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Jovens geólogos vão orientar o pré-sal
Nos últimos concursos da Petrobras, idade média dos contratados foi de 28 anos; 30% dos profissionais já têm direito de se aposentar
Jovens terão influência
crescente no destino
dos
US$ 28 bilhões que
a empresa vai investir
no pré-sal até 2013
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
Quando a Petrobras arrematou os primeiros blocos onde se
encontraria petróleo sob o sal,
em 2000, Manuela Caldas era
apenas uma estudante de geologia. Hoje, aos 30, faz parte da
equipe de exploração desses
blocos, o mais importante projeto da empresa. Entre os momentos mais tensos, a jovem
geóloga lembra do dia em que
defendeu, diante de uma sala
cheia de técnicos graduados, a
proposta de uma perfuração de
poço no pré-sal.
"Se não houvesse petróleo
ali, milhões de dólares iriam
para o lixo", diz Caldas. Para
seu alívio, a perfuração foi
bem-sucedida. Nos próximos
anos, haverá cada vez mais jovens recém-saídos das faculdades, como Caldas, determinando onde as sondas devem perfurar para explorar o pré-sal.
Hoje, 17% dos 1.542 geólogos
têm até 30 anos.
O desafio de explorar o pré-sal levará a Petrobras a acelerar
as contratações para estudo da
bacia de Santos, onde estão as
reservas mais promissoras. A
unidade que cuida dessa bacia
tem 576 funcionários -um décimo do total que trabalha na
bacia de Campos, onde estão as
maiores reservas do período
anterior ao pré-sal. Desses, 48
são geólogos e geofísicos.
A área de recursos humanos
da Petrobras prevê concluir,
em dois meses, levantamento
sobre as contratações necessárias ao projeto do pré-sal. Se a
unidade da bacia de Santos chegar ao mesmo tamanho de
Campos -o que é razoável supor-, seriam necessários pelo
menos 400 novos geólogos.
Nos últimos concursos, a idade média dos geólogos contratados foi de 28 anos. Os jovens,
portanto, terão influência crescente no destino dos US$ 28 bilhões que a empresa vai investir no pré-sal até 2013.
Além do esforço de explorar a
nova fronteira, a aceleração nas
contratações tem outro motivo. Cerca de 30% dos geólogos
da empresa têm direito a se
aposentar por tempo de serviço, levando consigo muito conhecimento acumulado sobre
as bacias brasileiras.
Os jovens carregam este desafio: trabalhar no projeto de
maior visibilidade da companhia com a pouca experiência
que têm. Depois de a Petrobras
ter passado a década de 90 sem
contratar, formou-se um abismo entre a nova e a antiga geração, em termos de experiência.
Os geólogos se dividem entre
um numeroso grupo muito experiente, com mais de 20 anos
de casa, e outro, com, no máximo, sete anos. Não há profissionais no estrato intermediário.
Os concursos só foram retomados em 2002. Quem entrou
desde então terá de se preparar
para substituir, num futuro
mais próximo do que poderia
imaginar, a liderança de profissionais com mais tempo de empresa do que eles têm de idade.
"Muito do conhecimento
acumulado pela Petrobras, necessário ao nosso trabalho, está
na cabeça dos mais antigos",
afirma João Guerreiro, 31, há
sete anos na empresa. "A gente
se pergunta todo dia se vai dar
conta de tudo quando eles se
aposentarem."
Para reduzir o abismo de gerações na empresa e a falta de
pessoal, a Petrobras vem encurtando o tempo de treinamento teórico dos recém-contratados de 9 para 6 meses. A
diferença vem sendo compensada com a experiência no local
de trabalho, ao lado dos mais
antigos. Para definir onde a
sonda deveria perfurar, Caldas
contou com a ajuda de técnicos
graduados. Sem entrar em detalhes, a empresa informou que
estuda outras alternativas para
reter os mais antigos.
Mesmo com tanta responsabilidade, trabalhar no pré-sal é
motivo de orgulho para os jovens geólogos. "Sinto-me participando de algo histórico", resume Fábio de Oliveira, 29.
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