da Fipe, apenas 3 tiveram reajuste de preços, 2 ficaram estáveis e os demais caíram.
No caso dos alimentos, as quedas não se restringiram aos "in natura", mas atingiram também os setores de carnes e de leite, produtos que estão na entressafra e que deveriam registrar um comportamento oposto.
Além dessas quedas acima do que se previa, a desaceleração da inflação ocorre porque as tarifas públicas diminuíram a pressão no índice no mês passado.

Volta a subir
Para este mês, a primeira estimativa da Fipe indica uma taxa de 0,4%. Picchetti diz que pelo menos 0,2% já estava garantido mesmo antes de o mês ter começado. São pressões que virão das tarifas de água e esgoto e de telefone. No caso do telefone, o reajuste se deve à atualização das tarifas do ano passado. Elas foram reajustadas pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que teve variação menor, mas deveriam ter sido reajustadas pelo IGP (Índice Geral de Preços).
Neste último trimestre, o ritmo da inflação praticamente vai ser ditado pelos preços livres, diz o economista. Embora a pressão seja pequena, esses itens estão com tendência de alta devido a repasses de custos do atacado.
A grande incógnita para a inflação neste trimestre são os aumentos de combustíveis. Em geral, o governo libera esses aumentos próximo do dia 15 do mês porque o efeito do reajuste é diluído na inflação de dois meses.
Picchetti diz que, se for liberado um aumento de 10% nas bombas, esse setor deverá gerar inflação direta de 0,3%. Se forem considerados os efeitos indiretos sobre outros setores (serviços, produtos industrializados etc.), o aumento será de 0,46%. Ou seja, só os combustíveis gerariam duas taxas de inflação iguais à de setembro.

Dieese
A inflação medida pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos) também recuou em setembro e desacelerou para 0,29% em São Paulo. É a menor variação desde abril, quando o ICV (Índice do Custo de Vida) registrou leve alta de 0,06%. O recuo no índice foi puxado pela alimentação, com deflação de 0,36%.


Colaborou a Folha Online


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