|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ETERNO REGRESSO
Ministro defende acordo em jantar com deputados petistas
Palocci promete campanha melhor
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao explicar ontem a cerca de 60
deputados federais do PT e a dois
do PC do B o acordo com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), o ministro Antonio Palocci
Filho (Fazenda) prometeu que os
candidatos petistas farão "campanha [eleitoral] em outubro do ano
que vem com a economia em condições econômicas mais favoráveis e diferentes das atuais".
Segundo relato dos presentes,
obtido pela Folha, Palocci fez essa
declaração textualmente. E mais:
relacionou sua previsão de melhora da economia a um melhor
desempenho dos candidatos do
PT e de partidos aliados nas eleições municipais de 2004.
Palocci disse que o Orçamento
do ano que vem prevê R$ 7,8 bilhões para investimentos e que o
acordo com o Fundo, por meio de
uma flexibilização do superávit
primário (economia para o pagamento de juros), disponibilizará
mais R$ 2,9 bilhões para gastos
em saneamento. Ele citou o valor
ao relacionar eleição e economia.
O ministro da Fazenda estava
pronto para rebater as reclamações da bancada. Soube que o nível de insatisfação estava alto e resolveu, ao fechar o acordo com o
Fundo, atuar preventivamente.
Até moderados do PT ameaçavam cobrá-lo mais duramente
por resultados concretos na economia real (aumento da renda e
diminuição do desemprego).
Palocci prometeu esses resultados. Disse que ontem saíra índice
confirmando crescimento de
4,2% da indústria paulista em setembro em relação ao mesmo
mês de 2002 e afirmou que a melhora continuará em outubro.
O deputado federal João Alfredo (PT-CE), da ala radical, disse
que era um "horror o Brasil pagar
mais de RS 150 bilhões em juros
da dívida" e que "não havia investimento federal".
"É um horror! Concordo. Mas o
país que recebemos é esse. Não é
outro. Qual a alternativa?", rebateu Palocci.
Palocci disse, também segundo
relatos: "O FMI não faz saúde preventiva, faz UTI. Nós aproveitamos que não estamos em crise e
fizemos um acordo preventivo,
sem cláusulas fiscais extras. Se estivéssemos em crise, teríamos de
acionar todas essas cláusulas".
O deputado federal Chico Alencar (PT-RJ), entre outros, uniu-se
a Alfredo nas críticas. Disse que
hoje a ala à esquerda do partido
lança o manifesto "FMI, acordo
para quê?". Palocci afirmou que
as cobranças estavam sendo feitas
fora de hora porque o governo fez
uma opção de política econômica
no início do ano e que agora,
quando começariam a aparecer
resultados positivos, o PT cogitava voltar a criticá-lo.
O encontro aconteceu na casa
do presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP).
"O clima de animosidade que se
esboçava diminuiu muito. Palocci
foi firme e convenceu a maioria
dos deputados de que a política
econômica está no caminho certo
e vai mostrar resultados", disse o
vice-líder do PT na Câmara, o
moderado Paulo Bernardo (PR).
Texto Anterior: Para Krueger, superávit extra fortalece investimento Próximo Texto: Na África, Lula critica ajuste e nega acordo Índice
|