São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Companhias conseguiram 30% menos recursos no mercado nacional em 2008

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crítico ano de 2008 se encerrou com uma queda acentuada nas emissões realizadas pelo setor privado para levantar recursos. Em relação a 2007, as companhias conseguiram 30% a menos em recursos no mercado de capitais nacional, totalizando R$ 101,85 bilhões -o menor montante desde 2005. As emissões não registravam recuo desde 2003.
A queda drástica no número de IPOs (oferta inicial de ações) ilustra bem o que foi 2008: após 64 IPOs realizados em 2007, apenas quatro se concretizaram no ano recém-encerrado.
Em meio ao agravamento da crise, especialmente no segundo semestre do ano, o mercado se fechou tanto no exterior quanto internamente. Empresas e instituições financeiras passaram a encontrar menos investidores interessados em adquirir títulos, além de as taxas de juros pedidas subirem.
No cenário menos favorável, quem se destacou foram as notas promissórias. Balanço da Anbid mostra que o segmento registrou em 2008 crescimento de 161,4% em relação ao ano anterior, na contramão do resto do mercado. As empresas captaram R$ 25,43 bilhões com a venda desses títulos, que representam uma dívida que vence em certo prazo. O investidor que adquire uma nota promissória recebe juros.
"Essa é uma estratégia típica dos períodos de crise mais aguda", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos. "E não acredito que o resultado de 2009 seja muito diferente", diz.
Além de pedirem empréstimos bancários, as empresas dispõem de outras formas para captar recursos no mercado de capitais. Isso pode ser feito por meio da emissão de títulos, como ações, debêntures e notas, adquiridos pelos investidores.
Em um mercado em condições normais, as debêntures são a principal forma de as empresas captarem. O problema é que as debêntures, que são títulos que também pagam juros aos investidores, costumam ter prazos de vencimento mais longos. E nos momentos de crise, as empresas preferem emitir títulos de curto prazo.
No ano passado, as debêntures captaram R$ 24,05 bilhões, metade do levantado em 2007.
O afastamento do investidor estrangeiro da Bolsa foi um dos pontos que dificultaram a emissão de ações. Considerando os IPOs e as emissões de ações de companhias já listadas na Bolsa, foram captados R$ 34,88 bilhões no ano. Em 2007, a arrecadação foi de mais do que o dobro: R$ 75,49 bilhões.


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