São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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Volume de crédito nos EUA teve queda recorde em agosto

DO ENVIADO A WASHINGTON

O volume de crédito tomado pelos norte-americanos em agosto teve queda recorde de US$ 7,9 bilhões. Foi o maior recuo do indicador desde que o Fed (banco central dos EUA) começou a acompanhar esses dados, em 1943.
A queda refletiu o aperto do mercado de financiamento nos EUA e levou o Fed a sinalizar que poderá voltar a baixar os juros, hoje em 2% ao ano.
Em pronunciamento, o presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou que a atual crise nos EUA tem "dimensões históricas" e justificou as seguidas e recentes intervenções estatais na economia como um maneira de "tentar evitar o pior".
"Diante dos últimos acontecimentos, temos de considerar se a política atual [de juros] é a apropriada", disse Bernanke.
A informação sobre a queda recorde no crédito ao consumo e uma posição considerada pouco firme de Bernanke em relação ao corte nos juros ajudaram a derrubar mais uma vez a Bolsa de Nova York.
O índice S&P 500 da Bolsa fechou em queda de 5,7% e abaixo dos 1.000 pontos, o pior resultado em cinco anos.

Crédito encolhe
Em julho, o volume de crédito (fora o setor imobiliário) tomado por consumidores americanos havia aumentado US$ 5,2 bilhões. Em agosto, a tendência foi revertida tanto pelo aperto imposto pelos bancos quanto por queda no consumo, que se agravou em setembro.
O consumo e o crédito são as duas maiores forças da economia dos EUA. A crise atual envolve tanto os bancos, que dão crédito, quanto tomadores, os consumidores. Nunca os dois estiveram tão endividados.
Em termos anualizados, a queda no crédito ao consumo em agosto foi de 4,3%, a maior desde janeiro de 1998, no auge da crise asiática.
Empresas de cartões de crédito também divulgaram leve aumento da inadimplência e quedas de até 11% no faturamento. Bernanke reconheceu que o consumo "caiu significativamente" e que até pessoas "com bom histórico de crédito" têm encontrado dificuldade para obter financiamentos.
"A combinação entre os dados mais recentes de atividade e do mercado financeiro sugere que os riscos para a manutenção do crescimento econômico aumentaram", disse Bernanke. "Ao mesmo tempo, as perspectivas para a inflação tiveram alguma melhora, embora se mantenham incertas."
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Fed está marcada para os dias 28 e 29 deste mês. Mas muitos no mercado especulam se o órgão faria reunião extraordinária antes. A taxa já caiu de 3,25% ao ano para 2% de abril a setembro, colocando os juros nos EUA em patamar inferior ao da inflação. (FCZ)


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