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NEONACIONALISMO
BNDES recebe orientação
Governo quer a Vale em mãos brasileiras
da Sucursal do Rio
O governo determinou ao
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que evite a todo custo a desnacionalização da Companhia
Vale do Rio Doce no processo de
reestruturação do setor de mineração e siderurgia brasileiro, em
via de ser deslanchado.
Segundo a Folha apurou, embora todas as possibilidades ainda
estejam em aberto, que a reestruturação da siderurgia, que passa
obrigatoriamente pela Vale, deve
estar concluída até o final do primeiro semestre deste ano.
Além de considerar a Vale uma
empresa estratégica para a inserção brasileira no mercado internacional globalizado, o governo
tem uma clara preocupação política em relação a um possível controle estrangeiro da mineradora.
É que essa hipótese conta com a
ferrenha oposição dos governos
dos Estados nos quais a Vale está
presente. Mesmo não sendo mais
estatal (foi privatizada em maio
de 97), a Vale continua sendo
uma parceira social estratégica
para os nove Estados onde atua.
Os políticos regionais temem
que tudo mude se tiverem que
dialogar com um centro de poder
de fora do país. Na privatização, a
Vale quase passou às mãos da sul-africana Anglo-Americana (em
parceria com o grupo Votorantim). A venda à empresa estrangeira foi evitada graças à decisão
dos fundos de pensão de empresas estatais, liderados pela Previ,
de ficar do lado do consórcio
montado pela CSN (Companhia
Siderúrgica Nacional).
Participações cruzadas
A reestruturação do setor siderúrgico tem justamente a Vale, a
CSN e a Previ como personagens
centrais. Há um nó de participações cruzadas da fundação e das
empresas que precisa ser desfeito
para o setor voltar a crescer.
E há também, no entendimento
do BNDES, a necessidade de os
grupos nacionais se aglutinarem,
formando grupos maiores, para
disputar com mais competitividade o mercado internacional.
A Previ tem participação acionária na CSN, na Vale, na Usiminas, na Acesita e na CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão). A
CSN é uma das controladoras da
Vale.
E a Vale é uma das controladoras da CSN e também da CST, da
Acesita e da Açominas, tendo
também participação significativa (15%) na Usiminas, embora fora do bloco de controle.
A Previ encomendou aos bancos Chase Manhattan e Santander
um estudo sobre a melhor forma
de desfazer esse nó.
Nada está decidido, mas a tendência é a Previ sair do controle
da CSN e esta deixar a Vale.
Os analistas consideram também que as empresas Açominas e
CST são decisivas no processo de
reestruturação, por serem as únicas grandes usinas de aço do país
com condições de crescer.
A CST e a Acesita já formam um
mesmo grupo e têm como suporte a francesa Usinor, que entrou
para o grupo em 1998. Há a hipótese de esse grupo se integrar com
a Usiminas-Cosipa, formando o
maior grupo siderúrgico do país.
Essa união poderia enfrentar problemas com o Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica).
A Açominas já está ligada ao
grupo Gerdau, o maior do país
em aços não-planos (vergalhões,
fios e outros) e conta com a participação da Natsteel (Cingapura).
O grupo Gerdau já tentou comprar parte da CSN, mas comprou
recentemente uma usina nos Estados Unidos e afirma que vai se
concentrar nos próximos anos
em consolidar suas posições.
A direção da CSN afirma que o
caminho da siderúrgica para crescer é construir uma usina de 6 milhões de toneladas de aço no porto de Sepetiba (RJ). O projeto deve ser apresentado ao Conselho
de Administração até junho.
Há dúvidas no mercado sobre a
possibilidade de a empresa conseguir os mais de US$ 2 bilhões necessários para tocar o projeto.
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