|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
REAÇÃO
Oposição critica intransigência de Everardo no reajuste da tabela do IR
Parlamentares devem acatar veto
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os congressistas não demonstraram ontem disposição para
derrubar o veto do presidente
Fernando Henrique Cardoso ao
projeto que corrige a tabela do
IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
Mas os deputados e os senadores levaram um susto com a decisão do governo de aumentar a tributação de parte das empresas
prestadoras de serviços para compensar perdas na arrecadação.
O aumento da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) havia sido proposta pelo secretário da Receita, Everardo Maciel, durante as negociações da
correção da tabela do IRPF. Na
ocasião, a proposta -incluída na
medida provisória que Fernando
Henrique edita hoje- foi descartada pelos líderes.
"O importante é que seja mantido o acordo e o contribuinte seja
beneficiado depois de seis anos de
confisco", afirmou o senador
Paulo Hartung (PSB-ES), autor
do projeto original, sobre a eliminação de brechas apontadas pelo
governo e que beneficiariam não
apenas as pessoas físicas, mas as
empresas.
Há controvérsias, porém, em
relação à aplicação da correção na
declaração de ajuste de 2002, ano
base de 2001.
Segundo o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), nas articulações para votação do projeto,
ficou evidente que a correção valeria também para a declaração de
ajuste a ser entregue neste ano.
"Na minha opinião estava claro
no texto: ao fazer a declaração
neste ano, o contribuinte aplicaria
a correção de 17,5%", disse.
Esse ponto, segundo Pinheiro,
poderá provocar polêmica na votação da medida provisória.
Hartung não concorda com a
interpretação de Pinheiro. "O
meu texto previa isso, mas, na negociação na Câmara, saiu. No texto final, a correção não valeria para a declaração de ajuste. Isso foi
só um pretexto do governo para
vetar o projeto", afirmou.
Intransigência
Mesmo admitindo imperfeições
no texto do Congresso, a oposição
atribuiu o veto ao projeto à intransigência do secretário da Receita Federal.
Para líderes da oposição, o secretário sempre foi "mimado"
por deputados e senadores, que
aprovaram todos os projetos de
interesse da Receita Federal ao
longo do governo Fernando Henrique Cardoso.
Desde a aprovação do projeto
original no Senado, em dezembro
de 2000, o secretário se manifestou contra a correção da tabela do
IR, argumentando que ocasionaria uma queda na arrecadação.
Segundo Dutra, o veto ao projeto e a edição da medida provisória
com o mesmo teor significam
"disputa de vaidade" do governo
com o Congresso. "O Everardo
não quer admitir que sofreu uma
derrota e o Fernando Henrique
quer a paternidade da correção",
argumentou.
Colaborou RAQUEL ULHÔA, da
Sucursal de Brasília
Texto Anterior: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: Emprego, a guerra santa Próximo Texto: Panorâmica - Reação: Executiva deixa a Kodak para assumir direção da Lucent Technologies Índice
|