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São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2003

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CRESCIMENTO

Em reunião com Dirceu e Palocci, setor privado diz que câmbio atual tira competitividade de produtos nacionais

Empresário pede dólar a R$ 3 para exportar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um grupo de 12 empresários de grande porte cobrou ontem do governo a desvalorização do real frente ao dólar. "Deixamos bem claro que havia uma necessidade de aumentar [o câmbio]. Tem gente que falou em R$ 3,5. Isso é um absurdo, mas se chegar em torno R$ 3 seria bem razoável", disse Antônio Ermírio de Moraes, presidente do conselho do Grupo Votorantim, ao sair de reunião com representantes do governo.
O empresário Pedro Piva, da Kablin, disse que há companhias exportando sem lucro devido à alta do real. Quando o real se valoriza em relação ao dólar, ou os produtos brasileiros ficam mais caros no exterior ou o empresário precisa reduzir sua margem de lucro para poder exportar.
Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) realizaram a segunda reunião do alto escalão do governo com os principais executivos de importantes conglomerados industriais.
Na reunião de cerca de duas horas no Palácio do Planalto, Dirceu e Palocci pediram mais uma vez para os empresários acreditarem no Brasil e investirem.

Investimento
O principal objetivo dos ministros, segundo um dos assessores de Palocci, é mostrar para os empresários que o governo cumpre seu papel de estabilizar a economia. Como contrapartida, o governo quer agora mais investimentos privados.
Segundo o empresário Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, da Ipiranga Petroquímica, o governo queria sugestões para criar um ambiente mais propício aos investimentos no país.
Antônio Ermírio afirmou que o governo não assumiu nenhum tipo de compromisso com o grupo. O presidente da Votorantim disse que o aumento da produção depende mais dos empresários do que da ajuda do governo.
Os dois ministros ouviram dos empresários que um câmbio mais estável e mais favorável às exportações e a redução contínua dos juros são condições necessárias para uma retomada mais consistente do investimento.
Antônio Ermírio e Piva descartaram intervenções para controlar o valor do câmbio. O presidente da Votorantim, no entanto, afirmou que "o governo tem todas as forças na mão para fazer o câmbio subir ou baixar".
Os empresários também se queixaram das exigências ambientais para abertura de indústrias e construção de obras.


Participaram do encontro os seguintes empresários: Luís Cutrale (Sucocítricos Cutrale Ltda), Josué Christiano Gomes da Silva (Coteminas), Benjamin Steinbruch (CSN), Pedro Franco Piva (Klabin), Júlio Cardoso (Seara alimentos), Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez), Pedro Enrique Fábrega (Xerox do Brasil), Rolf Dieter Acker (Basf), José Carlos Grubisich (Braskem), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira (Ipiranga Petroquímica) e Antônio Ermírio de Moraes (Votorantim).


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