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Volume de crédito nos EUA teve queda recorde em agosto
DO ENVIADO A WASHINGTON
O volume de crédito tomado
pelos norte-americanos em
agosto teve queda recorde de
US$ 7,9 bilhões. Foi o maior recuo do indicador desde que o
Fed (banco central dos EUA)
começou a acompanhar esses
dados, em 1943.
A queda refletiu o aperto do
mercado de financiamento nos
EUA e levou o Fed a sinalizar
que poderá voltar a baixar os
juros, hoje em 2% ao ano.
Em pronunciamento, o presidente do Fed, Ben Bernanke,
afirmou que a atual crise nos
EUA tem "dimensões históricas" e justificou as seguidas e
recentes intervenções estatais
na economia como um maneira
de "tentar evitar o pior".
"Diante dos últimos acontecimentos, temos de considerar
se a política atual [de juros] é a
apropriada", disse Bernanke.
A informação sobre a queda
recorde no crédito ao consumo
e uma posição considerada
pouco firme de Bernanke em
relação ao corte nos juros ajudaram a derrubar mais uma vez
a Bolsa de Nova York.
O índice S&P 500 da Bolsa fechou em queda de 5,7% e abaixo dos 1.000 pontos, o pior resultado em cinco anos.
Crédito encolhe
Em julho, o volume de crédito (fora o setor imobiliário) tomado por consumidores americanos havia aumentado US$
5,2 bilhões. Em agosto, a tendência foi revertida tanto pelo
aperto imposto pelos bancos
quanto por queda no consumo,
que se agravou em setembro.
O consumo e o crédito são as
duas maiores forças da economia dos EUA. A crise atual envolve tanto os bancos, que dão
crédito, quanto tomadores, os
consumidores. Nunca os dois
estiveram tão endividados.
Em termos anualizados, a
queda no crédito ao consumo
em agosto foi de 4,3%, a maior
desde janeiro de 1998, no auge
da crise asiática.
Empresas de cartões de crédito também divulgaram leve
aumento da inadimplência e
quedas de até 11% no faturamento. Bernanke reconheceu
que o consumo "caiu significativamente" e que até pessoas
"com bom histórico de crédito"
têm encontrado dificuldade para obter financiamentos.
"A combinação entre os dados mais recentes de atividade
e do mercado financeiro sugere
que os riscos para a manutenção do crescimento econômico
aumentaram", disse Bernanke.
"Ao mesmo tempo, as perspectivas para a inflação tiveram alguma melhora, embora se
mantenham incertas."
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Fed
está marcada para os dias 28 e
29 deste mês. Mas muitos no
mercado especulam se o órgão
faria reunião extraordinária
antes. A taxa já caiu de 3,25% ao
ano para 2% de abril a setembro, colocando os juros nos
EUA em patamar inferior ao da
inflação.
(FCZ)
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