São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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Dado de emprego nos EUA derruba Bolsas

Agosto tem 1º recuo no emprego no país desde 2003, despertando temor de recessão; financeira demitirá até 12 mil

Nova York teve perda de 1,87%, e Londres, de 1,93%; Bovespa não operou ontem devido ao feriado e deve iniciar a semana em queda

DA REDAÇÃO

O anúncio ontem de redução de 4.000 postos de trabalho nos EUA em agosto, a primeira queda desde 2003, aumentou o temor de que a maior economia do planeta esteja rumando para uma recessão ou forte desaceleração. E derrubou as Bolsas pelo mundo.
Analistas esperavam um aumento de mais de 110 mil vagas no índice no mês passado, e o recuo sinaliza que os problemas do mercado de crédito imobiliário podem estar contaminando o resto da economia.
Investidores e economistas passaram a apostar cada vez mais que o Fed (Federal Reserve, o BC americano) reduzirá a taxa de juros básica do país em sua reunião do dia 18. A taxa está hoje em 5,25%.
Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, caiu 1,87%. Já a Bolsa eletrônica Nasdaq, que vinha sofrendo menos na crise, teve perdas de 1,86%. As preocupações sobre a economia americana também afetaram os mercados europeus. Em Londres, a Bolsa perdeu 1,93%; Frankfurt caiu 2,43% e Paris, 2,63%.
Mesmo as Bolsas asiáticas, que deixaram de operar antes da divulgação dos dados de emprego dos EUA, fecharam em queda, apreensivas com o relatório. Tóquio caiu 0,83%.
No Brasil, a Bovespa não funcionou devido ao feriado de Sete de Setembro. O fato de o mercado brasileiro ter ficado fechado ontem, enquanto as Bolsas tiveram quedas importantes na maioria dos centros financeiros, tende a fazer com que a Bovespa inicie a semana em queda.
A não ser que o mercado global comece a semana com bom humor, o que ontem parecia improvável, os investidores devem descontar as perdas mundiais de ontem nas ações brasileiras nos negócios de segunda-feira.
No Chile, por exemplo, a Bolsa permaneceu fechada no dia 15 de agosto, por um feriado religioso no país. Nesse dia, os mercados acionários tiveram perdas expressivas pelo mundo. No dia seguinte, a Bolsa chilena voltou a funcionar e sofreu perdas fortes, fechando em queda de 4,03%, sendo uma das que mais caiu no dia.

Recessão
O relatório sobre emprego também aumentou os temores de que a economia americana possa estar entrando em um período de recessão, e não de crescimento modesto -como prevêem as principais autoridades econômicas do país.
E as preocupações ficaram mais fortes depois que o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Rodrigo de Rato, afirmou que os problemas nos mercados, iniciados no final de julho, é "uma crise grave que certamente terá efeitos em 2007 e 2008" e "terão conseqüências para a economia real".
Rato afirmou que o Fundo revisará suas previsões para o crescimento mundial deste ano e do ano que vem e que os Estados Unidos serão os principais afetados, mas que também haverá impacto nas economias da zona do euro e do Japão.
Já o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, afirmou que houve "modestas melhoras" no setor de crédito imobiliário, mas que algumas empresas do setor fecharão. "Haverá algumas perdas."
Horas depois da declaração de Paulson, a Countrywide Financial, a maior financiadora imobiliária dos EUA e uma das mais afetadas com a crise no setor, anunciou que demitirá entre 10 mil e 12 mil funcionários nos próximos três meses -cerca de 20% de suas vagas. O anúncio da queda em seus lucros, em 24 de julho, detonou a crise nas Bolsas.
Em carta aos trabalhadores, executivos da financiadora disseram que os problemas do setor são "certamente o mais severo [período] na história contemporânea da nossa indústria".


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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