NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As remessas de dólares para o exterior pelas contas CC-5 dobraram no mês passado, segundo dados do Banco Central. A saída de recursos ficou em US$ 1,249 bilhão em julho, contra US$ 605 milhões registrados em junho. Em julho do ano passado, foram apenas US$ 359 milhões.
CC-5 é o nome dado a contas mantidas por pessoas ou empresas residentes ou instaladas no exterior. É um dos instrumentos mais utilizados para enviar recursos para o exterior em momentos de crise, pois não é preciso explicar ao BC os motivos que levaram à remessa de dólares. Basta que seja identificado o destinatário dos recursos, para que possa ser feito um eventual rastreamento do dinheiro.
Pelos instrumentos tradicionais, é preciso informar ao BC os motivos da remessa -pagamento de parcelas da dívida externa, remessa de lucros e dividendos, pagamento por importações, entre outros.
Entre janeiro e julho, US$ 3,83 bilhões foram enviados ao exterior por meio das CC-5. O valor é 29% maior do que o registrado no mesmo período de 2001 (US$ 2,966 bilhões) e tem crescido nos últimos meses. Entre maio e julho, as remessas somaram US$ 2,47 bilhões.
Em momentos de instabilidade, pessoas e empresas enviam dinheiro para fora do Brasil para proteger seus investimentos. Em dezembro do ano passado, quando a crise argentina se agravou, US$ 1,357 bilhão foi remetido para o exterior pelas CC-5.
Apesar das remessas ao exterior, o fluxo geral de dólares para o país ficou praticamente estável em julho. As operações denominadas pelo BC de transações financeiras (como o ingresso de investimento estrangeiro direto, as remessas de lucros e os pagamentos de juros) foram responsáveis pela saída de US$ 2,983 bilhões no mês passado. Em junho, a fuga havia sido de US$ 4,157 bilhões.
Além disso, a entrada de recursos referentes a operações de comércio exterior ajudou a amenizar os efeitos das demais remessas de dólares.
No mês passado, os exportadores trouxeram US$ 6,027 bilhões ao país. Esse valor foi mais do que suficiente para compensar os US$ 3,105 bilhões enviados por importadores ao exterior.



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