São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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"Tudo na China é barato", afirma empresário do setor

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aos 36 anos, o empresário Aparecido de Oliveira Cruz, que começou a trabalhar aos 12 anos carregando mercadoria de clientes nas feiras de São Paulo, nunca tinha viajado para fora do país. O ano era 1999, e o primeiro destino escolhido foi a China. Depois de largar a feira, pular do ramo de fabricação de moldes de injeção para bijuterias e ter uma loja na rua de compras 25 de Março, ele já se dedicava há três anos à importação de produtos populares.
"Foi uma loucura. Não falo a língua deles, passei fome, não gostei da comida e estranhei tudo", lembra. Ainda assim, ficou 20 dias por lá e, com a ajuda de uma intérprete que o acompanha até hoje nas viagens, voltou cheio de brinquedos, utensílios domésticos e objetos de decoração para revender no Brasil.
Atualmente, aos 43 anos, separado e pai de três filhos, Aparecido é um dos 28 empresários que dão fôlego à Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares (Abipp), criada há pouco mais de um ano.
Apesar de afirmar que seu negócio é "de alto risco", por causa da oscilação da taxa de câmbio que pode encarecer suas compras de uma hora para outra, Cruz aposta que não há muito espaço para o real se desvalorizar muito frente ao dólar no curto prazo.
Foi com essa certeza que ele passou 45 dias na China há dois meses escolhendo mercadorias que serão distribuídas nas cerca de 10 mil lojas no país que são suas clientes. O investimento foi alto: US$ 250 mil. Os produtos virão aos poucos para o Brasil ao longo dos próximos 6 meses.
O foco é o Dia das Crianças e o Natal. Até o final do ano, ele voltará para novas compras na China. "Já estou pensando no Dia das Mães do ano que vem. Nesse ramo, temos que nos programar com muita antecedência", explica. As viagens à China, no mínimo duas por ano, custam cerca de 0,3% do faturamento e compensam porque "tudo lá é barato".
Com a valorização do real, o negócio ganhou impulso maior. "A situação nos Estados Unidos nos deixa um pouco com o pé atrás. Não vejo o Brasil com essa melhora toda que falam. Ainda somos vulneráveis. Mas não sofro por antecipação. Não vejo uma reversão no quadro no curto prazo", diz. Ao contrário, ele aproveita a valorização do real para investir em produtos mais caros e de mais qualidade.
"Se o dólar disparar, paro de trazer alguns itens. Em vez de um relógio de dez polegadas, trago o de sete. Em vez da bailarina de 15 centímetros, trago uma de dez", argumenta o empresário que compra produtos com valores a partir de R$ 0,50 e se diz conservador nesse ramo. "Por isso não investi na Copa do Mundo. Não vendo de quatro em quatro anos", diz.
Para Cruz, depois do "boom" iniciado entre os anos de 1995 e 1996, o segmento de produtos populares mudou para um patamar de melhor qualidade. Com isso, defende, o crescimento do faturamento anual do setor vem se dando por conta não só do aumento da quantidade mas também da qualidade dos produtos.


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