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Crédito mais escasso tira força do varejo neste Natal
Associação reduz previsão de crescimento de vendas
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O crédito mais escasso e mais
caro, como reflexo da crise financeira internacional, deve
reduzir o fôlego financeiro do
consumidor neste final de ano e
atingir as vendas para o Natal.
"A crise começa a ter impacto
no bolso do consumidor já neste mês. Com prazos mais curtos
e juros maiores para obter financiamento, o consumidor
tem de desembolsar mais para
comprar a crédito ou simplesmente parar de comprar. Não
há dúvida de que as vendas para
o Natal serão afetadas", afirma
Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac, associação dos
executivos de finanças, administração e contabilidade.
Na compra de um produto no
valor de R$ 1.500, o consumidor pagava, no mês passado,
uma prestação de R$ 105,42,
considerando um prazo de financiamento de 36 meses oferecido no mercado e uma taxa
de juros de 6,17% ao mês (taxa
média de juros em setembro).
Nesse caso, o consumidor teria
ter ter uma renda mínima de
R$ 421,68 para poder comprometer, com a prestação, no máximo 25% de sua renda.
Neste mês, considerando que
a taxa de juros média subiu para 6,23% ao mês e que os prazos
vão até 24 meses, o valor da
prestação para aquisição de um
produto de R$ 1.500 subiria para R$ 122,07 e, para obter esse
financiamento, precisaria ter
renda mínima de R$ 488,28.
"Vale lembrar que a maioria
das lojas parcela a compra hoje
em até 12 meses. Nesse caso, a
prestação seria de R$ 181,18 ao
mês e a renda mínima necessária para obter esse financiamento seria de R$ 724,72. Isto
é, pessoas com renda menor ficarão excluídas do crediário." A
Anefac refez a previsão de vendas para o Natal. A expectativa
agora é de crescimento de 5%
ante 2007. A previsão anterior
era de alta entre 6% e 10%.
A Eletros, associação dos fabricantes de produtos eletroeletrônicos, também prevê um
Natal mais fraco. "Os empresários estão preocupados e é bem
possível que em 2009 terá de
haver reprogramação de compras e produção. Neste ano não
acontece nada porque já está
tudo comprado e programado",
afirma Lourival Kiçula, presidente da Eletros.
Revisão
A Eletros chegou a prever aumento de 15% nas vendas neste
ano na comparação com o ano
passado. Reviu esse número
para 12% e agora está com números que variam de 8% a 10%.
"Muitas indústrias já tentam
repassar o mínimo possível o
aumento de custos, devido à alta do dólar, para tentar manter
o consumo", diz Kiçula.
Segundo Cassiana Fernandes, economista da Mauá Consultoria, as férias coletivas
anunciadas por algumas montadoras chamaram a atenção,
pois o setor automobilístico
"foi o motor da atividade econômica nos últimos 12 meses".
Para ela, as vendas para este
Natal serão mais fracas por
causa da menor disponibilidade de crédito. "Juros mais altos
também tiram poder de compra do consumidor, mesmo que
o emprego esteja garantido. Vamos sentir já esse efeito neste
final de ano e com maior intensidade no ano que vem", diz.
Fábio Silveira, diretor da RC
Consultores, afirma que as
compras a prazo estão menos
atraentes por conta do aumento do valor das prestações. "O
otimismo que havia em relação
ao Natal deste ano vai ser arrefecido e o impacto maior será
no ano que vem", diz.
Os economistas estão refazendo as projeções de crescimento da economia brasileira
para 2009 por conta do agravamento da crise internacional.
A expectativa da Mauá para o
PIB (Produto Interno Bruto)
foi revista de 3,5% para 3%.
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