São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2004

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Economista teme lado "estatizante e intervencionista" do governo Lula

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Reunidos ontem em debate no Rio, economistas alinhados com o pensamento liberal colocaram em dúvida a sustentabilidade do crescimento atual da economia.
No debate, promovido pelo Ibmec Educacional, o economista Eduardo Giannetti da Fonseca disse que vê o governo Lula "como um cérebro com dois hemisférios que não se comunicam". Ele disse temer que no embate das duas "personalidades" vença o lado que chamou de "intervencionista e estatizante", o que poderia levar o governo "a uma guinada populista". Segundo o economista, em um dos lados do cérebro estão o BC e a Fazenda, que, segundo ele, fazem um bom trabalho na política macroeconômica.
O pessimismo de Giannetti foi partilhado pelos outros participantes: o ex-presidente do BC Gustavo Franco, o ex-secretário do Ministério da Fazenda Claudio Considera e o presidente do Ibmec, Claudio Haddad.
Franco concordou com a teoria do cérebro dividido, mas disse que não teme a vitória do lado "errado" porque o mercado não aceitaria e haveria fuga de capitais. Afirmou que a ação do mercado tira do governo a "liberdade de experimentar políticas heterodoxas", chamou as correntes desenvolvimentistas de "patrulhantes" e disse que elas estão condenadas a acabar "no submundo das academias e a desaparecer das políticas públicas" pela incapacidade de pôr as idéias em prática.
Questionado sobre se o núcleo heterodoxo do governo estaria no BNDES, Franco disse que sim.
Para ele, "se o presidente do BNDES [Carlos Lessa] e as pessoas que pensam como ele, como a professora Maria da Conceição Tavares e o senador Aloizio Mercadante [PT-SP], tivessem mais influência na política macroeconômica, tudo seria diferente".
Por intermédio da sua assessoria, o senador Mercadante deu a seguinte resposta à declaração de Franco: "Devemos estar atentos ao populismo e aos erros do passado para não repetirmos a trágica experiência do populismo cambial, cuja autoria tem CIC, RG e endereço". A frase é uma alusão à sobrevalorização do real na época em que Franco foi diretor e presidente o BC (1994-1999).
A Folha enviou e-mail à assessoria de Lessa, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Tavares não foi localizada.


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