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TELEFONIA
Nova empresa terá ligação ao exterior por R$ 0,17; analista vê preço insustentável
Operadora entra no Sudeste com tarifa até 70% menor
MARCELO PINHO
DA REDAÇÃO
O mercado de telefonia de longa
distância na Grande São Paulo,
em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro tem, a partir de hoje, mais
uma competidora. A GVT, empresa nacional de capital estrangeiro, terá preços, em média, 70%
mais baixos que a concorrência
em ligações internacionais entre
telefones fixos e 40% nas locais, na
maior parte dos horários.
Para analistas, no entanto, os
preços podem integrar uma estratégia da empresa para firmar sua
marca e podem não ser mantidos.
Segundo a empresa, que irá
operar sob o código 25, todas as ligações originadas nessas três
áreas para qualquer município do
Brasil custarão R$ 0,25 por minuto, mais os impostos. O valor é o
mesmo para todos os dias em todos os horários do dia.
Por conta dos altos custos de interconexão [pedágio que as empresas de longa distância são obrigadas a pagar às operadoras fixas
para completar as ligações] cobrados no Brasil, o preço das chamadas de longa distância internacionais será menor do que o cobrado nas chamadas interurbanas. Cada minuto, a qualquer hora do dia ou da noite, irá custar R$
0,17 mais os impostos.
Entre os destinos internacionais
incluídos no pacote da empresa,
estão Estados Unidos, Argentina,
Canadá, Alemanha, França, Portugal e Japão. Em comparação
com o pacote de tarifas básico da
Embratel, a diferença chega a
78%. O minuto inicial de uma
chamada às 20h de um dia de semana custa R$ 0,77 na Embratel,
contra R$ 0,17 que seriam cobrados pela GVT, livre de impostos.
Dúvidas
Segundo um analista que acompanha o setor de longa distância,
esses preços são insustentáveis a
longo prazo. Além dos custos de
interconexão, a empresa tem vários outros que, segundo ele, não
são financiados por essa tarifa.
Para ele, em no máximo um
ano, a empresa será obrigada a
elevar os seus preços. Os preços
mais baixos podem fazer parte de
uma campanha da GVT para entrar nesses mercados, nos quais é
desconhecida, diz. Desde 2000, a
empresa opera na telefonia fixa
em oito Estados (RS, PR, SC, MS,
MT, TO, GO e AC) e o Distrito Federal, como uma "empresa-espelho" da Brasil Telecom.
Lá a empresa iniciou a operação
de longa distância em fevereiro
deste ano. Segundo números da
companhia, sua participação de
mercado já chega a 6% nas ligações internacionais e a 1% nas
chamadas nacionais. Os preços
seguem mais baixos, mas apenas
para chamadas com duração superior a três minutos.
Já o presidente da Telcomp (associação que reúne telefônicas
principalmente de menor porte),
Luis Cuza, diz que é possível manter tarifas como as da GVT. "Para
as monopolistas, é simples elevar
preços. O aumento é sempre definido pela regulação, e não pelo
mercado, ou seja, é sempre o máximo. Já empresas como a GVT
não têm esse benefício e precisam
trabalhar com preços vantajosos", disse.
Segundo Cuza, a GVT possui a
vantagem de ter uma rede nova,
que gera menos custos. A companhia investiu R$ 85 milhões em
novas instalações, como redes de
fibra ótica. A previsão da empresa
é conquistar até 5% do mercado
de longa distância em São Paulo.
Para Cuza, "a tendência é a unificação de preços: um valor por minuto em toda a semana e um outro para os fins de semana".
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