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Recursos privados impulsionam o PAC
Financiamentos com ativos do FGTS, administrados pela CEF, tiveram queda de 14% no primeiro trimestre, para R$ 1,3 bi
Desembolsos do governo
em habitação e saneamento diminuem ou ficam estagnados, enquanto gastos privados aumentam
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pouco mais de três meses depois do lançamento do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), um levantamento da CBIC (Câmara Brasileira
da Indústria da Construção)
mostra a dificuldade da União
em gastar os recursos destinados a áreas prioritárias, como
habitação e saneamento.
Considerado um dos pilares
do PAC pelo potencial de geração de emprego e renda, o setor
de habitação foi impulsionado
nos três primeiros meses deste
ano com desembolsos de recursos privados pelos bancos. Eles
cresceram 21,7% no primeiro
trimestre de 2007, para R$
2,911 bilhões, comparados a R$
2,391 bilhões liberados em
igual período do ano passado.
Esse dinheiro não é público e
seria gasto independente do
PAC, já que está relacionado à
obrigatoriedade de que parte
dos reais captados na caderneta
de poupança seja revertida em
financiamentos habitacionais.
Ainda assim, ele foi incluído
oficialmente na contabilidade
do PAC para engrossar o total
de investimentos previstos.
O programa, lançado em janeiro com pompa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
prevê investimento de R$ 106
bilhões nos próximos quatros
anos no setor de habitação.
Desse total, R$ 55,9 bilhões virão do governo. O resto é dos
poupadores e até dos mutuários, já que a parcela dada como
entrada para obter o financiamento foi somada ao total.
Orçamento
Os projetos que dependem
de recursos públicos -ou privados geridos pela União- tiveram queda nos desembolsos
no primeiro trimestre de 2007.
Foi o que ocorreu nos financiamentos com recursos do FGTS,
administrados pela CEF (Caixa
Econômica Federal), que passaram de R$ 1,536 bilhão nos
três primeiros meses de 2006
para R$ 1,315 bilhão neste ano
-uma queda de 14,4%.
Já os programas que dependem do Orçamento da União,
como o FNHIS (Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social), ficaram praticamente
empacados no trimestre. O
mesmo aconteceu com os desembolsos do governo para a
área de saneamento. As poucas
liberações foram nos projetos
com recursos do FGTS, que
cresceram de R$ 165 milhões
no primeiro trimestre de 2006
para R$ 172 milhões neste ano.
O ministro Márcio Fortes
(Cidades) diz que a grande conquista desses setores no PAC
foi o aporte de recursos substanciais, já que antes o ministério sobrevivia com baixo orçamento. Além disso, os programas dependem de ação conjunta com Estados e municípios, o
que nunca foi feito, afirma.
Vexame
O desempenho dos programas com recursos públicos ou
administrados pela União no
primeiro trimestre do ano é inferior ao registrado de 2005 para 2006. Nesse período, o crescimento do total financiado pelo FGTS foi de 84%, para R$
1,536 bilhão. Já os desembolsos
para saneamento subiram 22%
(de R$ 135 milhões para R$ 165
milhões). "Não adianta o presidente fazer um plano maravilhoso de obras e o negócio não
andar",critica Paulo Safady Simão, presidente da CBIC.
"Em habitação, o que depende do mercado está andando
por causa da melhora no ambiente econômico. Agora, na
área popular, que depende do
governo, é um vexame. Saneamento é pior ainda", completa.
Segundo a assessoria da CEF,
o baixo desembolso do FGTS
no primeiro trimestre se deveu
a mudanças nas diretrizes dos
programas. O governo optou
por destinar valor maior para
imóveis novos, além de limitar
em 30% do orçamento os gastos em áreas metropolitanas.
Os dados do banco mostram
alta nas despesas de habitação
em abril, o que elevou os desembolsos do FGTS no quadrimestre a R$ 2,3 bilhões. O total
é o mesmo verificado nos primeiros quatro meses de 2006,
quando não havia PAC.
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