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Mercado já prevê juro de 11,5% na semana que vem
Na BM&F, contratos de juro futuro embutem alta de ao menos 0,25 ponto na Selic
De acordo com a pesquisa Focus, do BC, analistas projetam que Selic chegue a 12,50% até o final do ano; atualmente está em 11,25%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco Central deve elevar
os juros básicos da economia
em 0,25 ponto percentual, fixando-os em 11,50% ao ano a
partir da semana que vem, segundo a expectativa média de
um grupo de aproximadamente cem analistas do mercado financeiro consultados pelo próprio BC na sexta-feira passada.
O BC faz essa pesquisa todas
as semanas, e, até o levantamento anterior, a projeção média indicava estabilidade da taxa Selic nos atuais 11,25% ao
ano. Agora, espera-se que os juros subam para 11,50% entre os
próximos dias 15 e 16, quando
se reúne o Copom, e cheguem a
12,50% até o final do ano, voltando a cair ao longo de 2009.
As previsões de aumentos de
juros são acompanhadas por
elevações nas estimativas para
a inflação deste ano. A expectativa do mercado para a alta do
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi revista para cima pela segunda semana
seguida, chegando a 4,50%
-exatamente o mesmo valor
da meta fixada pelo governo.
O economista-chefe da corretora SLW, Carlos Thadeu de
Freitas Filho, diz que "o mais
provável" é que a Selic seja elevada em 0,25 ponto percentual,
embora não descarte um aumento maior, de 0,50 ponto já
na reunião da semana que vem
do Copom. "Estão ocorrendo
muitos reajustes [de preços]
num momento em que a economia está bem aquecida."
O ritmo de crescimento da
economia é justamente uma
das principais ameaças que o
BC vê ao controle da inflação.
Em tese, quando a economia
vai bem, as pessoas tendem a
ser mais tolerantes em relação
a reajustes nos preços dos produtos que consomem, abrindo
espaço para a inflação.
No último encontro do Copom, no mês passado, os diretores do BC já avaliaram a necessidade de uma alta dos juros,
mas acabaram decidindo pela
manutenção da taxa. No mercado financeiro, essa afirmação
foi entendida como um sinal de
que o aperto monetário está cada vez mais próximo.
De lá para cá, o Ministério da
Fazenda começou a cogitar algumas medidas que pudessem
frear o crescimento da economia, para diminuir as pressões
inflacionárias e, conseqüentemente, reduzir a necessidade
de uma alta dos juros.
Entre as opções analisadas,
estavam um maior corte de gastos públicos, anunciada ontem,
e uma restrição maior à concessão de empréstimos bancários,
dois dos motores do recente ciclo de expansão econômica.
Freitas Filho diz, porém, que
esses estudos tiveram pouco
impacto nas expectativas do
mercado financeiro. "Não teve
muito efeito, até porque, por
enquanto, não se anunciou nada de concreto", afirma o economista.
Juros futuros
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas negociadas voltaram a subir ontem, com o aumento das projeções no mercado para inflação
e juros. Os contratos de DI para
julho próximo, que reflete os
juros de curtíssimo prazo, tiveram suas taxas elevadas de
11,53% para 11,57% -em 28 de
março, por exemplo, ainda estava em 11,46%.
O contrato embute pelo menos um aumento de 0,25 ponto
percentual nos juros em abril
ou junho. Se houvesse consenso de dois aumentos seguidos
de 0,25 ponto, a taxa de julho
estaria em 11,75%.
"Ainda acredito na possibilidade de o Copom não subir os
juros em abril, mas sou minoria. O Copom poderia esperar
mais uma reunião. Não seria o
fim do mundo [esperar]. Se subir agora, é mais para justificar
ao mercado a ameaça feita no
Relatório de Inflação e na ata
[de março]. Os núcleos da inflação estão bem comportados, o
que tirou a pressão dos juros de
longo prazo", diz Flavio Serrano, economista-chefe da corretora López León.
Já as taxas negociadas para
janeiro de 2009 passaram de
12,29% para 12,36%, o que assume uma elevação de mais de
um ponto percentual nos juros
neste ano. Para janeiro de 2010,
um dos contratos longos de juros mais negociados, as taxas
subiram ontem de 13,09% para
13,17% ao ano.
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