São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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AVIAÇÃO 2

Montante viria de parceria com Boeing e GE e resolve dívida de US$ 830 mi

Varig deve fechar acordo de US$ 1 bi

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Varig deve firmar nas próximas semanas um robusto contrato de injeção de recursos com as empresas norte-americanas Boeing e General Electric, segundo apurou ontem a Folha com empresários e consultores de aviação. O montante a ser destinado à empresa brasileira giraria em torno de US$ 1 bilhão, o que resolveria seus problemas com a dívida de US$ 830 milhões.
Os entendimentos entre as três empresas têm sido tratados em caráter extremamente sigiloso. Mas algumas informações já vazaram no mercado, como a decisão da Boeing de ajudar a Varig a sair de sua situação. "A Boeing quer que a Varig sobreviva para garantir futuros contratos de fornecimento de aeronaves. A empresa brasileira deve encomendar cerca de 200 aeronaves nos próximos dez anos", afirmou à Folha Robert Both, consultor da empresa Avman, dos Estados Unidos.
Uma das cláusulas do contrato que deve ser firmado entre as companhias garantirá inclusive exclusividade total de fornecimento de aeronaves da Boeing para a Varig. A medida deve ser exigida pela Boeing porque a empresa brasileira manteve em 2001 vários contatos com a Airbus, a principal concorrente da Boeing.
O objetivo da Varig era adquirir aviões a preços mais baratos. "Os entendimentos, no entanto, foram suspensos depois de setembro", disse Mário Sampaio, consultor da Airbus no Brasil. O projeto inicial era substituir três Boeing-767/300 e três 767/200 da Varig por aeronaves da Airbus.
Diante disso, a Boeing viu seu fornecimento de aeronaves para a maior companhia aérea da América Latina ameaçado. Partiu para a ofensiva. Sua primeira medida foi refazer contratos de leasing com a Varig em dezembro, o que reduziu a dívida da companhia aérea dos cerca de US$ 1,2 bilhão para US$ 830 milhões.
O próximo passo deve ser tomado junto com a General Electric, com a injeção de recursos ou alongamento de dívidas da Varig. Em troca, as duas companhias receberiam ações da brasileira e teriam controle sobre a sua administração. O limite de 20% de capital estrangeiro em empresas aéreas -estipulado pela legislação brasileira- poderia ser "driblado", pois a GE tem uma empresa brasileira de manutenção de equipamentos -a Selma.
A assessoria da Varig afirmou que a empresa não irá comentar a existência ou não de um acordo em andamento com a GE e a Boeing. Ressaltou, no entanto, que nos próximos três meses a Varig irá anunciar medidas extremamente importantes para a companhia.
O diretor comercial para a América Latina da Boeing, Daniel Silva, negou que esteja em curso qualquer acordo do tipo com a Varig neste momento. A Folha também procurou diversos representantes da GE, mas nenhum deles foi localizado.


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