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Bagaço de cana deve crescer 50%
Márcia Ribeiro - 24.jan.07/Folha Imagem
| Operários trabalham com bagaço de cana dentro da usina Santa Elisa, no interior de São Paulo |
Estimuladas pela demanda de energia, usinas devem gerar excedente de 1.500 MW na próxima safra
Governo espera contratar energia de reserva a partir da biomassa por conta de cenário mais "apertado" na geração nos próximos anos
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Enquanto caem a exportação
do álcool e o preço da tonelada
de cana-de-açúcar paga aos
produtores, outro segmento do
setor sucroalcooleiro prevê resultados expressivos na produção neste ano. A energia gerada
do bagaço de cana e vendida pelas usinas para concessionárias
de energia elétrica ou em leilões públicos deve aumentar
50% na próxima safra.
Essa energia, a partir da biomassa, é uma das apostas do governo Lula para evitar nova crise energética no país. No mês
passado, o governo anunciou a
"reedição" do "seguro-apagão",
ou seja, que iria contratar energia de reserva para dar mais segurança à oferta de energia elétrica pelo sistema nacional.
E a expectativa do governo é
que parte dessa energia venha
de termelétricas que produzam
a partir de bagaço de cana.
Segundo a Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar),
as usinas devem produzir potência excedente de 1.500 MW
na safra 2008/09. Na safra passada, foram cerca de 1.000 MW.
Os 1.500 MW equivalem a
cerca de 10% do fornecimento
da hidrelétrica de Itaipu. "É um
resultado altamente positivo.
Que mercado cresce 50% ao
ano? Você vê um produto valorizado e uma demanda que necessita dessa oferta", afirmou o
diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
Outros 3.000 MW a serem
gerados deverão servir para
consumo próprio das usinas.
O total de energia estimado
deve ser produzido por 30 a 40
usinas no país, 70% delas em
São Paulo. A previsão é que o
setor fature R$ 900 milhões.
A Unica prevê que a produção deva quadruplicar em cinco
ou seis anos. O próprio Ministério de Minas e Energia projeta acréscimo de 6.000 MW gerados pelas usinas até 2016.
Mas especialistas questionam o que consideram "otimismo" do setor. Alertam que há
alguns nós na produção, como a
demora para um projeto de geração de energia ficar pronto e
a falta de linhas de transmissão
em áreas menos populosas.
Novo leilão de energia de biomassa está previsto para 30 de
abril. Na negociação, governo e
Unica esperam maior presença
de usinas dispostas a vender o
excedente de energia.
O governo promete facilidades para novos projetos com linhas de financiamento especiais e a entrada das usinas nos
sistemas de transmissão.
"Estamos fazendo planejamento, criando coletores mais
próximos. Sistemas de transmissão não serão problema",
disse Iran de Oliveira Pinto, diretor de planejamento energético do ministério.
O setor, entretanto, reclama
de preços melhores. Hoje, o
mercado paga em média R$ 140
pelo MWh, valor que, segundo
Rodrigues, ainda não compensa o investimento em geração.
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