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Empresa ajuda a planejar o gasto familiar
Para evitar perda de produtividade, companhias oferecem aos seus funcionários orientação financeira
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Dezembro é a época do pagamento do 13º salário, do amigo-secreto e da festa de confraternização no trabalho. Para um
número cada vez maior de empresas, também é o momento
de ajudar o funcionário a planejar melhor o seu orçamento
pessoal e familiar a fim de que
não se realize um dos rituais do
final de ano: o endividamento
excessivo.
Com dinheiro extra no bolso,
o empregado vai às compras.
Mas, já que estará de férias nas
semanas seguintes, decide pagar os presentes parceladamente, assim sobra para viajar
com a família. Aí ele acaba gastando muito mais do que podia,
esquecendo-se de que também
precisa honrar os gastos típicos
de janeiro, como impostos e a
matrícula dos filhos na escola.
Quando chega março, descobre-se quebrado.
"Um profissional que está
com dificuldades financeiras
não se concentra direito nas
suas atividades, produz menos,
sofre até mais acidentes. É por
isso que esse tema tem ganhado importância no âmbito da
gestão de recursos humanos",
afirma Celia Natale Moscardi,
diretora da consultoria Conexão Desenvolvimento Empresarial. "Algumas pessoas chegam a pedir para serem mandadas embora para quitar suas
pendências com os recursos da
rescisão do contrato. No entanto, três meses depois, estão sem
um centavo e não conseguiram
o seu intuito."
A pedagoga, que é contratada
por grandes companhias como
Johnson & Johnson e Laboratórios Aché para ministrar cursos de administração do orçamento familiar, sempre nota
um grande aumento da demanda neste período. "Agora é o
tempo de parar e refletir a respeito. A dificuldade de organizar receitas e despesas não depende de escolaridade, nível
hierárquico ou tamanho do
contracheque." Geralmente,
contrata-se um serviço terceirizado para preservar a intimidade do funcionário.
Detectar e resolver
Ninguém trata dos seus problemas financeiros com o chefe, por isso é difícil perceber
que essa é a causa da falta de
motivação do colaborador.
"Muitas companhias têm uma
linha telefônica gratuita de
atendimento psicossocial aos
funcionários. É anônimo, sigiloso, porém pode-se fazer um
acompanhamento dos motivos
das ligações e assim notar que
seria interessante fornecer algum tipo de apoio para cuidar
do seu orçamento", sugere Lilian Graziano, professora da
Trevisan Escola de Negócios.
Distribuída ao longo dos meses, a iniciativa das empresas
pode ter a forma de palestras
breves, cursos ou atendimento
personalizado com um consultor em economia. A pedido de
uma cliente, Moscardi até criou
uma gincana para crianças, filhas de colaboradores, com o
tema do planejamento financeiro -afinal, para realmente
dar certo, todo programa tem
que envolver todos os membros da família.
Desde a sua criação, em
2003, o projeto dos Correios
atendeu cerca de 250 mil pessoas, empregados e seus parentes. Um dos que aproveitaram a
oportunidade foi o carteiro
paulistano Ricardo Zeferino
Mateus, 32, em 2005. "Estava
tão endividado que não conseguia nem pagar as contas de
água e luz. Procurei a assistente
social da empresa e ela me explicou que essas despesas eu tinha que quitar assim que recebesse o salário. Seguindo a sua
orientação, negociei todos os
outros débitos atrasados e ajudei minha mulher a conseguir
um emprego", conta. "Logo resolvi a minha situação e comprei um carro. No ano que vem,
quero trocá-lo por outro, com
direção hidráulica."
"Proporcionamos esse auxílio porque o funcionário de outra forma não teria como buscá-lo", destaca Pedro Magalhães Bifano, diretor de gestão
de pessoas dos Correios. De
acordo com a empresa, notou-se recentemente um aumento
na procura dos empregados pela ajuda, a qual pode ser creditada às incertezas quanto ao tamanho e a profundidade da desaceleração que o Brasil enfrentará nos próximos meses.
Vida nova
Duas são as principais recomendações dos especialistas
para que o trabalhador comece
2009 com a sua vida financeira
sob controle: saldar as suas dívidas e colocar no papel planos
e sonhos.
"Companheiros e filhos devem participar das decisões para realmente se comprometerem", diz o economista e consultor Humberto Dalsasso.
"Com disciplina, é possível,
sim, alcançar todos os objetivos
e viver sem dor de cabeça."
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