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Deflação não chega a idosos, diz pesquisa
Índice de preços específico para população mais velha registra alta, enquanto restante dos consumidores tem redução
Principais fatores que pesaram no bolso dessa faixa etária foram os
gastos com saúde e habitação, aponta a FGV
CRISTINA TARDÁGUILA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O IPC-3i (Índice de Preços ao
Consumidor da Terceira Idade) apresentou uma alta de
0,07% no segundo trimestre do
ano, ficando 0,33 ponto percentual acima do IPC-BR, que
avalia todas as faixas etárias da
população. O resultado mostra
que, mesmo com preços em
queda, a inflação continua pensando mais no bolso dos mais
velhos.
O índice é medido pela FGV
(Fundação Getulio Vargas)
com 1.384 famílias que têm ao
menos 50% de seus membros
com mais de 60 anos. Objetivo
é revelar como o comportamento dos preços afeta o custo
de vida delas.
Segundo a fundação, os principais responsáveis pelo fato de
o IPC-3i não ter registrado deflação como a constatada no índice geral do trimestre -que ficou em -0,26%- foram os gastos enquadrados em dois grupos: saúde e cuidados pessoais
e habitação.
"Os principais vilões foram,
mais especificamente, o reajuste de 8,89% dado aos planos de
saúde novos, ou seja, os contratados depois de 1999, que atendem a uma parcela dos mais velhos, e a alta do salário mínimo,
que influencia diretamente no
que é pago a empregadas domésticas e acompanhantes,
profissionais bem mais requisitadas entre a população idosa",
explicou ontem a FGV.
A influência do setor de saúde e cuidados pessoais no IPC-3i foi de 0,43%, duas vezes
maior do que no registrado no
índice geral. No que diz respeito à habitação, a influência no
índice voltado para a terceira
idade foi de 0,34%, diante do
0,21% observado no universo
geral.
Desaceleração
Com relação ao trimestre anterior, tanto o IPC-3i quanto o
IPC-BR registraram queda,
mas a desaceleração no índice
geral foi muito maior do que a
do índice específico.
A alimentação foi o grupo
que mais empurrou os índices
para baixo. Em 16 dos 20 itens
analisados nessa categoria foram constatadas taxas negativas. Os alimentos "in natura",
como as frutas e as hortaliças, e
o arroz e o feijão, foram os que
mais colaboraram para a desaceleração do IPC-3i e também
do IPC-BR.
O grupo dos transportes, que
tinha tido uma importante participação nos índices do último
trimestre por causa do impacto
do aumento do preço do álcool
combustível, estabilizou-se e
também puxou os números para baixo.
"O álcool e a gasolina perderam tudo aquilo que haviam ganhado no primeiro trimestre
do ano e se estabilizaram", destacou a FGV. Nos últimos 12
meses, o IPC-3i teve uma queda de 1,76 ponto percentual,
enquanto o IPC-BR retrocedeu
1,36 ponto, segundo dados divulgados pela fundação.
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