São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Mercado já prevê juro de 11,5% na semana que vem

Na BM&F, contratos de juro futuro embutem alta de ao menos 0,25 ponto na Selic

De acordo com a pesquisa Focus, do BC, analistas projetam que Selic chegue a 12,50% até o final do ano; atualmente está em 11,25%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central deve elevar os juros básicos da economia em 0,25 ponto percentual, fixando-os em 11,50% ao ano a partir da semana que vem, segundo a expectativa média de um grupo de aproximadamente cem analistas do mercado financeiro consultados pelo próprio BC na sexta-feira passada.
O BC faz essa pesquisa todas as semanas, e, até o levantamento anterior, a projeção média indicava estabilidade da taxa Selic nos atuais 11,25% ao ano. Agora, espera-se que os juros subam para 11,50% entre os próximos dias 15 e 16, quando se reúne o Copom, e cheguem a 12,50% até o final do ano, voltando a cair ao longo de 2009.
As previsões de aumentos de juros são acompanhadas por elevações nas estimativas para a inflação deste ano. A expectativa do mercado para a alta do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) foi revista para cima pela segunda semana seguida, chegando a 4,50% -exatamente o mesmo valor da meta fixada pelo governo.
O economista-chefe da corretora SLW, Carlos Thadeu de Freitas Filho, diz que "o mais provável" é que a Selic seja elevada em 0,25 ponto percentual, embora não descarte um aumento maior, de 0,50 ponto já na reunião da semana que vem do Copom. "Estão ocorrendo muitos reajustes [de preços] num momento em que a economia está bem aquecida."
O ritmo de crescimento da economia é justamente uma das principais ameaças que o BC vê ao controle da inflação. Em tese, quando a economia vai bem, as pessoas tendem a ser mais tolerantes em relação a reajustes nos preços dos produtos que consomem, abrindo espaço para a inflação.
No último encontro do Copom, no mês passado, os diretores do BC já avaliaram a necessidade de uma alta dos juros, mas acabaram decidindo pela manutenção da taxa. No mercado financeiro, essa afirmação foi entendida como um sinal de que o aperto monetário está cada vez mais próximo.
De lá para cá, o Ministério da Fazenda começou a cogitar algumas medidas que pudessem frear o crescimento da economia, para diminuir as pressões inflacionárias e, conseqüentemente, reduzir a necessidade de uma alta dos juros.
Entre as opções analisadas, estavam um maior corte de gastos públicos, anunciada ontem, e uma restrição maior à concessão de empréstimos bancários, dois dos motores do recente ciclo de expansão econômica. Freitas Filho diz, porém, que esses estudos tiveram pouco impacto nas expectativas do mercado financeiro. "Não teve muito efeito, até porque, por enquanto, não se anunciou nada de concreto", afirma o economista.

Juros futuros
Na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as taxas negociadas voltaram a subir ontem, com o aumento das projeções no mercado para inflação e juros. Os contratos de DI para julho próximo, que reflete os juros de curtíssimo prazo, tiveram suas taxas elevadas de 11,53% para 11,57% -em 28 de março, por exemplo, ainda estava em 11,46%.
O contrato embute pelo menos um aumento de 0,25 ponto percentual nos juros em abril ou junho. Se houvesse consenso de dois aumentos seguidos de 0,25 ponto, a taxa de julho estaria em 11,75%.
"Ainda acredito na possibilidade de o Copom não subir os juros em abril, mas sou minoria. O Copom poderia esperar mais uma reunião. Não seria o fim do mundo [esperar]. Se subir agora, é mais para justificar ao mercado a ameaça feita no Relatório de Inflação e na ata [de março]. Os núcleos da inflação estão bem comportados, o que tirou a pressão dos juros de longo prazo", diz Flavio Serrano, economista-chefe da corretora López León.
Já as taxas negociadas para janeiro de 2009 passaram de 12,29% para 12,36%, o que assume uma elevação de mais de um ponto percentual nos juros neste ano. Para janeiro de 2010, um dos contratos longos de juros mais negociados, as taxas subiram ontem de 13,09% para 13,17% ao ano.


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