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INDÚSTRIA
Texto pede mais concorrência entre bancos e núcleo da inflação como meta
CNI leva a Lula proposta para baixar juro e ampliar crédito
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro, irá entregar nos
próximos dias um documento de
56 páginas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva com uma série de
sugestões para aumentar o financiamento às empresas no Brasil.
Entre as sugestões para a redução dos juros, o documento da
CNI aponta, como possíveis soluções, a adoção do núcleo da inflação como meta de política inflacionária em substituição ao índice
"cheio" (IPCA), a desindexação
dos preços administrados e maior
fiscalização por parte do Banco
Central para promover o aumento da concorrência entre as instituições financeiras.
De acordo com o documento,
quando foi adotado o regime de
metas, em julho de 1999, justificava-se o uso do índice "cheio" para
evitar a desconfiança da população, "vacinada" com os casos de
expurgos do passado.
Para a CNI, "agora, no entanto,
essas questões [expurgos] não se
colocam, e a adoção do núcleo
evitaria que a política monetária
tivesse que ser desnecessariamente rigorosa". Ou seja, a adoção do
núcleo da inflação evitaria, em algumas circunstâncias, aumentos
dos juros provocados por uma alta da inflação influenciada pelos
aumentos de alguns preços, como
luz e telefone.
Outra sugestão do documento é
desindexar os preços administrados. Para a CNI, "a indexação direta de parte dos preços administrados à variação da taxa de câmbio ao dólar e/ou ao IGP tem se
constituído num forte transmissor da inflação passada à inflação
futura, ainda que em um período
não inferior a um ano".
De acordo com o documento,
"esse procedimento é não apenas
inadequado como desnecessário." A CNI sugere que sejam usados índices que reflitam de forma
mais específica a evolução dos
custos do setor nos contratos de
concessão. A CNI diz, no entanto,
que os contratos em andamento
devem ser preservados, mas os
novos devem ser mudados.
O documento da CNI sugere
também uma série de medidas do
governo para reduzir os
"spreads" bancários do país, um
dos maiores do mundo. Entre
eles, a redução do compulsório
sobre os depósitos à vista e a prazo.
A CNI acredita que há espaço
para a redução do compulsório.
Com isso, "o aumento dos recursos livres dos bancos poderia ampliar o volume de operações de
crédito e levar à redução do seu
custo."
Maior concorrência
O trabalho da CNI também sugere a redução do imposto sobre a
intermediação financeira e o aumento da fiscalização por parte
do Banco Central para promover
um ambiente de concorrência entre as instituições financeiras.
De acordo com o trabalho da
CNI, "é significativa a fricção que
o setor público acarreta na intermediação financeira." Os impostos indiretos, segundo o documento, respondem por cerca de
9% dos "spreads" bancários.
Além disso, "o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que
foi concebido para ter uma função regulatória, funciona como
tributo de cunho arrecadatório
para a União".
Monteiro defende também, como forma de redução do
"spread", uma atuação mais firme do BC para estimular a concorrência entre os bancos. "Um
dos grandes problemas é que não
há concorrência no nosso sistema
financeiro."
O documento da CNI também
aponta outras possíveis soluções
com o objetivo de aumentar a
oferta de crédito e desenvolver o
mercado de capitais. Entre elas, a
redução da ponderação de risco
dos créditos para pequenas empresas e dos créditos garantidos e
o estímulo aos bancos para o repasse de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social).
No trabalho, a CNI traça um
diagnóstico completo da situação
do financiamento à produção no
Brasil. Uma das principais conclusões é que a indústria praticamente se autofinancia para a realização de seus investimentos.
De acordo com pesquisa da
CNI/Cepal, em 1998/99 a indústria usou 70,7% de recursos próprios para seus investimentos, e
apenas 6,8% de bancos privados.
Já para os anos de 2000/2002, a expectativa das empresas é aplicar
59,5% de recursos próprios e os
mesmos 6,8% de bancos privados.
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