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NAUFRÁGIO PLATINO
Para ministro, ressalvas do FMI não devem retardar ajuda
Acordo sai em 45 dias, diz Lavagna
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
As ressalvas apresentadas pelo
FMI (Fundo Monetário Internacional) para a concessão de um
novo empréstimo à Argentina
não devem retardar o processo de
negociação, segundo o ministro
Roberto Lavagna (Economia).
"Os nossos prazos para chegar a
um acordo são os mesmos existentes no FMI, que oscilam entre
30 e 45 dias", disse ele ontem.
O ministro, no entanto, reconheceu que o Fundo e alguns países do G-7 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo) questionam o plano o desenhado pelo
governo para a troca dos depósitos bancários congelados pelo
curralzinho por bônus optativos.
Para o Fundo, o plano não resolverá o problema do curralzinho e ainda tem brechas para que
o dinheiro depositado escape dos
bancos e seja usado para comprar
dólar, o que criaria dificuldades
para o setor financeiro e causaria
inflação.
Bônus obrigatórios
Por isso, o FMI, que defende a
troca dos depósitos por bônus
obrigatórios, exige que a Argentina estabeleça um teto para a emissão de pesos. Além disso, quer
restringir ao máximo a utilização
dos bônus para a compra de casas
e carros novos, que seriam a brecha do plano.
Para cumprir esse teto, a Argentina seria obrigada a reduzir a ajuda prestada aos bancos -que nos
cinco primeiros meses deste ano
emprestaram quase 19 bilhões de
pesos do Banco Central para garantir os depósitos dos correntistas- e aumentaria o risco de quebra das instituições.
Devido a esses desentendimentos, o ministro não conseguiu
chegar a um acordo com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne
Krueger, durante conversação telefônica anteontem.
Lavagna também afirmou que
vai tentar obter apoio do G-7 durante a reunião que acontece na
próxima semana. Por isso, enviou
uma carta ao ministro de Finanças do Canadá, Paul Martin, explicando os detalhes do plano para
flexibilizar o curralzinho.
"Sabemos que alguns membros
do G-7 preferiam a troca obrigatória, mas lhes explicamos que é
politicamente inviável."
O ministro também negou que
estude conceder imunidade para
os diretores do Banco Central e
disse que o FMI não pediu isso
"em nenhum momento".
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