São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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Alta do dólar favorece a cotação da Vale

ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As denúncias sobre cobrança de propina na privatização da Vale do Rio Doce não devem ser motivo de preocupação para os trabalhadores que investiram parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em ações da empresa. Pelo contrário: a crise tem um efeito positivo sobre a sua cotação em Bolsa.
De acordo com analistas consultados pela Folha, a possibilidade de o atual governo ou mesmo do próximo de voltar atrás na privatização é quase zero. Além disso, Benjamin Steinbruch, que teria sido alvo do suposto pedido de propina na privatização, desde 2001 não faz mais parte do conselho de administração da empresa.
Para a Vale, a denúncia tem um lado positivo, pois a crise, ao elevar a cotação do dólar, favorece o seu balanço. A Vale é a terceira maior exportadora brasileira. Quanto mais alto estiver o dólar, maior será a sua receita em reais e, consequentemente, o seu lucro.
"Sempre que há incerteza no cenário político, as empresas exportadoras são beneficiadas", explica Mauro Giorgi, analista de investimentos da corretora Novação.
Ontem, enquanto o Ibovespa caiu 1,42%, as cotações das ações das principais exportadoras subiram. Os papéis ON da Vale fecharam em R$ 66,40, com alta de 1,37% no dia, e os PN, em R$ 66,20, com alta de 1,85%.
Segundo dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento, de 27/3, quando foram criados, até 30/4, as cotas dos fundos de privatização FGTS com ações da Vale subiram 18,19%.

Petrobras
Embora seja uma grande exportadora, a Petrobras não tem sido favorecida com a crise e a alta do dólar. Ontem, a cotação do papel PN caiu 1,99% e a do ON, 1,82%. Em 30 dias, a queda foi de, respectivamente, 7,17% e 6,96%.
Além de ser influenciada pelo preço do petróleo no mercado internacional, um dos pontos que difere a Petrobras das demais exportadoras é o fato de ser controlada pelo governo federal.
Isso é o que estaria levando alguns investidores a se desfazer dessa ação. Segunda Vianna, alguns deles, principalmente estrangeiros, temem que, caso um dos candidatos da oposição vença a eleição para presidente da República, a Petrobras possa voltar a ser utilizada para fins políticos no próximo governo.



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