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MÍDIA
Fundos de investimentos dos EUA desembolsam R$ 150 milhões por parte das ações do grupo brasileiro
Americanos compram 13,8% da Abril
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O grupo Abril fechou ontem,
em São Paulo, a venda de 13,8%
de suas ações para fundos de investimento norte-americanos administrados pela Capital International Inc., que terá dois representantes no conselho de administração do grupo editorial.
Segundo o diretor de relações
institucionais da Abril, Sidnei Basile, as ações foram vendidas por
R$ 150 milhões.
O dinheiro será usado para reduzir o endividamento da Abril,
da ordem de R$ 900 milhões, e para prepará-la para eventuais novos investimentos.
O grupo, a exemplo de outras
grandes empresas de comunicação brasileiras, endividou-se nos
anos 90 ao estender suas atividades para os mercados de TV por
assinatura.
Com a desvalorização cambial,
em 1999, a Abril passou a enfrentar dificuldades financeiras e fez
grande esforço para reduzir seus
custos nos últimos três anos. Entre outras iniciativas, vendeu sua
participação na empresa de TV
paga via satélite DirecTV.
A associação com a Capital International vinha sendo discutida
havia um ano entre a família Civita e o grupo norte-americano. A
Abril fez uma emissão privada de
ações, que foi subscrita integralmente pelo novo sócio.
Trata-se da primeira operação
de investimento estrangeiro em
uma empresa brasileira de comunicação desde a aprovação, pelo
Congresso Nacional, em 2002, da
emenda constitucional que permitiu a participação de pessoas
jurídicas e de capital externo no
setor de mídia: emissoras de rádio, televisão, jornais e revistas. A
participação estrangeira pode ser
de até 30%.
Na semana passada, as Organizações Globo, da família Marinho, anunciaram a associação
com o grupo mexicano Telmex na
empresa de TV a cabo Net Serviços, mas a Net não é empresa de
comunicação, e sim de telecomunicação, regida pela lei da TV a cabo, que permite participação estrangeira de até 49,9%.
Nota
Em nota divulgada ontem à noite, a Abril afirmou que os recursos
aportados pelo sócio estrangeiro
vão possibilitar o fortalecimento
econômico e financeiro do grupo
e que este foi o primeiro passo para a abertura do seu capital.
Roberto Civita, presidente da
Abril, qualificou de "histórico" o
acordo com os investidores norte-americanos e disse que a entrada dos recursos se soma ao esforço feito pela empresa para equacionar sua dívida.
Sobre o fato de a Abril ser a primeira empresa de comunicação a
se associar a um grupo estrangeiro, Civita disse que o objetivo da
legislação é manter a independência dos meios de comunicação e,
ao mesmo tempo, permitir a
construção de uma indústria editorial forte.
De acordo com Sidnei Basile, a
família Civita permanece responsável pelo conteúdo de suas publicações.
O grupo Abril publica mais de
200 títulos, entre os quais sete das
dez revistas de maior circulação
no Brasil, como "Veja", "Playboy" e "National Geographic".
Grupos
Fundado em 1950, o grupo emprega cerca de 6.000 pessoas e,
além da publicação de revistas,
atua nas áreas de edição de livros
didáticos, conteúdo e serviços on-line, internet, TV segmentada e
por assinatura.
A holding do Grupo Abril é formada pelas seguintes empresas:
Editora Abril S.A. (e suas subsidiárias Dinap e Datalistas), editoras Ática e Scipione, Abril Marcas,
Abril Comunicações e subsidiárias (TVA), MTV Brasil e Usina
do Som Brasil.
A Capital International Inc. é
um dos maiores gestores de fundos de investimentos dos Estados
Unidos e administra cerca de US$
294 bilhões em ativos. Pertence ao
Capital Group, que possui aproximadamente US$ 500 bilhões em
ativos no total.
As aplicações do grupo se estendem por mercados emergentes e
países desenvolvidos.
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