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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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Dois filões conseguem crescer na crise

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois filões da hotelaria não têm do que reclamar: o "crème de la crème" e o econômico.
Instalado há pouco mais de dois anos na rua Oscar Freire, o Emiliano informa que a sua taxa de ocupação é da ordem de 75%.
"Estamos em um outro segmento da hotelaria", afirma Carlos Alberto Fernandes Filgueiras, diretor do hotel. E estão mesmo. Para passar uma noite no Emiliano, o casal paga R$ 1.555. E mais: o café da manhã não está incluído.
Por esse preço, o hotel oferece até um mordomo para desarrumar e arrumar as malas dos hóspedes, quarto de 84 metros quadrados, aparelhos de TV espalhados por todos os lados -até no banheiro-, além de assento sanitário aquecido. O quarto dispõe de dez toalhas de banho, seis de rosto e quatro de mão.
"O nosso hotel não tem similar no país. Neste final de semana, por exemplo, estamos com taxa de ocupação de 100%", afirma. O Emiliano possui 57 quartos.
De olho nesse público mais seleto, Rogério Fasano, proprietário do restaurante Fasano, abre amanhã as portas do seu hotel em São Paulo. Situado nos Jardins, o empreendimento, que tem como sócio o empresário João Paulo Diniz, herdeiro do grupo Pão de Açúcar, consumiu R$ 50 milhões.
Desse total, R$ 20 milhões vieram do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Anexo ao hotel, o restaurante Fasano reabre suas portas, depois de funcionar 15 anos na rua Haddock Lobo.
Com 23 andares, os três últimos ocupados por spa, sala de ginástica e uma piscina, o hotel deve cobrar diárias entre US$ 280 e US$ 800 em seus 64 apartamentos.
O Unique, com 95 apartamentos e dez suítes, abriu as portas nos Jardins há nove meses e mantém taxa de ocupação de 40%. Com diárias entre R$ 825 e R$ 6.500, os apartamentos têm vista para o parque Ibirapuera ou para ruas arborizadas do bairro.
"Francamente, acho uma má aposta abrir hotéis de superluxo. Mostrar status está fora de moda, além de não ser politicamente correto. Acho que esse é mais um modismo, que, como todos os outros, vem e acaba", diz Rui Manuel Oliveira, vice-presidente para a América do Sul do grupo espanhol Sol Meliá.
Quem tem o orçamento longe dos padrões "top dos tops" também encontra espaço para se hospedar em São Paulo. Aberto há mais de um ano, o primeiro hotel Formule 1, que pertence ao grupo Accor e funciona no bairro Paraíso, está com taxa de ocupação de 96%. Por R$ 59, é possível se hospedar lá. E, por mais R$ 3, tomar o café da manhã.
"Se uma pessoa quer um hotel quatro ou cinco estrelas, há muitas possibilidades. Dos 22 mil quartos existentes, cerca de 90% estão nessas duas faixas. Mas, em categorias econômicas, ainda não há tantas opções. Por isso estamos ampliando nossos investimentos nessa categoria", diz Roland de Bonadona, do grupo Accor.
Neste ano, mais um Formule 1 deve abrir suas portas na Consolação. Até 2005, outros seis empreendimentos da rede devem ser inaugurados. Dos 67 projetos previstos até 2006 -com investimentos no total de R$ 800 milhões-, metade é das categorias mais econômicas.
Com diárias abaixo de R$ 100, a rede Ibis reúne 20 empreendimentos no Brasil. "A taxa de ocupação média está em torno de 70%. Esse resultado se mantém porque o conceito é o de um hotel completo por um preço justo", diz Bonadona. Nesses apartamentos, há uma mesa de trabalho, TV por assinatura, além de tomada para notebook. (FF e CR)


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