São Paulo, domingo, 07 de novembro de 2004

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Presidente da GVT diz que setor é monopólio

DA REDAÇÃO

O setor de telefonia de longa distância no Brasil vive uma "concorrência aparente". "Parece existir um acordo entre as concorrentes para manterem as tarifas parecidas, maquiando promoções", diz Amos Genish, 44, presidente da GVT, que desde a 0h de hoje oferece serviços de longa distância nacional e internacional na Grande São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
Segundo ele, o que existe no setor é uma falsa concorrência, propagada por campanhas publicitárias para ele enganosas, cheias de asteriscos que contrariam tudo o que foi dito no anúncio.
 

Folha - Para o sr., existe competição no modelo do setor telefônico brasileiro?
Amos Genish -
Nós não vemos competição. Nas ligações locais, em São Paulo, é totalmente monopólio da Telefônica. Na longa distância, há uma concorrência aparente. As empresas dizem que estão oferecendo desconto de 30%, 40%, mas esse valor é sobre o quê? Existe uma jogada de marketing para confundir o cliente. Ninguém sabe mesmo ao certo quanto paga pelas ligações. Para evitar isso, resolvemos colocar um preço único para todos os horários e todas as localidades.
Parece existir um acordo entre as concorrentes para manterem as tarifas parecidas, maquiando promoções, cheias de restrições ocultas pelos asteriscos dos comerciais.

Folha - Como a empresa conseguirá oferecer preços bem abaixo dos da concorrência?
Genish -
A legislação brasileira confere muito poder às concessionárias por meio das tarifas de interconexão, uma das mais altas do mundo. Por exemplo, numa ligação de São Paulo para Miami, a Bell South cobra de nós R$ 0,03 por minuto. Por isso, conseguimos praticar um preço tão baixo na ligações internacionais (R$ 0,17), até mais barato do que nas ligações nacionais (R$ 0,23). No Brasil, em uma ligação entre o Rio e São Paulo, a GVT chega a pagar à Telemar e à Telefônica R$ 0,17 em tarifas de interconexão.
As tarifas de interconexão são cobradas ao bel-prazer das operadoras, que não aceitam negociar condições melhores, porque dominam o mercado. Parece que elas fazem acertos internos para que não haja tarifas diferenciadas entre uma e outra. Assim elas nunca perdem, e empresas como a GVT têm apenas as opções de desistir ou aceitar as condições. Ainda assim, a empresa está disposta a praticar preços até 40% mais baixos no DDD e até 70% a menores nas chamadas internacionais, em relação aos pacotes básicos das outras operadoras.

Folha - Qual a sua avaliação do trabalho feito pela Anatel?
Genish -
Acho que a Anatel é uma agência muito bem-intencionada, mas sem condições de lutar contra o poder das grandes operadoras, que é muito grande. É como se essas empresas se sentissem acima da lei. Adotam práticas anticompetitivas sem que haja a devida resposta de órgãos como o Cade ou a SDE. (MPi)


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