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SEM AVANÇO
Brasileiros esperavam que a vinda do primeiro-ministro tratasse também de embargo, mas visitantes têm outro foco
Russos querem indústria, e não agro no Brasil
DA REDAÇÃO
Quem espera um avanço das relações comerciais entre Brasil e
Rússia no setor agrícola vai se decepcionar. O primeiro-ministro
russo, Mikhail Fradkov, deixou
claro ontem em São Paulo que o
foco das exportações agrícolas e
minerais -dois dos principais
itens na balança dos países- deve mudar para novos projetos de
investimentos, da área espacial à
participação russa em hidrelétricas, termelétricas e no planejado
gasoduto Venezuela-Argentina.
Boris Aleshin, diretor da Agência Federal da Indústria russa,
também foi claro. Os russos não
estão contentes com o déficit com
o Brasil, vindo principalmente de
carnes e açúcar, e querem ampliar
as negociações para produtos em
que eles "são bons", como no setor de gás e de turbinas.
Mesmo questionado sobre as
negociações agrícolas, Aleshin
preferiu enaltecer os acordos de
cooperação que estão sendo feitos
entre Vale do Rio Doce, Camargo
Corrêa e Petrobras.
Ao ouvir do presidente da Abiec
(associação de exportadores de
carnes), Pratini de Moraes, que
não entendia como os russos podiam punir Estados que estavam
distantes de locais de febre aftosa,
Aleshim afirmou que Santa Catarina está prestes a ficar livre do
embargo russo.
Já Ara Abramian, presidente
russo do conselho empresarial
Brasil-Rússia, diz que a liberação
das importações também deve
ocorrer para os demais Estados,
mas sem prazo. Segundo ele, nas
próximas semanas virá um grupo
russo ao Brasil para avaliações.
Ele afirma que o interesse é recíproco na solução desse embargo.
O Brasil precisa vender a carne e a
Rússia importá-la, mas ele destaca que o embargo russo se pauta
com base em um acordo sanitário
entre os dois países.
O embargo russo não é bom para o Brasil, mas Pratini diz que
prefere negociar com os russos
"do que com os que fingem que
respeitam acordos internacionais,
mas colocam taxas abusivas".
Ele cita as diferenças de taxas
para a carne brasileira: 40% no
mercado russo e 176% na Europa.
(MAURO ZAFALON)
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