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Lula quer mais investimento na Bolívia
Apesar de problemas recentes, presidente diz que Petrobras e empresas privadas devem investir para elevar oferta de gás
Lula reconhece escassez de gás, diz que será preciso estabelecer prioridades para fornecimento, mas que os carros terão o produto
HUMBERTO MEDINA
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após os desentendimentos
que culminaram com a suspensão de novos investimentos da
Petrobras na Bolívia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
quer que a estatal brasileira retome os seus investimentos no
país vizinho e seja acompanhada nesse movimento por empresas privadas nacionais. A intenção do presidente é viajar
para a Bolívia no dia 12 de dezembro acompanhado de um
grupo de empresários.
Segundo Lula, os novos investimentos da Petrobras na
Bolívia são necessários para aumentar a oferta de gás no Brasil. "Todos nós sabemos que a
Petrobras tem que fazer investimentos para que a gente possa ter mais garantia de que a
Bolívia terá mais gás para exportar, não apenas para o Brasil, mas para o seu uso interno e
para a Argentina", disse.
Lula reconheceu que o país
sofre escassez de gás e que é necessário estabelecer prioridades para o fornecimento, com
garantia para as usinas termelétricas de geração de energia.
"Obviamente o Brasil vai ter
que priorizar, vai ter que, primeiro, garantir o funcionamento das termelétricas, porque é para produzir energia para a sociedade brasileira. Depois, você tem as indústrias e,
depois, você tem os carros."
Apesar de pôr as termelétricas em primeiro lugar na escala
de prioridades para receber o
gás, Lula disse que os motoristas que já investiram para converter seus carros para rodar
com GNV (Gás Natural Veicular) não correm riscos. "Ninguém colocou tamborzinho de
gás no carro porque quis, houve
incentivo para que fizesse aquilo. Portanto, [para] as pessoas
que já têm [carro a gás] vamos
ter que fornecer e garantir a
tranqüilidade."
Lula listou algumas iniciativas que estão sendo tomadas
para aumentar a importação de
gás, incluindo o gasoduto com a
Venezuela e a importação de
GNL (Gás Natural Liqüefeito).
O GNL é importado por navio
de países como Argélia, Trinidad e Tobago e Qatar e precisa
ser regaseificado. A Petrobras
está investindo em duas plantas de regaseificação -uma no
Rio e outra no Ceará-, obras
incluídas no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Ontem, às 15h, o presidente
Lula ligou para o presidente boliviano, Evo Morales. Segundo
o porta-voz da Presidência,
Marcelo Baumbach, a conversa
durou 15 minutos. O porta-voz
disse que Lula está otimista
com a visita do presidente da
Petrobras, José Sergio Gabrielli, à Bolívia hoje.
Segundo Baumbach, Lula e
Morales deverão aproveitar a
Cúpula Ibero-Americana, em
Santiago, quinta e sexta, para
fazer uma reunião preparatória
do encontro de dezembro.
A Petrobras mantém na Bolívia a exploração de gás nos
campos de San Antonio e San
Alberto, mas tinha refluído de
fazer novos investimentos no
país após Morales decretar a
nacionalização do combustível.
O boliviano, que teve apoio
de Lula para se eleger, denunciou contratos anteriores e retomou as refinarias brasileiras.
No auge da crise, o Exército boliviano chegou a ocupar instalações da Petrobras.
Na semana passada, a Petrobras restringiu o montante de
gás entregue a distribuidoras
do Rio e de São Paulo ao volume previsto em contrato. O objetivo era cumprir um termo de
compromisso com a Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) que obriga a estatal a
priorizar o atendimento a usinas térmicas movidas a gás. A
ação gerou temores de escassez
de energia.
A Petrobras disse ontem que
registrou recorde no domingo
de geração de energia elétrica
para o Sistema Interligado Nacional, com 2.900 MW. O volume é superior ao previsto no
termo de compromisso.
Reunião
Lula realizou, ontem à noite,
reunião com as principais autoridades do setor energético para discutir os problemas de
oferta de gás e energia. O encontro terminou por volta das
23h40. Segundo o Planalto, não
foi uma reunião para tomar decisões, mas para traçar diagnósticos e pensar o médio e o
longo prazo. A avaliação dos
participantes é que não há risco
de abastecimento.
Participaram da reunião os
ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Nelson Hubner (Minas e Energia), além de Gabrielli (Petrobras) Haroldo Lima (ANP), Jerson Kelman (Aneel),
Hermes Chipp (ONS) e Maurício Tolmasquim (EPE).
Colaborou JANAINA LAGE , da Sucursal do Rio
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