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Ipea aumenta projeção do PIB para 3,8%
Investimento eleva previsão anterior, de 3,4%; para o instituto, país não cresce acima de 4% sem aprovação de reformas
Órgão do Planejamento
estima que crescimento da
economia no próximo ano
continuará no patamar de
3,8%, a previsão para 2006
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada), órgão ligado ao Ministério do Planejamento, elevou sua projeção para o crescimento da economia
deste ano de 3,4% para 3,8%. A
alteração foi motivada pelo resultado dos investimentos no
primeiro trimestre, que cresceram 9% em relação a igual período de 2005.
Mesmo com o aumento da
projeção, a estimativa ainda é
mais conservadora do que a do
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, que projeta expansão
de 4,5%. Para o Ipea, o país não
tem condições de acelerar o ritmo de crescimento sem a aprovação de reformas.
Fábio Giambiagi, economista
do instituto, atribui as diferenças nas projeções ao carregamento estatístico do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo o
economista, a expansão da economia de 4,9% em 2004 pode
ser atribuída em parte a um
carregamento estatístico de
3,2%, resultado da comparação
da posição do final do ano com
a média do ano anterior.
Mesmo com o resultado fraco de 2003, a recuperação do
segundo semestre trouxe efeitos positivos para o desempenho da economia em 2004. Em
2006, esse efeito estatístico,
que reflete o desempenho do
ano anterior, é de apenas 2%.
Na prática, isso significa que, se
o país não avançasse mais nada
até o fim do ano, já teria garantido o crescimento de 2%.
O Ipea revisou sua projeção
de investimentos de 5,8% para
7,8%. Segundo Giambiagi, o investimento em alta deverá ser
ditado pelo comportamento da
construção civil. "Temos a percepção de que o dinamismo da
construção civil representa
movimentos naturais associados a anos eleitorais, como o
aumento no número de obras, e
o efeito com alguma defasagem
das medidas de estímulo ao setor. Além disso, há também a
superação do trauma da crise
política do terceiro trimestre,
que dá mais confiança ao empresariado, e o efeito da redução dos juros", disse.
Quem sustenta
Para o instituto, a redução
dos juros, o aumento do salário
mínimo e a maior disposição de
investimento são os elementos
que vão sustentar o crescimento da economia em 2006. Do
ponto de vista dos setores, o
crescimento deve ser liderado
pela expansão da indústria, estimada em 5,3% do PIB, com
destaque para a extrativa mineral e para a construção civil.
A expansão da indústria de
transformação deverá ser alavancada pelo aumento na produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) e de
bens de consumo, o que representa maior demanda por parte
das famílias e das empresas.
O Ipea estima que a taxa básica de juros vai chegar ao final
do ano na faixa de 14,2% ao ano
e que dificilmente ficará abaixo
de 14%. "O cenário do comportamento recente da inflação, da
utilização da capacidade [instalada], que continua baixa, deixam o Banco Central em posição muito confortável para dar
continuidade ao processo de
redução da taxa de juros", disse.
A projeção do instituto para o
IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é de 4,4% neste ano, abaixo da meta definida
pelo Banco Central, de 4,5%.
Fenômeno passageiro
As projeções do instituto
consideram que a turbulência
que tomou conta do mercado
financeiro nas últimas semanas é um fenômeno passageiro.
Os principais entraves para o
crescimento do país continuam
ligados a questões internas.
O Ipea destaca que a turbulência verificada sugere que pode estar próximo do fim o ambiente de forte expansão do
produto mundial, de elevada liquidez e de preços crescentes
de commodities, o que não é sinal de crise, mas de condições
menos favoráveis. As projeções
incorporam a previsão do FMI
de avanço mundial de 4,9%
neste ano e de 4,7% em 2007.
O instituto reduziu sua projeção do saldo da balança comercial de US$ 41,8 bilhões para US$ 40,4 bilhões. Para 2007,
a expectativa é que o saldo caia
para US$ 36,3 bilhões. Para o
Ipea, o país se aproxima de uma
situação de equilíbrio na balança comercial no próximo ano. A
taxa do câmbio no último trimestre deve ficar em R$ 2,30.
A projeção do instituto para
2007 é de manutenção do patamar de crescimento da economia em 3,8%. Segundo Giambiagi, ainda existem dúvidas sobre o cenário que se desenha
para o próximo ano.
Além disso, o economista
destaca que ainda existem dúvidas sobre quem vencerá as
eleições e que cardápio será
apresentado em janeiro. "É necessário um sinal de perspectiva de estabilidade futura. Isso
significa mudar a equação da
política econômica, com menos
peso para a política monetária,
reforço da política fiscal e lançamento de agenda com duas
ou três reformas importantes."
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