São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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VINICIUS TORRES FREIRE

As Bolsas do mundo, daqui e o IOF


Estrangeiros pesam menos na Bovespa após IOF, mas Bolsas de todo o mundo começaram a desacelerar nesse período


AS PRINCIPAIS Bolsas de Valores do mundo aguaram um pouco a fervura eufórica que se viu a partir de março, quando a maioria delas jazia no fundo do poço de lama criado por Wall Street. Desde meados de outubro, andam meio de lado. O índice S&P 500, o mais significativo dos EUA, subiu menos de 1% desde 14 de outubro.
O DAX, de Frankfurt, subiu um tico mais que isso. O FTSE 100, de Londres, desde então caiu. O Dow Jones (Média Industrial), foi um pouco melhor, mas vem rateando desde novembro. Os índices das ações de instituições financeiras perderam ainda mais. O Nikkei, de Tóquio, foi melhor no período, mas, entre as grandes, tem sido a Bolsa de Valores mais volátil. As ações chinesas funcionam em outro registro, pois são bem desconectadas dos grandes fluxos mundiais de dinheiro e vivem de estouros de manadas domésticas.
Não há grande surpresa ou sinal de virada aí. Das profundas de março, esses índices se recuperaram ao ritmo de mais de 5% ao mês, rapidíssimo. Não importa qual ativo ou taxa, tal ritmo se vê apenas em lugares ainda um tanto esquisitos, como o Brasil.
Agora, um tanto do dinheiro grosso do mundo preferiu se precaver, comprando títulos do Tesouro norte-americano que não rendem nada. Além do mais, houve o episódio da confusa moratória de Dubai, que jogou um tanto de areia do deserto na moenda financeira que transforma dinheiro barato euroamericano em gordura de ativos em quase qualquer parte do mundo.
Dubai chamou a atenção para outros países que podem dar problema, como Grécia, Irlanda, Portugal ou Hungria, superendividados e superdeficitários. Se não fosse a União Europeia, alguns deles já estariam quebrados faz tempo -de qualquer modo, é difícil imaginar que os países maiores deixem uma dessas bombas explodir.
Considere-se ainda que, no fim do ano, grandes instituições e investidores dão uma arrumada em seus caixas, ficam "mais líquidos", o que diminui a taquicardia financeira. Enfim, talvez as ações tenham subido menos apenas porque subiram demais, a uma altitude em que o ar fica rarefeito. Ao menos por um tempo, isso leva endinheirados a uma pausa para respirar.
É possível ainda que a relativa calma nos índices de ações tenha sido causada pela suspeita de que, dada a recuperação da economia americana, uma alta de juros nos EUA começaria a entrar em cogitações e preços. Mas o Fed, o BC americano, ontem voltou a dizer que os juros ficarão baixos por um "longo período". A Bovespa também baixou seu ritmo, mas passou apenas da disparada para o galope. Nas últimas quatro semanas, subiu o dobro de suas grandes irmãs dos países ricos (Nova York, Londres, Frankfurt), cerca de 6%, apenas um pouco abaixo dos mais de 7% ao mês (compostos), que tem sido seu ritmo desde março.
Os "estrangeiros" (não residentes, na verdade) deram um tempo em sua corrida para ativos brasileiros; em novembro, caiu bem sua participação na Bovespa. O dólar não voltou a cair abaixo de R$ 1,70. Dizem que foi por causa do IOF. Pode ser. Se foi, não se sabe o quanto o IOF pesou. O governo anunciou oficialmente a taxação em 19 de outubro. Mais ou menos quando as Bolsas do mundo deram essa ligeira rateada.

vinit@uol.com.br


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