São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Bovespa fecha em 12.342 pontos, menor valor desde novembro; procura por "hedge" pressiona dólar

Bolsa está no menor nível em seis meses

DA REPORTAGEM LOCAL

Após dias de turbulência, o tom foi morno para as negociações no mercado financeiro ontem. A Bovespa fechou em baixa de 0,7%, aos 12.342 pontos -é o menor nível em seis meses. No mês, o Ibovespa acumula queda de 5,6%.
O volume negociado foi de R$ 496,4 milhões. A fraca quantidade de negócios impediu que o índice sustentasse a alta ensaiada durante a manhã. O dólar subiu 0,41%, para R$ 2,43. Durante o dia, a moeda americana chegou a cair 0,11%, mas acabou pressionada, à tarde, pela crescente procura por "hedge" (proteção cambial).
Ontem, o Banco Central realizou venda de "swap" cambial "solteiro" -sem obrigar o investidor a comprar, de forma casada, os títulos pós-fixados (LFTs). O BC vendeu os 10.850 contratos ofertados e não conseguiu atender à demanda, que superou em muito, a oferta.
"Vários bancos optaram, então, por comprar dólares no mercado à vista e no futuro, para satisfazer suas necessidades", diz Miriam Tavares, da corretora AGK.
"Isso mostra que ainda há espaço para o dólar se valorizar mais", diz Helio Osaki, da Finambras.
Além disso, com a alta do risco-país nos últimos dias, o mercado avalia que os ingressos de recursos no país serão reduzidos daqui por diante e o custo de novas captações ficará encarecido.
O risco-país do Brasil, medido pelo JP Morgan, que chegou a cair para a casa dos 880 pontos pela manhã, fechou em 906 pontos ontem, estável em relação ao dia anterior. A cotação dos C-Bonds, títulos da dívida externa brasileira, também oscilou muito. Eles chegaram a projetar recuperação, mas fecharam em queda de 0,3%.
Ontem foi a vez de o Bear Stearns recomendar cautela a seus clientes em relação ao Brasil.
O cenário político continuou preocupante. Ontem, o PFL divulgou nota pedindo a renúncia do pré-candidato às eleições presidenciais José Serra (PSDB).
O fato preocupou o mercado que, anteontem, acreditava que o presidente FHC conseguiria contornar a crise política, em encontro com dirigentes do PFL. Por outro lado, permanece a corrente de analistas que diz que, se Serra desistir da candidatura, um outro nome a ser escolhido como o candidato do governo teria melhores perspectivas. Ou seja, a depender do desfecho, já há justificativa para ânimo ou desânimo nos mercados. (ANA PAULA RAGAZZI)


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