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PREÇOS
Índice de 0,21% é o menor desde março; alimentos e remédios têm queda
Inflação de setembro recua
e fica na metade do previsto
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação de setembro em São
Paulo foi a metade do que se previa no início do mês e a menor
desde março. Tanto as estimativas do mercado como as da Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) previam taxa próxima de 0,40%. Os dados definitivos
mostram uma evolução de 0,21%.
Em agosto, havia atingido 0,99%.
A queda acima do previsto
ocorreu porque dois itens -produtos "in natura" e remédios-
caíram bem acima do que se estimava. Em ambos os casos, essa
queda passa por uma renda fraca
dos consumidores.
No caso dos "in natura", a redução de preços é justificada também por uma oferta maior desses
produtos, o que permitiu uma desaceleração média de 3,6% em setembro. O tomate, líder de aumentos há algumas semanas, registrou a principal queda (21,2%).
Já os remédios, após os aumentos de junho, começam a mostrar
queda generalizada nos preços.
Na avaliação de Paulo Picchetti,
coordenador do Índice de Preços
ao Consumidor da Fipe, esse recuo é uma resposta às vendas fracas no setor, o que mostra que os
consumidores continuam com
uma renda de fôlego curto.
Os pesquisadores da Fipe constataram uma queda de 0,32% nos
preços médios dos remédios. Dos
14 tipos de medicamentos incluídos na pesquisa da Fipe, apenas 3
tiveram reajuste de preços, 2 ficaram estáveis e os demais caíram.
No caso dos alimentos, as quedas não se restringiram aos "in
natura", mas atingiram também
os setores de carnes e de leite, produtos que estão na entressafra e
que deveriam registrar um comportamento oposto.
Além dessas quedas acima do
que se previa, a desaceleração da
inflação ocorre porque as tarifas
públicas diminuíram a pressão no
índice no mês passado.
Volta a subir
Para este mês, a primeira estimativa da Fipe indica uma taxa de
0,4%. Picchetti diz que pelo menos 0,2% já estava garantido mesmo antes de o mês ter começado.
São pressões que virão das tarifas
de água e esgoto e de telefone. No
caso do telefone, o reajuste se deve à atualização das tarifas do ano
passado. Elas foram reajustadas
pelo IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo),
que teve variação menor, mas deveriam ter sido reajustadas pelo
IGP (Índice Geral de Preços).
Neste último trimestre, o ritmo
da inflação praticamente vai ser
ditado pelos preços livres, diz o
economista. Embora a pressão seja pequena, esses itens estão com
tendência de alta devido a repasses de custos do atacado.
A grande incógnita para a inflação neste trimestre são os aumentos de combustíveis. Em geral, o
governo libera esses aumentos
próximo do dia 15 do mês porque
o efeito do reajuste é diluído na
inflação de dois meses.
Picchetti diz que, se for liberado
um aumento de 10% nas bombas,
esse setor deverá gerar inflação
direta de 0,3%. Se forem considerados os efeitos indiretos sobre
outros setores (serviços, produtos
industrializados etc.), o aumento
será de 0,46%. Ou seja, só os combustíveis gerariam duas taxas de
inflação iguais à de setembro.
Dieese
A inflação medida pelo Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio Econômicos) também recuou em setembro e desacelerou para 0,29%
em São Paulo. É a menor variação
desde abril, quando o ICV (Índice
do Custo de Vida) registrou leve
alta de 0,06%. O recuo no índice
foi puxado pela alimentação, com
deflação de 0,36%.
Colaborou a Folha Online
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