São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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SEM AVANÇO

Brasileiros esperavam que a vinda do primeiro-ministro tratasse também de embargo, mas visitantes têm outro foco

Russos querem indústria, e não agro no Brasil

DA REDAÇÃO

Quem espera um avanço das relações comerciais entre Brasil e Rússia no setor agrícola vai se decepcionar. O primeiro-ministro russo, Mikhail Fradkov, deixou claro ontem em São Paulo que o foco das exportações agrícolas e minerais -dois dos principais itens na balança dos países- deve mudar para novos projetos de investimentos, da área espacial à participação russa em hidrelétricas, termelétricas e no planejado gasoduto Venezuela-Argentina.
Boris Aleshin, diretor da Agência Federal da Indústria russa, também foi claro. Os russos não estão contentes com o déficit com o Brasil, vindo principalmente de carnes e açúcar, e querem ampliar as negociações para produtos em que eles "são bons", como no setor de gás e de turbinas.
Mesmo questionado sobre as negociações agrícolas, Aleshin preferiu enaltecer os acordos de cooperação que estão sendo feitos entre Vale do Rio Doce, Camargo Corrêa e Petrobras.
Ao ouvir do presidente da Abiec (associação de exportadores de carnes), Pratini de Moraes, que não entendia como os russos podiam punir Estados que estavam distantes de locais de febre aftosa, Aleshim afirmou que Santa Catarina está prestes a ficar livre do embargo russo.
Já Ara Abramian, presidente russo do conselho empresarial Brasil-Rússia, diz que a liberação das importações também deve ocorrer para os demais Estados, mas sem prazo. Segundo ele, nas próximas semanas virá um grupo russo ao Brasil para avaliações.
Ele afirma que o interesse é recíproco na solução desse embargo. O Brasil precisa vender a carne e a Rússia importá-la, mas ele destaca que o embargo russo se pauta com base em um acordo sanitário entre os dois países.
O embargo russo não é bom para o Brasil, mas Pratini diz que prefere negociar com os russos "do que com os que fingem que respeitam acordos internacionais, mas colocam taxas abusivas".
Ele cita as diferenças de taxas para a carne brasileira: 40% no mercado russo e 176% na Europa. (MAURO ZAFALON)


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