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Intervenção será maior, diz Mantega
Sergio Lima/Folha Imagem
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Guido Mantega (esq.), ministro do Planejamento, e Edmar Bacha |
ANDRÉ SOLIANI
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Estado terá um papel mais ativo na economia durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, afirmou ontem o ministro do Planejamento, Guido Mantega, no seu discurso de posse.
A tônica foi de mudança com
relação ao modelo econômico do
governo de Fernando Henrique
Cardoso. "Estão enganados aqueles que imaginam que praticaremos a velha política econômica",
disse o novo ministro.
No seu discurso de seis páginas,
Mantega reservou apenas uma
frase elogiosa para o antigo governo. "Para não cometer injustiças,
reconheço que houve iniciativas
de planejamento neste ministério,
como os planos plurianuais e um
avanço no gerenciamento e gestão dos projetos públicos."
Na frase seguinte, no entanto,
Mantega ressalvou que esses
avanços foram "ofuscados pela
ausência de um projeto maior".
Ele enfatizou em diversas ocasiões que o governo Lula vai ter
um planejamento estratégico.
Segundo ele, esse planejamento
significa maior intervenção do Estado na economia. "O governo
Lula não terá pudores em traçar
políticas ativas para a indústria,
para a agricultura, para os serviços e onde mais houver necessidade de modernização", disse.
Mantega ressaltou que mais intervencionismo não significará
um volta ao modelo dos anos 50.
Para Mantega, duas das maiores
adversidades do projeto do novo
governo são os juros pagos sobre
a dívida pública (cerca de 10% do
PIB) e as pressões inflacionárias.
Sintonia com a Fazenda
Durante a campanha para a Presidência, Lula afirmava que o Ministério do Planejamento seria a
área forte do governo, para acabar
com a frieza dos números e da política da Fazenda. E criticava a falta de um projeto para o Brasil.
A crise econômica e financeira
dos últimos meses fez com que o
primeiro nome pensado para o
Planejamento, Antonio Palocci
Filho, assumisse a Fazenda. Ontem, Mantega afirmou que a Fazenda e o Planejamento trabalharão com "toda a sintonia".
O novo ministro disse que sempre "existe a possibilidade de [o
governo" rever" a meta de superávit primário (economia de despesa para pagamento de juros da dívida). Ele acrescentou que o próprio acordo com o FMI prevê revisões trimestrais do superávit.
Segundo ele, apesar do ambiente macroeconômico mais favorável que começa a se esboçar, não
há espaço para uma revisão para
baixo da meta no curto prazo.
"Estamos saindo de um quadro
muito difícil. Precisamos adotar
uma posição de cautela", afirmou.
Ele acrescentou que, se for necessário um superávit maior, o
governo o cumprirá. "Mas nesse
momento não há deliberação sobre isso", declarou.
O novo ministro acredita que as
boas notícias, como valorização
do real nos últimos dias, permitem prever que o risco-país poderá cair para algo entre 600 e 700
pontos ainda neste ano.
Mantega foi pouco prestigiado
pela gestão anterior. O ex-ministro Guilherme Dias não compareceu e foi representado pelo seu secretário-executivo, Simão Cirineu, na transmissão de cargo.
O novo ministro foi, no entanto,
o único que teve a presença do vice-presidente, José Alencar.
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