São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

REAÇÃO

Oposição critica intransigência de Everardo no reajuste da tabela do IR

Parlamentares devem acatar veto

LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os congressistas não demonstraram ontem disposição para derrubar o veto do presidente Fernando Henrique Cardoso ao projeto que corrige a tabela do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
Mas os deputados e os senadores levaram um susto com a decisão do governo de aumentar a tributação de parte das empresas prestadoras de serviços para compensar perdas na arrecadação.
O aumento da CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) havia sido proposta pelo secretário da Receita, Everardo Maciel, durante as negociações da correção da tabela do IRPF. Na ocasião, a proposta -incluída na medida provisória que Fernando Henrique edita hoje- foi descartada pelos líderes.
"O importante é que seja mantido o acordo e o contribuinte seja beneficiado depois de seis anos de confisco", afirmou o senador Paulo Hartung (PSB-ES), autor do projeto original, sobre a eliminação de brechas apontadas pelo governo e que beneficiariam não apenas as pessoas físicas, mas as empresas.
Há controvérsias, porém, em relação à aplicação da correção na declaração de ajuste de 2002, ano base de 2001.
Segundo o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA), nas articulações para votação do projeto, ficou evidente que a correção valeria também para a declaração de ajuste a ser entregue neste ano.
"Na minha opinião estava claro no texto: ao fazer a declaração neste ano, o contribuinte aplicaria a correção de 17,5%", disse.
Esse ponto, segundo Pinheiro, poderá provocar polêmica na votação da medida provisória.
Hartung não concorda com a interpretação de Pinheiro. "O meu texto previa isso, mas, na negociação na Câmara, saiu. No texto final, a correção não valeria para a declaração de ajuste. Isso foi só um pretexto do governo para vetar o projeto", afirmou.

Intransigência
Mesmo admitindo imperfeições no texto do Congresso, a oposição atribuiu o veto ao projeto à intransigência do secretário da Receita Federal.
Para líderes da oposição, o secretário sempre foi "mimado" por deputados e senadores, que aprovaram todos os projetos de interesse da Receita Federal ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso.
Desde a aprovação do projeto original no Senado, em dezembro de 2000, o secretário se manifestou contra a correção da tabela do IR, argumentando que ocasionaria uma queda na arrecadação.
Segundo Dutra, o veto ao projeto e a edição da medida provisória com o mesmo teor significam "disputa de vaidade" do governo com o Congresso. "O Everardo não quer admitir que sofreu uma derrota e o Fernando Henrique quer a paternidade da correção", argumentou.


Colaborou RAQUEL ULHÔA, da
Sucursal de Brasília



Texto Anterior: Opinião Econômica - Benjamin Steinbruch: Emprego, a guerra santa
Próximo Texto: Panorâmica - Reação: Executiva deixa a Kodak para assumir direção da Lucent Technologies
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.