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Hypermarcas paga R$ 1,3 bi por Neo Química
Operação cria o terceiro maior grupo farmacêutico de capital nacional e deve gerar redução de custos de R$ 115 milhões
É a quinta aquisição da Hypermarcas neste ano; divisão de medicamentos passa a responder por 40% do faturamento do grupo
Ayrton Vignola/Folha Imagem
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Claudio Bergamo, presidente do grupo Hypermarcas, que anunciou ontem a aquisição da farmacêutica Neo Química por R$ 1,3 bi
MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Hypermarcas fechou ontem a aquisição do laboratório
Neo Química por R$ 1,3 bilhão,
operação que a transforma no
quarto maior grupo farmacêutico em atuação no país e no
terceiro de capital nacional.
As negociações começaram
em setembro, depois que a família Limírio Gonçalves, da
Neo Química, rejeitou uma
proposta de R$ 1,2 bilhão à vista
da multinacional Pfizer, com
quem negociou durante cerca
de seis meses. "A formiguinha
andou mais rápido que o elefante", disse o presidente da
Hypermarcas, Cláudio Bergamo, ao anunciar o negócio.
O que pesou, segundo ele, foi
a proposta para os Gonçalves
integrarem o bloco de controle
da Hypermarcas e continuar,
de alguma forma, na gestão.
Assim como o dono da
Hypermarcas, João Alves de
Queiroz Filho, o Júnior, os
Gonçalves são de Goiás.
A proposta da Hypermarcas
prevê o pagamento de R$ 687
milhões divididos em três parcelas anuais, mais 17,5 milhões
de ações a serem emitidas e que
vão corresponder a 7,3% do capital total. Os Gonçalves terão
dois assentos no conselho da
Hypermarcas. Entram no lugar
da GP Investimentos e da família Samaia, que venderam suas
participações há um mês.
Ao vencer a Pfizer, a Hypermarcas acompanha política do
BNDES contrária à desnacionalização do setor e que almeja
criar um grande laboratório
farmacêutico nacional.
Poucas horas depois da assinatura do contrato e sua divulgação ao mercado, Bergamo recebeu um telefonema do presidente do BNDES, Luciano
Coutinho, parabenizando pela
operação.
Com os recursos levantados
na abertura de capital (R$ 612
milhões), em abril do ano passado, e mais uma segunda
emissão (R$ 793,5 milhões),
realizada em julho, além da
própria geração de caixa, a empresa já fez nove grandes aquisições, que totalizam R$ 3,5 bilhões. Ainda restam R$ 500 milhões em caixa.
Bergamo não descarta novas
aquisições na área farmacêutica. Mas, depois que o Medley
foi vendido para a Sanofi-Aventis, restaram três grandes grupos nacionais: Aché, EMS e Eurofarma.
"Com essa aquisição, a
Hypermarcas se candidata a
ser o consolidador do setor farmacêutico", diz um executivo
do setor que não quis se identificar. Mas as três "joias da coroa", como gosta de chamar o
BNDES, não sairiam por menos de R$ 3 bilhões. O Aché,
que dos três é o mais profissionalizado em termos de governança, estaria avaliado entre
R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões.
No setor farmacêutico, a
Hypermarcas já era dona da
DM (de remédios de prateleira
como Doril, Engov, Gelol) e da
Farmasa (de prescrição, como
Rinosoro, Lisador). Com a Neo
Química, que deve registrar faturamento bruto de R$ 380 milhões neste ano, a empresa entra no segmento de genéricos e
similares.
Segundo Bergamo, o ganho
com a aquisição, em termos de
redução de custos, é estimado
em R$ 115 milhões. A empresa
também deve ter um grande
benefício fiscal com a operação,
cujo valor não foi divulgado.
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