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Países asiáticos criam fundo anticrise
Objetivo de instrumento multilateral é garantir liquidez em momentos de turbulência e evitar desvalorizações de moedas
Atingida por crise há uma década, região decide usar reservas internacionais
para criar uma espécie de
"Fundo Monetário Asiático"
DA REDAÇÃO
A Ásia deu um importante
passo rumo à sua independência financeira no sábado, com a
criação de um fundo monetário
comum que terá a missão de garantir liquidez em momentos
de crise e evitar desvalorizações, como as ocorridas há uma
década durante a crise asiática.
A iniciativa envolve os dez
países que compõem a Asean
(Associação das Nações do Sudeste Asiático, na sigla em inglês), mais China, Japão e Coréia do Sul. O fundo será criado
com parte das reservas internacionais acumuladas pelos países da região, as maiores do
mundo, calculadas em cerca de
US$ 3,1 trilhões.
A China tem o maior volume
de reservas em moeda estrangeira, com US$ 1,2 trilhão, e estuda maneiras de melhor aplicar os recursos. Em segundo lugar aparece o Japão, com cerca
de US$ 850 bilhões.
Ministros das Finanças do
chamado Asean+3 reunidos em
Kyoto, no Japão, decidiram
criar o fundo com o objetivo de
evitar a repetição da crise que
devastou a região há uma década. Segundo eles, serão realizados estudos para definir a
quantidade de reservas que fará parte do mecanismo e quem
será responsável pela gestão
dos recursos.
A Asean é formada por Brunei, Camboja, Indonésia, Laos,
Malásia, Mianmar, Filipinas,
Cingapura, Tailândia e Vietnã.
Os outros três países a aderir ao
fundo são China, Japão e Coréia do Sul.
Multilateralismo
Para criar o fundo, os países
vão transformar em multilateral uma rede de 16 acordos bilaterais de troca de divisas criada
na região há sete anos. No total,
esses acordos somavam US$ 79
bilhões no fim de março.
Dentro dos acordos bilaterais, um país que tenha problemas de liquidez pode emprestar reservas de seus parceiros
da rede para enfrentar pressões
decorrentes de vendas da sua
moeda, sem ser obrigado a realizar desvalorizações custosas,
como as de 1997.
A idéia é transformar os acordos bilaterais em um instrumento multilateral, que alguns
analistas já chamam de "Fundo
Monetário Asiático".
Com ele, os países teriam socorro para enfrentar eventuais
ataques especulativos contra
suas moedas e evitar a repetição da crise asiática, quando
houve um efeito dominó de
desvalorizações na região, com
efeitos nefastos sobre o crescimento do PIB.
Origem do acordo
A rede de acordos bilaterais
foi criada em 1999, em reunião
na Tailândia, e é chamada de
CMI (Iniciativa Chiang Mai, na
sigla em inglês). Ela surgiu na
esteira da crise que assolou a
região em 1997.
Colocar as reservas em um
único fundo tornará o processo
de empréstimo mais fácil e rápido para os eventuais beneficiários, desde que eles cumpram os pré-requisitos que serão estabelecidos.
O volume de reservas internacionais nos países da Ásia
mais que dobrou desde a crise
financeira de uma década atrás.
Hoje, a região controla dois terços das reservas do planeta.
A enorme quantidade de recursos está se transformando
em um problema para a China,
que criou uma agência que usará parte das reservas para aquisição de ativos no exterior.
Alguns países do Asean+3
com mercados financeiros menos desenvolvidos, como Vietnã, Camboja e Laos, não participam dos acordos bilaterais no
âmbito da CMI. Ainda será definido se eles farão parte do
fundo multilateral anticrise.
Com agências internacionais
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