São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Jovens geólogos vão orientar o pré-sal

Nos últimos concursos da Petrobras, idade média dos contratados foi de 28 anos; 30% dos profissionais já têm direito de se aposentar

Jovens terão influência crescente no destino dos US$ 28 bilhões que a empresa vai investir no pré-sal até 2013

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Quando a Petrobras arrematou os primeiros blocos onde se encontraria petróleo sob o sal, em 2000, Manuela Caldas era apenas uma estudante de geologia. Hoje, aos 30, faz parte da equipe de exploração desses blocos, o mais importante projeto da empresa. Entre os momentos mais tensos, a jovem geóloga lembra do dia em que defendeu, diante de uma sala cheia de técnicos graduados, a proposta de uma perfuração de poço no pré-sal.
"Se não houvesse petróleo ali, milhões de dólares iriam para o lixo", diz Caldas. Para seu alívio, a perfuração foi bem-sucedida. Nos próximos anos, haverá cada vez mais jovens recém-saídos das faculdades, como Caldas, determinando onde as sondas devem perfurar para explorar o pré-sal. Hoje, 17% dos 1.542 geólogos têm até 30 anos.
O desafio de explorar o pré-sal levará a Petrobras a acelerar as contratações para estudo da bacia de Santos, onde estão as reservas mais promissoras. A unidade que cuida dessa bacia tem 576 funcionários -um décimo do total que trabalha na bacia de Campos, onde estão as maiores reservas do período anterior ao pré-sal. Desses, 48 são geólogos e geofísicos.
A área de recursos humanos da Petrobras prevê concluir, em dois meses, levantamento sobre as contratações necessárias ao projeto do pré-sal. Se a unidade da bacia de Santos chegar ao mesmo tamanho de Campos -o que é razoável supor-, seriam necessários pelo menos 400 novos geólogos.
Nos últimos concursos, a idade média dos geólogos contratados foi de 28 anos. Os jovens, portanto, terão influência crescente no destino dos US$ 28 bilhões que a empresa vai investir no pré-sal até 2013.
Além do esforço de explorar a nova fronteira, a aceleração nas contratações tem outro motivo. Cerca de 30% dos geólogos da empresa têm direito a se aposentar por tempo de serviço, levando consigo muito conhecimento acumulado sobre as bacias brasileiras.
Os jovens carregam este desafio: trabalhar no projeto de maior visibilidade da companhia com a pouca experiência que têm. Depois de a Petrobras ter passado a década de 90 sem contratar, formou-se um abismo entre a nova e a antiga geração, em termos de experiência. Os geólogos se dividem entre um numeroso grupo muito experiente, com mais de 20 anos de casa, e outro, com, no máximo, sete anos. Não há profissionais no estrato intermediário.
Os concursos só foram retomados em 2002. Quem entrou desde então terá de se preparar para substituir, num futuro mais próximo do que poderia imaginar, a liderança de profissionais com mais tempo de empresa do que eles têm de idade.
"Muito do conhecimento acumulado pela Petrobras, necessário ao nosso trabalho, está na cabeça dos mais antigos", afirma João Guerreiro, 31, há sete anos na empresa. "A gente se pergunta todo dia se vai dar conta de tudo quando eles se aposentarem."
Para reduzir o abismo de gerações na empresa e a falta de pessoal, a Petrobras vem encurtando o tempo de treinamento teórico dos recém-contratados de 9 para 6 meses. A diferença vem sendo compensada com a experiência no local de trabalho, ao lado dos mais antigos. Para definir onde a sonda deveria perfurar, Caldas contou com a ajuda de técnicos graduados. Sem entrar em detalhes, a empresa informou que estuda outras alternativas para reter os mais antigos.
Mesmo com tanta responsabilidade, trabalhar no pré-sal é motivo de orgulho para os jovens geólogos. "Sinto-me participando de algo histórico", resume Fábio de Oliveira, 29.


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