São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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Países asiáticos criam fundo anticrise

Objetivo de instrumento multilateral é garantir liquidez em momentos de turbulência e evitar desvalorizações de moedas

Atingida por crise há uma década, região decide usar reservas internacionais para criar uma espécie de "Fundo Monetário Asiático"

DA REDAÇÃO

A Ásia deu um importante passo rumo à sua independência financeira no sábado, com a criação de um fundo monetário comum que terá a missão de garantir liquidez em momentos de crise e evitar desvalorizações, como as ocorridas há uma década durante a crise asiática.
A iniciativa envolve os dez países que compõem a Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, na sigla em inglês), mais China, Japão e Coréia do Sul. O fundo será criado com parte das reservas internacionais acumuladas pelos países da região, as maiores do mundo, calculadas em cerca de US$ 3,1 trilhões.
A China tem o maior volume de reservas em moeda estrangeira, com US$ 1,2 trilhão, e estuda maneiras de melhor aplicar os recursos. Em segundo lugar aparece o Japão, com cerca de US$ 850 bilhões.
Ministros das Finanças do chamado Asean+3 reunidos em Kyoto, no Japão, decidiram criar o fundo com o objetivo de evitar a repetição da crise que devastou a região há uma década. Segundo eles, serão realizados estudos para definir a quantidade de reservas que fará parte do mecanismo e quem será responsável pela gestão dos recursos.
A Asean é formada por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã. Os outros três países a aderir ao fundo são China, Japão e Coréia do Sul.

Multilateralismo
Para criar o fundo, os países vão transformar em multilateral uma rede de 16 acordos bilaterais de troca de divisas criada na região há sete anos. No total, esses acordos somavam US$ 79 bilhões no fim de março.
Dentro dos acordos bilaterais, um país que tenha problemas de liquidez pode emprestar reservas de seus parceiros da rede para enfrentar pressões decorrentes de vendas da sua moeda, sem ser obrigado a realizar desvalorizações custosas, como as de 1997.
A idéia é transformar os acordos bilaterais em um instrumento multilateral, que alguns analistas já chamam de "Fundo Monetário Asiático".
Com ele, os países teriam socorro para enfrentar eventuais ataques especulativos contra suas moedas e evitar a repetição da crise asiática, quando houve um efeito dominó de desvalorizações na região, com efeitos nefastos sobre o crescimento do PIB.

Origem do acordo
A rede de acordos bilaterais foi criada em 1999, em reunião na Tailândia, e é chamada de CMI (Iniciativa Chiang Mai, na sigla em inglês). Ela surgiu na esteira da crise que assolou a região em 1997.
Colocar as reservas em um único fundo tornará o processo de empréstimo mais fácil e rápido para os eventuais beneficiários, desde que eles cumpram os pré-requisitos que serão estabelecidos.
O volume de reservas internacionais nos países da Ásia mais que dobrou desde a crise financeira de uma década atrás. Hoje, a região controla dois terços das reservas do planeta.
A enorme quantidade de recursos está se transformando em um problema para a China, que criou uma agência que usará parte das reservas para aquisição de ativos no exterior.
Alguns países do Asean+3 com mercados financeiros menos desenvolvidos, como Vietnã, Camboja e Laos, não participam dos acordos bilaterais no âmbito da CMI. Ainda será definido se eles farão parte do fundo multilateral anticrise.


Com agências internacionais


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