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"Tudo na China é barato", afirma empresário do setor
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aos 36 anos, o empresário
Aparecido de Oliveira Cruz,
que começou a trabalhar aos 12
anos carregando mercadoria de
clientes nas feiras de São Paulo,
nunca tinha viajado para fora
do país. O ano era 1999, e o primeiro destino escolhido foi a
China. Depois de largar a feira,
pular do ramo de fabricação de
moldes de injeção para bijuterias e ter uma loja na rua de
compras 25 de Março, ele já se
dedicava há três anos à importação de produtos populares.
"Foi uma loucura. Não falo a
língua deles, passei fome, não
gostei da comida e estranhei tudo", lembra. Ainda assim, ficou
20 dias por lá e, com a ajuda de
uma intérprete que o acompanha até hoje nas viagens, voltou
cheio de brinquedos, utensílios
domésticos e objetos de decoração para revender no Brasil.
Atualmente, aos 43 anos, separado e pai de três filhos, Aparecido é um dos 28 empresários
que dão fôlego à Associação
Brasileira de Importadores de
Produtos Populares (Abipp),
criada há pouco mais de um
ano.
Apesar de afirmar que seu
negócio é "de alto risco", por
causa da oscilação da taxa de
câmbio que pode encarecer
suas compras de uma hora para
outra, Cruz aposta que não há
muito espaço para o real se desvalorizar muito frente ao dólar
no curto prazo.
Foi com essa certeza que ele
passou 45 dias na China há dois
meses escolhendo mercadorias
que serão distribuídas nas cerca de 10 mil lojas no país que
são suas clientes. O investimento foi alto: US$ 250 mil. Os
produtos virão aos poucos para
o Brasil ao longo dos próximos
6 meses.
O foco é o Dia das Crianças e
o Natal. Até o final do ano, ele
voltará para novas compras na
China. "Já estou pensando no
Dia das Mães do ano que vem.
Nesse ramo, temos que nos
programar com muita antecedência", explica. As viagens à
China, no mínimo duas por
ano, custam cerca de 0,3% do
faturamento e compensam
porque "tudo lá é barato".
Com a valorização do real, o
negócio ganhou impulso maior.
"A situação nos Estados Unidos
nos deixa um pouco com o pé
atrás. Não vejo o Brasil com essa melhora toda que falam. Ainda somos vulneráveis. Mas não
sofro por antecipação. Não vejo
uma reversão no quadro no
curto prazo", diz. Ao contrário,
ele aproveita a valorização do
real para investir em produtos
mais caros e de mais qualidade.
"Se o dólar disparar, paro de
trazer alguns itens. Em vez de
um relógio de dez polegadas,
trago o de sete. Em vez da bailarina de 15 centímetros, trago
uma de dez", argumenta o empresário que compra produtos
com valores a partir de R$ 0,50
e se diz conservador nesse ramo. "Por isso não investi na Copa do Mundo. Não vendo de
quatro em quatro anos", diz.
Para Cruz, depois do "boom"
iniciado entre os anos de 1995 e
1996, o segmento de produtos
populares mudou para um patamar de melhor qualidade.
Com isso, defende, o crescimento do faturamento anual
do setor vem se dando por conta não só do aumento da quantidade mas também da qualidade dos produtos.
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