São Paulo, terça-feira, 07 de julho de 2009

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Produção de veículos tem alta de 8,4% em junho

Recorde de vendas estimula a indústria, mas produção ainda é inferior à de 2008

Desafio maior agora é a retomada das exportações, que caíram cerca de 48% em unidades e em valor no acumulado do ano

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Com as vendas de veículos aquecidas pela iminência do fim da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em junho -depois prorrogada para durar até o fim do ano-, as montadoras produziram no mês passado 8,4% mais do que em maio, mas ainda 8,2% menos do que em junho do ano passado.
No primeiro semestre, apesar da recuperação das vendas no mercado interno, com a volta dos recordes, a produção teve diminuição de 13,6%, de acordo com a Anfavea (associação das montadoras).
A retração se deve às exportações, que seguem com queda acentuada. No acumulado do ano, a redução chegou a 47,8% em unidades e 48,1% em valor. "Esse continua sendo o grande desafio da indústria automotiva", afirmou o presidente da entidade, Jackson Schneider.
A antecipação de compras fez de junho o melhor mês da história em vendas, e o acumulado do ano, o melhor semestre. Com esse dados e a elevação gradual da alíquota do IPI até dezembro, anunciada na semana passada pelo governo federal, a Anfavea reviu as projeções para 2009.
A projeção de queda de 3,9% nos emplacamentos ante 2008 passou para crescimento de 6,4%, e a redução de 11,1% na produção foi revista para 5,2%. O cenário para o mercado externo, no entanto, ficou mais pessimista, com a previsão de queda nas exportações saindo de 32% para 40%.
Para o consultor André Beer, "a grande incógnita é saber o comportamento dos consumidores no último trimestre do ano", já que a elevação do tributo começa a partir de outubro. No entanto, admite o ex-presidente da Anfavea, ainda há demanda reprimida para manter o mercado aquecido.
Com o aumento de 19,5% nas importações de veículos no primeiro semestre, os importados responderam por 14,4% dos licenciamentos no período, ante média de 13,3% em 2008. Para Schneider, no entanto, o índice não preocupa -ele lembrou que, com exceção de janeiro, a participação tem se mantido estável. Em junho, ficou em 13,4%. Além disso, Schneider ressaltou que "a maior parte das importações vem de países com os quais o Brasil tem acordos comerciais".
Segundo os números da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros mensal no setor de veículos baixou de 1,59% em abril para 1,55% em maio -o dado mais recente. Em dezembro de 2007, por exemplo, a taxa era de 1,49%. Para Luiz Montenegro, presidente da entidade, há espaço para redução para um índice inferior a 1%.
Já a inadimplência acima de 90 dias foi de 5,2% para 5,4% sobre a carteira de financiamento de veículos por meio do CDC (Crédito Direto ao Consumidor) nesse mesmo período. "Não é preocupante ainda, mas já está sendo mais bem administrada", disse, referindo-se à maior rigidez na concessão do crédito desde o agravamento da crise. "São cada vez mais escassos os financiamentos com zero de entrada, por exemplo."
O prazo máximo de financiamento continuou em 60 meses em maio, com casos pontuais além disso, segundo Montenegro. "O consumidor evita prazos longos", disse, recordando que, em 2007, quando esse teto chegava a 84 meses, a média de financiamentos ficava em torno de 40 meses, como acontece agora. O saldo total da carteira de leasing cresceu 52,1% no confronto de maio com igual mês do ano passado. Já a de CDC caiu 3,1% nesse mesmo comparativo.


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