São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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ANÁLISE

Queda de preços surpreende analistas de banco

DA REPORTAGEM LOCAL

A desaceleração mais forte dos preços em setembro pegou muita gente de surpresa. Economistas de grandes bancos não esperavam que o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe viesse tão fraco.
O Banco Central acompanha a evolução da inflação para calibrar sua política monetária: sinais de ameaças de pressão nos preços acabam sendo combatidos com aumento de juros.
A preocupação com as expectativas futuras de inflação -especialmente para o próximo ano- levaram o BC a assumir sua atual posição: na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) de setembro, a taxa básica de juros subiu de 16% para 16,25%. E a autoridade monetária avisou que mais altas devem vir.
Os últimos dados apresentados sobre a inflação ainda não são suficientes para que o BC mude sua política, avaliam analistas e economistas consultados.
"O BC está mais focado nas expectativas de inflação futura. Somente se as expectativas para 2005 arrefecerem, poderemos ver o BC mudando de atitude", afirma Maurício Oreng, economista do Unibanco.
Semanalmente, o Banco Central divulga o boletim Focus, realizado a partir de consultas ao mercado. As projeções coletadas pelo Focus são de grande importância na hora de o BC definir o rumo de sua política monetária.
Mas, se os bancos exagerarem muito em suas projeções para a inflação, não influenciarão negativamente o BC na hora de tomar suas decisões?
Taxas de juros mais altas oneram a produção e têm reflexos negativos sobre o crescimento da economia. Além de aumentarem a dívida do próprio governo, em grande parte atrelada à oscilação dos juros.
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco não se espantou com o IPC da Fipe. Mas se surpreendeu com a desaceleração mais acentuada registrada por outro índice, o IPC-S (divulgado pela FGV). Por conta disso, o banco revisou de 0,40% para 0,35% sua projeção para o IPCA de setembro, que será conhecido na sexta-feira.
O IPCA é o índice oficial, utilizado pelo governo para monitorar sua meta de inflação. As decisões de política monetária -especialmente os cortes ou elevações dos juros- são tomadas com o intuito de manter o IPCA o mais próximo possível da meta de inflação de cada ano. Para 2004, a meta é de 5,5%, admitindo-se um desvio de até 2,5 pontos percentuais.
(FABRICIO VIEIRA)


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