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AMAZÔNIA
Investidores chegam a desistir de ações por problemas de regulação e depois de projetos de manejo cancelados
Estrangeiro espera estabilidade fundiária
DO ENVIADO AO PARÁ
O caos fundiário e burocrático
do setor florestal na maior selva
tropical do mundo também espanta investimentos estrangeiros.
Se é verdade, por um lado, que algumas das empresas certificadas
pelo FSC da Amazônia são de capital internacional, por outro, a
floresta brasileira ainda é vista
mais como risco econômico do
que como oportunidade.
Essa limitação ao capital estrangeiro tem duas faces: por um lado,
investimentos estrangeiros diretos em países com instituições de
controle frágeis como o Brasil podem acarretar o que os economistas ambientais Carlos Young e
Victor Prochnik, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, chamam de uma "corrida ao fundo
do poço" -uma superexploração acelerada dos recursos naturais, como aconteceu nas florestas
da Malásia e da Indonésia.
Por outro, ressaltam Young e
Prochnik no livro "Exportando
sem Crises" (IIED, 2004), os investimentos estrangeiros diretos
feitos no setor florestal amazônico até agora têm sido associados a
boas práticas ambientais. Um
exemplo é a Gethal Amazonas,
em Itacoatiara (AM), madeireira
certificada pelo FSC que foi comprada pelo grupo de investimentos norte-americano GMO.
O GMO, assim como vários outros grupos, esteve em negociações para criar um fundo florestal
no Brasil. A atividade, que hoje está no pico nos EUA e na Austrália,
consiste em comprar florestas,
manejá-las por um tempo e vendê-las de acordo com o crescimento de espécies comerciais.
A idéia não vingou na Amazônia por duas razões: a taxa de juros alta e a indisponibilidade de
terras. "É impossível comprar
uma área grande na Amazônia
sem estar sendo lesado", diz Carlos Guerreiro, gerente florestal da
Gethal. "A concessão ajuda porque freia a ilegalidade."
Guerreiro diz que não consegue
sondar a quantidade de capital
disponível para esse tipo de investimento no Brasil. "Mas o [grupo
de investimento americano] Harvard Forest tem US$ 500 milhões
para investir e não acha onde."
O presidente da Uniflor, Wagner Kronbauer, diz ter sido contatado por uma empresa da Holanda e uma da França dispostas a
bancar a certificação de madeireiras brasileiras a fim de ter um fornecimento seguro de madeira
com selo do FSC. Elas desistiram,
porque "não conseguem entender" a política brasileira.
"Não foi uma nem duas vezes
que pessoas que forneciam para
elas tiveram projetos de manejo
cancelados", afirma.
Frank Creti, diretor-geral da Eldorado, exportadora de madeira
do Pará pertencente ao grupo
francês Lapèyre, diz que perdeu
de 30% a 40% de seu fornecimento de matéria-prima depois que o
Ibama suspendeu os planos de
manejo, em 2003.
Ele afirma que não pode garantir a origem da madeira não-certificada que a empresa compra
-77% do total. "Não há traçabilidade possível. Nossos fornecedores compram toras de desmatamento." A vantagem das concessões? O francês põe o indicador na
testa. "É estar tranqüilo."
(CA)
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