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MERCADO FINANCEIRO
Bovespa fecha em 12.342 pontos, menor valor desde novembro; procura por "hedge" pressiona dólar
Bolsa está no menor nível em seis meses
DA REPORTAGEM LOCAL
Após dias de turbulência, o tom
foi morno para as negociações no
mercado financeiro ontem. A Bovespa fechou em baixa de 0,7%,
aos 12.342 pontos -é o menor nível em seis meses. No mês, o Ibovespa acumula queda de 5,6%.
O volume negociado foi de R$
496,4 milhões. A fraca quantidade
de negócios impediu que o índice
sustentasse a alta ensaiada durante a manhã. O dólar subiu 0,41%,
para R$ 2,43. Durante o dia, a
moeda americana chegou a cair
0,11%, mas acabou pressionada, à
tarde, pela crescente procura por
"hedge" (proteção cambial).
Ontem, o Banco Central realizou venda de "swap" cambial
"solteiro" -sem obrigar o investidor a comprar, de forma casada,
os títulos pós-fixados (LFTs). O
BC vendeu os 10.850 contratos
ofertados e não conseguiu atender à demanda, que superou em
muito, a oferta.
"Vários bancos optaram, então,
por comprar dólares no mercado
à vista e no futuro, para satisfazer
suas necessidades", diz Miriam
Tavares, da corretora AGK.
"Isso mostra que ainda há espaço para o dólar se valorizar mais",
diz Helio Osaki, da Finambras.
Além disso, com a alta do risco-país nos últimos dias, o mercado
avalia que os ingressos de recursos no país serão reduzidos daqui
por diante e o custo de novas captações ficará encarecido.
O risco-país do Brasil, medido
pelo JP Morgan, que chegou a cair
para a casa dos 880 pontos pela
manhã, fechou em 906 pontos ontem, estável em relação ao dia anterior. A cotação dos C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira,
também oscilou muito. Eles chegaram a projetar recuperação,
mas fecharam em queda de 0,3%.
Ontem foi a vez de o Bear
Stearns recomendar cautela a
seus clientes em relação ao Brasil.
O cenário político continuou
preocupante. Ontem, o PFL divulgou nota pedindo a renúncia
do pré-candidato às eleições presidenciais José Serra (PSDB).
O fato preocupou o mercado
que, anteontem, acreditava que o
presidente FHC conseguiria contornar a crise política, em encontro com dirigentes do PFL. Por
outro lado, permanece a corrente
de analistas que diz que, se Serra
desistir da candidatura, um outro
nome a ser escolhido como o candidato do governo teria melhores
perspectivas. Ou seja, a depender
do desfecho, já há justificativa para ânimo ou desânimo nos mercados. (ANA PAULA RAGAZZI)
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