São Paulo, sábado, 07 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENERGIA

Cotação passou de US$ 30 em NY após ataque aéreo ao Iraque, mas depois recuou com estimativa de demanda menor

Petróleo dispara com ameaça de guerra

Damir Sagolj/Reuters
Trabalhador em refinaria iraquiana, nos arredores de Bagdá


DA REDAÇÃO

O ataque aéreo dos EUA e do Reino Unido contra posições militares do Iraque provocou uma nova disparada do petróleo nos mercados internacionais. A cotação do barril chegou a passar de US$ 30 em Nova York.
Ainda assim, os mercados globais foram surpreendidos pela boa notícia de que o desemprego norte-americano caiu para o menor nível desde março. Os investidores, que esperavam um resultado pior, reagiram comprando ações, e as principais Bolsas do planeta fecharam em alta ontem.
Na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo para entrega em outubro subiu 2,2% e encerrou a semana cotado a US$ 29,61. Durante o pregão, o barril chegou a ser vendido a US$ 30,19, o maior valor desde 20 de agosto -quando o barril atingira a maior cotação desde janeiro de 2000.
Desde o começo do ano, as cotações já subiram mais de 30%. A instabilidade no mercado do produto começou em março, com o acirramento da tensão entre palestinos e israelenses no Oriente Médio. Depois ocorreu a tentativa de deposição do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Agora existe a ameaça latente de uma nova guerra no golfo Pérsico.
Em Londres, na Bolsa Internacional do Petróleo, o barril ganhou 2,3% e fechou em US$ 28,29. Durante o dia, o óleo chegou a ter o mais preço para aquele mercado nos últimos 11 meses.
"Houve várias forças convergindo, e elas são esmagadoras", afirmou Phil Flynn, analista da Alaron Research, em Chicago. "Não apenas o fornecimento está minguando enquanto a demanda por refinados cresce como há uma perspectiva real de guerra no curto prazo."
A Opep (Organização dos Países Exportadores do Petróleo) se reunirá daqui a duas semanas, em Osaka (Japão), para discutir uma possível elevação na produção dos membros do cartel, cujos níveis atuais são os menores desde 1991. As últimas declarações de executivos da organização apontam para a manutenção das cotas.
Agravam a instabilidade nas Bolsas de petróleo as dúvidas sobre qual será a posição da Opep no caso de o presidente dos EUA, George W. Bush, lançar uma ofensiva para destituir Saddam Hussein do poder no Iraque.
A Arábia Saudita e outros produtores árabes afirmam que não haveria risco de interrupção no fornecimento. Mas o venezuelano Álvaro Calderón, secretário-geral do cartel, afirmou anteontem, no Rio, que "ninguém pode garantir" que a turbulência não contagiará outros países da região, em caso de guerra.

Demanda revista
As cotações do óleo só foram contidas ontem depois que um relatório da EIA (Energy Information Administration), órgão do Departamento de Energia dos EUA, estimou que a demanda no segundo semestre deverá ficar abaixo do previsto.
Segundo a EIA, no terceiro trimestre o país consumirá em média 19,78 milhões de barris ao dia. No último trimestre, com o aumento do consumo por causa do inverno, o gasto deverá ficar em 19,95 milhões de barris por dia.

Com agências internacionais

Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Opinião Econômica - Gesner Oliveira: Economia pirata
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.