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ANÁLISE
Queda de preços surpreende analistas de banco
DA REPORTAGEM LOCAL
A desaceleração mais forte dos preços em setembro
pegou muita gente de surpresa.
Economistas de grandes bancos
não esperavam que o IPC (Índice
de Preços ao Consumidor) da Fipe viesse tão fraco.
O Banco Central acompanha a
evolução da inflação para calibrar
sua política monetária: sinais de
ameaças de pressão nos preços
acabam sendo combatidos com
aumento de juros.
A preocupação com as expectativas futuras de inflação -especialmente para o próximo ano-
levaram o BC a assumir sua atual
posição: na reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária) de
setembro, a taxa básica de juros
subiu de 16% para 16,25%. E a autoridade monetária avisou que
mais altas devem vir.
Os últimos dados apresentados
sobre a inflação ainda não são suficientes para que o BC mude sua
política, avaliam analistas e economistas consultados.
"O BC está mais focado nas expectativas de inflação futura. Somente se as expectativas para
2005 arrefecerem, poderemos ver
o BC mudando de atitude", afirma Maurício Oreng, economista
do Unibanco.
Semanalmente, o Banco Central
divulga o boletim Focus, realizado a partir de consultas ao mercado. As projeções coletadas pelo
Focus são de grande importância
na hora de o BC definir o rumo de
sua política monetária.
Mas, se os bancos exagerarem
muito em suas projeções para a
inflação, não influenciarão negativamente o BC na hora de tomar
suas decisões?
Taxas de juros mais altas oneram a produção e têm reflexos negativos sobre o crescimento da
economia. Além de aumentarem
a dívida do próprio governo, em
grande parte atrelada à oscilação
dos juros.
O Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos do Bradesco
não se espantou com o IPC da Fipe. Mas se surpreendeu com a desaceleração mais acentuada registrada por outro índice, o IPC-S
(divulgado pela FGV). Por conta
disso, o banco revisou de 0,40%
para 0,35% sua projeção para o
IPCA de setembro, que será conhecido na sexta-feira.
O IPCA é o índice oficial, utilizado pelo governo para monitorar
sua meta de inflação. As decisões
de política monetária -especialmente os cortes ou elevações dos
juros- são tomadas com o intuito de manter o IPCA o mais próximo possível da meta de inflação
de cada ano. Para 2004, a meta é
de 5,5%, admitindo-se um desvio
de até 2,5 pontos percentuais.
(FABRICIO VIEIRA)
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