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BANCO X BANCO
Presidente do banco diz que BC não teve intenção de criticar instituição e ataca gestão durante governo FHC
Mantega vê ação para desgastar o BNDES
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Guido Mantega, afirmou ontem que o vazamento de críticas de relatório do
Banco Central a operações do
banco de fomento buscam causar
desgaste na instituição.
No documento, revelado domingo pela Folha, as concessões
de crédito do BNDES são consideradas "frágeis" pelo BC. Mantega
ressaltou, porém, que o interesse
no vazamento dessas informações não é do BC.
"O BNDES está investigando.
Parece que um deputado da oposição requisitou informações sobre isso. Mas não estou afirmando que ele vazou as informações",
disse Mantega.
Ele classificou o resultado da fiscalização do BC feita na instituição como um "relatório burocrático e pouco importante".
E afirmou não ver nenhum movimento no governo para acabar
com o maior banco de fomento
do país, conforme concluíra na
véspera seu antecessor no cargo, o
economista Carlos Lessa, a partir
dos resultados da fiscalização.
"Não me parece que o Banco
Central teve a intenção de dizer
que o BNDES tem problemas para avaliar empréstimos", afirmou.
Entre abril e agosto do ano passado -ainda na gestão Lessa, que
tinha desavenças com o presidente do BC, Henrique Meirelles-, o
BC fiscalizou o BNDES e concluiu
que eram "frágeis" os controles
para a concessão de crédito no
banco, cuja carteira de empréstimos deve alcançar R$ 50 bilhões
neste ano. Desde então, o BC cobra providências do BNDES, como a criação de metodologia para
avaliar o risco de calote e a atualização dos cadastros de clientes.
"Por trás da divulgação do relatório, houve uma tentativa de uso
político das conclusões da fiscalização, uma tentativa de desmoralizar o BNDES", afirmou Mantega, sem acusar ninguém.
Autor do requerimento de informações que deu publicidade à
troca de correspondência entre
BC e BNDES, o deputado Luiz
Carlos Hauly (PSDB-PR) cobra a
correção das falhas apontadas pelo BC. Ele tem criticado o sistema
de controle de risco de crédito da
instituição desde que eclodiu o escândalo do Banco Santos, que
chegou a liderar o ranking de repassador de recursos do BNDES.
Mantega relatou que teve uma
conversa telefônica sobre o relatório com Meirelles, que está na Suíça, e que ele elogiou a análise de
concessão de crédito do banco de
fomento, como já havia feito publicamente anteontem.
De posse de dados sobre inadimplência e qualidade da carteira do BNDES, Mantega disse que
os créditos do banco "são dos
mais sólidos que possam ser concedidos na economia brasileira".
A taxa de inadimplência do
banco no primeiro semestre do
ano foi de 0,57%. Em 2004, foi de
0,64%, abaixo dos 3% do sistema
financeiro nacional, disse ele.
Já a qualidade da carteira indica
que cerca de 90% dos créditos
concedidos pelo banco são para
empresas bem avaliadas, com ratings AA, A e B. No sistema financeiro nacional, esse percentual cai
para 80%. O lucro do banco, de
R$ 1,8 bilhão no primeiro semestre, é outro indicador da solidez,
segundo Mantega. "Desafio alguém a mostrar uma instituição
que faça análise de crédito melhor
que o BNDES."
Na avaliação de Mantega, as falhas apontadas na instituição não
comprometem a solidez dos empréstimos que o BNDES concede.
"O BNDES é a instituição que melhor avalia os empréstimos no sistema financeiro nacional, melhor
até que o setor privado", afirmou.
"A inadimplência só chegou a
3% em 2003 graças a uma operação mal feita no governo anterior", disse o presidente do
BNDES, numa referência ao calote dado pelo consórcio Southern
Eletric Brasil, liderado pela americana AES. O prejuízo do banco no
negócio foi de US$ 700 milhões.
Mantega disse que a maioria
dos ajustes propostos pelo BC está
concluída e insistiu em que fiscalização realizada em 2001, durante
o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, encontrara um número mais de cinco
vezes maior de irregularidades.
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