São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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"Maldição" afeta 2 das 3 instituições que compraram o ABN Amro no ano passado

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Se agentes de mercado fossem supersticiosos, diriam que 2 dos 3 bancos que compraram, no ano passado, o grupo holandês ABN Amro foram vítimas de uma maldição lançada pelo Barclay's, o banco britânico derrotado nessa corrida pelo consórcio formado pelo belga Fortis, o britânico RBS (Royal Bank of Scotland) e o espanhol Santander.
O Fortis foi uma das primeiras vítimas da turbulência bancária na Europa. Primeiro os governos dos três países em que mais opera (Holanda, Bélgica e Luxemburgo) tiveram que comprar, às pressas, 11,2 bilhões de seu capital, para evitar a quebra.
Não adiantou: o banco acabou por ser estatizado.
Já o RBS aparece num pacote de quatro grandes bancos que o governo britânico se veria obrigado a capitalizar, em troca de ações, no que é também uma estatização ainda que parcial.
O rumor dessa semi-estatização levou ontem a uma profunda queda nas ações de entidades financeiras em geral, mas o RBS foi particularmente atingido: suas ações caíram 39%, mesmo em um dia de perdas moderadas (inferiores a 1%) em todos os índices da Bolsa londrina.
Sobrevive sem problemas apenas o Santander, que, ao contrário, foi às compras em plena crise e ficou com importantes nacos de bancos britânicos (Alliance & Leicester e, agora, Bradford & Bingley).
Não é difícil entender que não se trata de maldição, mas de excesso de ousadia e um pouco de azar. O Fortis esticou demais a corda para entrar no negócio do ABN Amro. Tanto que seu executivo-chefe foi demitido não agora, no auge da crise, mas meses atrás, justamente porque os acionistas entenderam que ele expusera a instituição a risco sério com a compra.
Se o dinheiro estivesse fácil no mercado, como até o ano passado, o Fortis passaria dificuldades, mas nada que se parecesse à quebra.
Já o RBS queria, na verdade, a operação do ABN nos Estados Unidos, o LaSalle Bank, mais o Global Bank, um tipo de banco de investimentos do ABN. Mas o ABN vendeu o La Salle para o Bank of America, o que não impediu o RBS de continuar no consórcio. Mas precisava de capital, que, como no caso do Fortis, escasseou com a crise.
Só o Santander se deu bem: ficou com o Real, no Brasil, e com um banco italiano, que logo vendeu por 9 bilhões, com um lucro de 2,5 bilhões.
(CLÓVIS ROSSI)




FUNDOS DE PENSÃO DOS EUA PERDEM US$ 2 TRI
Os fundos de pensão americanos perderam US$ 2 trilhões nos últimos 15 meses devido à crise, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso. Segundo Peter Orszag, chefe do órgão não-partidário, os fundos já se desvalorizaram em cerca de 20% desde meados de 2007.
"Algumas pessoas vão adiar as aposentadorias. Especialmente aquelas que estavam prestes a se aposentar devem decidir continuar trabalhando."

ISLÂNDIA NACIONALIZA BANCO EM CRISE
A Islândia está à beira da falência, declarou na noite de segunda-feira o premiê H. Haarde. Horas antes, a coroa islandesa perdeu 25% de seu valor ante o euro e as ações dos bancos despencaram. O país saiu atrás de dinheiro, mas só a Rússia emprestou 4 bilhões, usados para nacionalizar o banco Landesbanki. A dívida do sistema bancário da Islândia é nove vezes maior que o PIB (Produto Interno Bruto) do país.


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