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Companhias conseguiram 30% menos recursos no mercado nacional em 2008
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O crítico ano de 2008 se encerrou com uma queda acentuada nas emissões realizadas
pelo setor privado para levantar recursos. Em relação a
2007, as companhias conseguiram 30% a menos em recursos
no mercado de capitais nacional, totalizando R$ 101,85 bilhões -o menor montante desde 2005. As emissões não registravam recuo desde 2003.
A queda drástica no número
de IPOs (oferta inicial de ações)
ilustra bem o que foi 2008: após
64 IPOs realizados em 2007,
apenas quatro se concretizaram no ano recém-encerrado.
Em meio ao agravamento da
crise, especialmente no segundo semestre do ano, o mercado
se fechou tanto no exterior
quanto internamente. Empresas e instituições financeiras
passaram a encontrar menos
investidores interessados em
adquirir títulos, além de as taxas de juros pedidas subirem.
No cenário menos favorável,
quem se destacou foram as notas promissórias. Balanço da
Anbid mostra que o segmento
registrou em 2008 crescimento
de 161,4% em relação ao ano
anterior, na contramão do resto do mercado. As empresas
captaram R$ 25,43 bilhões com
a venda desses títulos, que representam uma dívida que vence em certo prazo. O investidor
que adquire uma nota promissória recebe juros.
"Essa é uma estratégia típica
dos períodos de crise mais aguda", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América
Investimentos. "E não acredito
que o resultado de 2009 seja
muito diferente", diz.
Além de pedirem empréstimos bancários, as empresas
dispõem de outras formas para
captar recursos no mercado de
capitais. Isso pode ser feito por
meio da emissão de títulos, como ações, debêntures e notas,
adquiridos pelos investidores.
Em um mercado em condições normais, as debêntures
são a principal forma de as empresas captarem. O problema é
que as debêntures, que são títulos que também pagam juros
aos investidores, costumam ter
prazos de vencimento mais
longos. E nos momentos de crise, as empresas preferem emitir títulos de curto prazo.
No ano passado, as debêntures captaram R$ 24,05 bilhões,
metade do levantado em 2007.
O afastamento do investidor
estrangeiro da Bolsa foi um dos
pontos que dificultaram a
emissão de ações. Considerando os IPOs e as emissões de
ações de companhias já listadas
na Bolsa, foram captados R$
34,88 bilhões no ano. Em 2007,
a arrecadação foi de mais do
que o dobro: R$ 75,49 bilhões.
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