São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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NAUFRÁGIO PLATINO

Para ministro, ressalvas do FMI não devem retardar ajuda

Acordo sai em 45 dias, diz Lavagna

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

As ressalvas apresentadas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para a concessão de um novo empréstimo à Argentina não devem retardar o processo de negociação, segundo o ministro Roberto Lavagna (Economia).
"Os nossos prazos para chegar a um acordo são os mesmos existentes no FMI, que oscilam entre 30 e 45 dias", disse ele ontem.
O ministro, no entanto, reconheceu que o Fundo e alguns países do G-7 (o grupo dos sete países mais ricos do mundo) questionam o plano o desenhado pelo governo para a troca dos depósitos bancários congelados pelo curralzinho por bônus optativos.
Para o Fundo, o plano não resolverá o problema do curralzinho e ainda tem brechas para que o dinheiro depositado escape dos bancos e seja usado para comprar dólar, o que criaria dificuldades para o setor financeiro e causaria inflação.

Bônus obrigatórios
Por isso, o FMI, que defende a troca dos depósitos por bônus obrigatórios, exige que a Argentina estabeleça um teto para a emissão de pesos. Além disso, quer restringir ao máximo a utilização dos bônus para a compra de casas e carros novos, que seriam a brecha do plano.
Para cumprir esse teto, a Argentina seria obrigada a reduzir a ajuda prestada aos bancos -que nos cinco primeiros meses deste ano emprestaram quase 19 bilhões de pesos do Banco Central para garantir os depósitos dos correntistas- e aumentaria o risco de quebra das instituições.
Devido a esses desentendimentos, o ministro não conseguiu chegar a um acordo com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, durante conversação telefônica anteontem.
Lavagna também afirmou que vai tentar obter apoio do G-7 durante a reunião que acontece na próxima semana. Por isso, enviou uma carta ao ministro de Finanças do Canadá, Paul Martin, explicando os detalhes do plano para flexibilizar o curralzinho.
"Sabemos que alguns membros do G-7 preferiam a troca obrigatória, mas lhes explicamos que é politicamente inviável."
O ministro também negou que estude conceder imunidade para os diretores do Banco Central e disse que o FMI não pediu isso "em nenhum momento".



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