São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2004

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TELEFONIA

Nova empresa terá ligação ao exterior por R$ 0,17; analista vê preço insustentável

Operadora entra no Sudeste com tarifa até 70% menor

MARCELO PINHO
DA REDAÇÃO

O mercado de telefonia de longa distância na Grande São Paulo, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro tem, a partir de hoje, mais uma competidora. A GVT, empresa nacional de capital estrangeiro, terá preços, em média, 70% mais baixos que a concorrência em ligações internacionais entre telefones fixos e 40% nas locais, na maior parte dos horários.
Para analistas, no entanto, os preços podem integrar uma estratégia da empresa para firmar sua marca e podem não ser mantidos.
Segundo a empresa, que irá operar sob o código 25, todas as ligações originadas nessas três áreas para qualquer município do Brasil custarão R$ 0,25 por minuto, mais os impostos. O valor é o mesmo para todos os dias em todos os horários do dia.
Por conta dos altos custos de interconexão [pedágio que as empresas de longa distância são obrigadas a pagar às operadoras fixas para completar as ligações] cobrados no Brasil, o preço das chamadas de longa distância internacionais será menor do que o cobrado nas chamadas interurbanas. Cada minuto, a qualquer hora do dia ou da noite, irá custar R$ 0,17 mais os impostos.
Entre os destinos internacionais incluídos no pacote da empresa, estão Estados Unidos, Argentina, Canadá, Alemanha, França, Portugal e Japão. Em comparação com o pacote de tarifas básico da Embratel, a diferença chega a 78%. O minuto inicial de uma chamada às 20h de um dia de semana custa R$ 0,77 na Embratel, contra R$ 0,17 que seriam cobrados pela GVT, livre de impostos.

Dúvidas
Segundo um analista que acompanha o setor de longa distância, esses preços são insustentáveis a longo prazo. Além dos custos de interconexão, a empresa tem vários outros que, segundo ele, não são financiados por essa tarifa.
Para ele, em no máximo um ano, a empresa será obrigada a elevar os seus preços. Os preços mais baixos podem fazer parte de uma campanha da GVT para entrar nesses mercados, nos quais é desconhecida, diz. Desde 2000, a empresa opera na telefonia fixa em oito Estados (RS, PR, SC, MS, MT, TO, GO e AC) e o Distrito Federal, como uma "empresa-espelho" da Brasil Telecom.
Lá a empresa iniciou a operação de longa distância em fevereiro deste ano. Segundo números da companhia, sua participação de mercado já chega a 6% nas ligações internacionais e a 1% nas chamadas nacionais. Os preços seguem mais baixos, mas apenas para chamadas com duração superior a três minutos.
Já o presidente da Telcomp (associação que reúne telefônicas principalmente de menor porte), Luis Cuza, diz que é possível manter tarifas como as da GVT. "Para as monopolistas, é simples elevar preços. O aumento é sempre definido pela regulação, e não pelo mercado, ou seja, é sempre o máximo. Já empresas como a GVT não têm esse benefício e precisam trabalhar com preços vantajosos", disse.
Segundo Cuza, a GVT possui a vantagem de ter uma rede nova, que gera menos custos. A companhia investiu R$ 85 milhões em novas instalações, como redes de fibra ótica. A previsão da empresa é conquistar até 5% do mercado de longa distância em São Paulo. Para Cuza, "a tendência é a unificação de preços: um valor por minuto em toda a semana e um outro para os fins de semana".


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