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Economista teme lado "estatizante
e intervencionista" do governo Lula
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
Reunidos ontem em debate no
Rio, economistas alinhados com
o pensamento liberal colocaram
em dúvida a sustentabilidade do
crescimento atual da economia.
No debate, promovido pelo Ibmec Educacional, o economista
Eduardo Giannetti da Fonseca
disse que vê o governo Lula "como um cérebro com dois hemisférios que não se comunicam".
Ele disse temer que no embate das
duas "personalidades" vença o lado que chamou de "intervencionista e estatizante", o que poderia
levar o governo "a uma guinada
populista". Segundo o economista, em um dos lados do cérebro
estão o BC e a Fazenda, que, segundo ele, fazem um bom trabalho na política macroeconômica.
O pessimismo de Giannetti foi
partilhado pelos outros participantes: o ex-presidente do BC
Gustavo Franco, o ex-secretário
do Ministério da Fazenda Claudio
Considera e o presidente do Ibmec, Claudio Haddad.
Franco concordou com a teoria
do cérebro dividido, mas disse
que não teme a vitória do lado
"errado" porque o mercado não
aceitaria e haveria fuga de capitais. Afirmou que a ação do mercado tira do governo a "liberdade
de experimentar políticas heterodoxas", chamou as correntes desenvolvimentistas de "patrulhantes" e disse que elas estão condenadas a acabar "no submundo
das academias e a desaparecer das
políticas públicas" pela incapacidade de pôr as idéias em prática.
Questionado sobre se o núcleo
heterodoxo do governo estaria no
BNDES, Franco disse que sim.
Para ele, "se o presidente do
BNDES [Carlos Lessa] e as pessoas que pensam como ele, como
a professora Maria da Conceição
Tavares e o senador Aloizio Mercadante [PT-SP], tivessem mais
influência na política macroeconômica, tudo seria diferente".
Por intermédio da sua assessoria, o senador Mercadante deu a
seguinte resposta à declaração de
Franco: "Devemos estar atentos
ao populismo e aos erros do passado para não repetirmos a trágica experiência do populismo
cambial, cuja autoria tem CIC, RG
e endereço". A frase é uma alusão
à sobrevalorização do real na época em que Franco foi diretor e
presidente o BC (1994-1999).
A Folha enviou e-mail à assessoria de Lessa, mas não obteve
resposta até o fechamento desta
edição. Tavares não foi localizada.
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