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São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2003

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ETERNO REGRESSO

Ministro defende acordo em jantar com deputados petistas

Palocci promete campanha melhor

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao explicar ontem a cerca de 60 deputados federais do PT e a dois do PC do B o acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) prometeu que os candidatos petistas farão "campanha [eleitoral] em outubro do ano que vem com a economia em condições econômicas mais favoráveis e diferentes das atuais".
Segundo relato dos presentes, obtido pela Folha, Palocci fez essa declaração textualmente. E mais: relacionou sua previsão de melhora da economia a um melhor desempenho dos candidatos do PT e de partidos aliados nas eleições municipais de 2004.
Palocci disse que o Orçamento do ano que vem prevê R$ 7,8 bilhões para investimentos e que o acordo com o Fundo, por meio de uma flexibilização do superávit primário (economia para o pagamento de juros), disponibilizará mais R$ 2,9 bilhões para gastos em saneamento. Ele citou o valor ao relacionar eleição e economia.
O ministro da Fazenda estava pronto para rebater as reclamações da bancada. Soube que o nível de insatisfação estava alto e resolveu, ao fechar o acordo com o Fundo, atuar preventivamente. Até moderados do PT ameaçavam cobrá-lo mais duramente por resultados concretos na economia real (aumento da renda e diminuição do desemprego).
Palocci prometeu esses resultados. Disse que ontem saíra índice confirmando crescimento de 4,2% da indústria paulista em setembro em relação ao mesmo mês de 2002 e afirmou que a melhora continuará em outubro.
O deputado federal João Alfredo (PT-CE), da ala radical, disse que era um "horror o Brasil pagar mais de RS 150 bilhões em juros da dívida" e que "não havia investimento federal".
"É um horror! Concordo. Mas o país que recebemos é esse. Não é outro. Qual a alternativa?", rebateu Palocci.
Palocci disse, também segundo relatos: "O FMI não faz saúde preventiva, faz UTI. Nós aproveitamos que não estamos em crise e fizemos um acordo preventivo, sem cláusulas fiscais extras. Se estivéssemos em crise, teríamos de acionar todas essas cláusulas".
O deputado federal Chico Alencar (PT-RJ), entre outros, uniu-se a Alfredo nas críticas. Disse que hoje a ala à esquerda do partido lança o manifesto "FMI, acordo para quê?". Palocci afirmou que as cobranças estavam sendo feitas fora de hora porque o governo fez uma opção de política econômica no início do ano e que agora, quando começariam a aparecer resultados positivos, o PT cogitava voltar a criticá-lo.
O encontro aconteceu na casa do presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
"O clima de animosidade que se esboçava diminuiu muito. Palocci foi firme e convenceu a maioria dos deputados de que a política econômica está no caminho certo e vai mostrar resultados", disse o vice-líder do PT na Câmara, o moderado Paulo Bernardo (PR).


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