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Estados testam co-gestão antes de fazer PPPs
DA REPORTAGEM LOCAL
Não há consenso, entre os
Estados que adotaram o sistema de co-gestão em presídios, de que ele seja melhor,
mais eficiente ou econômico
do que a administração pública. Alguns Estados dizem
estar testando o modelo, antes de tomar uma decisão sobre as PPPs (Parcerias Público-Privada).
Na co-gestão, o Estado terceiriza serviços como segurança interna, hotelaria, limpeza e saúde, porém continua indicando diretores, vice-diretores e chefes de segurança dos presídios. Do
portão para fora, a segurança
é de responsabilidade da Polícia Militar.
"O Conselho Nacional de
Política Criminal e Penitenciária não recomenda que se
entregue penitenciárias a
empresas particulares", afirma Maurício Kuehne, diretor-geral do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). "Cuidar do preso é
obrigação do Estado."
As unidades da Federação
que adotaram a co-gestão argumentam que não abandonaram os encarcerados, já
que os diretores e chefes de
segurança fiscalizam e representam o Estado dentro das
penitenciárias.
"Há vantagens e desvantagens nesse sistema", diz
Francisco Leite, superintendente de assuntos penais da
Secretaria da Justiça e Direitos Humanos da Bahia. "Ele
é mais caro do que operar
por conta própria mas, por
contrato, não há superlotação e os presos são mais
bem-cuidados: há médicos,
advogados, uniformes, alimentação e o que prevê a lei."
Outra vantagem, aponta
Leite, é que as empresas são
mais eficientes na gestão do
pessoal. Em caso de corrupção, por exemplo, os funcionários são demitidos. Se fossem funcionários públicos,
haveria processos administrativos demorados, nos
quais os funcionários seriam
simplesmente transferidos
num momento inicial, antes
de passarem pelo longo processo de exoneração.
"Nosso Estado está há 11
anos sem fazer concurso público para agente de segurança", diz ele. "Numa empresa
privada é possível contratar
de um dia para o outro."
Estudo comparativo
Em Santa Catarina, o governo do Estado está fazendo
um estudo comparativo entre o sistema de co-gestão na
penitenciária industrial de
Joinville e a penitenciária de
Criciúma, a ser inaugurada
este ano e que funcionará
sob o poder público. "Não tínhamos como comparar
com penitenciárias antigas
porque elas não são tão eficientes", diz Ronaldo Benedet, secretário de Segurança
Pública de Santa Catarina.
Segundo ele, o custo por
detento dos presídios terceirizados fica por volta de R$
1.600 por mês, enquanto nos
do Estado é de R$ 1.400.
"É caro, mas não há fugas,
rebeliões e a disciplina é
mais rígida", afirma Benedet.
"Tanto que os presos preferem ir para penitenciárias
administradas pelo Estado,
que não têm tantos recursos,
mas têm moeda de troca como cigarros e um sistema
menos severo."
Em Joinville, seis indústrias, entre elas a Tigre, contratam o trabalho dos presos.
Segundo Paulo Bordin, diretor-administrativo da Montesinos, que opera o presídio,
muitos deles saem com carteira assinada depois de
cumprir pena, graças ao treinamento que recebem. "Tivemos, inclusive, presos que
tiraram segundo e terceiro
lugares no Enem [Exame
Nacional do Ensino Médio]",
diz Bordin.
(CRISTIANE BARBIERI)
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