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Presidente da GVT diz
que setor é monopólio
DA REDAÇÃO
O setor de telefonia de longa
distância no Brasil vive uma "concorrência aparente". "Parece existir um acordo entre as concorrentes para manterem as tarifas parecidas, maquiando promoções",
diz Amos Genish, 44, presidente
da GVT, que desde a 0h de hoje
oferece serviços de longa distância nacional e internacional na
Grande São Paulo, Rio de Janeiro
e Belo Horizonte.
Segundo ele, o que existe no setor é uma falsa concorrência, propagada por campanhas publicitárias para ele enganosas, cheias de
asteriscos que contrariam tudo o
que foi dito no anúncio.
Folha - Para o sr., existe competição no modelo do setor telefônico
brasileiro?
Amos Genish - Nós não vemos
competição. Nas ligações locais,
em São Paulo, é totalmente monopólio da Telefônica. Na longa
distância, há uma concorrência
aparente. As empresas dizem que
estão oferecendo desconto de
30%, 40%, mas esse valor é sobre
o quê? Existe uma jogada de marketing para confundir o cliente.
Ninguém sabe mesmo ao certo
quanto paga pelas ligações. Para
evitar isso, resolvemos colocar
um preço único para todos os horários e todas as localidades.
Parece existir um acordo entre
as concorrentes para manterem
as tarifas parecidas, maquiando
promoções, cheias de restrições
ocultas pelos asteriscos dos comerciais.
Folha - Como a empresa conseguirá oferecer preços bem abaixo
dos da concorrência?
Genish - A legislação brasileira
confere muito poder às concessionárias por meio das tarifas de
interconexão, uma das mais altas
do mundo. Por exemplo, numa ligação de São Paulo para Miami, a
Bell South cobra de nós R$ 0,03
por minuto. Por isso, conseguimos praticar um preço tão baixo
na ligações internacionais (R$
0,17), até mais barato do que nas
ligações nacionais (R$ 0,23). No
Brasil, em uma ligação entre o Rio
e São Paulo, a GVT chega a pagar
à Telemar e à Telefônica R$ 0,17
em tarifas de interconexão.
As tarifas de interconexão são
cobradas ao bel-prazer das operadoras, que não aceitam negociar
condições melhores, porque dominam o mercado. Parece que
elas fazem acertos internos para
que não haja tarifas diferenciadas
entre uma e outra. Assim elas
nunca perdem, e empresas como
a GVT têm apenas as opções de
desistir ou aceitar as condições.
Ainda assim, a empresa está disposta a praticar preços até 40%
mais baixos no DDD e até 70% a
menores nas chamadas internacionais, em relação aos pacotes
básicos das outras operadoras.
Folha - Qual a sua avaliação do
trabalho feito pela Anatel?
Genish - Acho que a Anatel é
uma agência muito bem-intencionada, mas sem condições de
lutar contra o poder das grandes
operadoras, que é muito grande.
É como se essas empresas se sentissem acima da lei. Adotam práticas anticompetitivas sem que
haja a devida resposta de órgãos
como o Cade ou a SDE.
(MPi)
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