São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hypermarcas paga R$ 1,3 bi por Neo Química

Operação cria o terceiro maior grupo farmacêutico de capital nacional e deve gerar redução de custos de R$ 115 milhões

É a quinta aquisição da Hypermarcas neste ano; divisão de medicamentos passa a responder por 40% do faturamento do grupo


Ayrton Vignola/Folha Imagem
Claudio Bergamo, presidente do grupo Hypermarcas, que anunciou ontem a aquisição da farmacêutica Neo Química por R$ 1,3 bi

MARIANA BARBOSA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Hypermarcas fechou ontem a aquisição do laboratório Neo Química por R$ 1,3 bilhão, operação que a transforma no quarto maior grupo farmacêutico em atuação no país e no terceiro de capital nacional.
As negociações começaram em setembro, depois que a família Limírio Gonçalves, da Neo Química, rejeitou uma proposta de R$ 1,2 bilhão à vista da multinacional Pfizer, com quem negociou durante cerca de seis meses. "A formiguinha andou mais rápido que o elefante", disse o presidente da Hypermarcas, Cláudio Bergamo, ao anunciar o negócio.
O que pesou, segundo ele, foi a proposta para os Gonçalves integrarem o bloco de controle da Hypermarcas e continuar, de alguma forma, na gestão.
Assim como o dono da Hypermarcas, João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, os Gonçalves são de Goiás.
A proposta da Hypermarcas prevê o pagamento de R$ 687 milhões divididos em três parcelas anuais, mais 17,5 milhões de ações a serem emitidas e que vão corresponder a 7,3% do capital total. Os Gonçalves terão dois assentos no conselho da Hypermarcas. Entram no lugar da GP Investimentos e da família Samaia, que venderam suas participações há um mês.
Ao vencer a Pfizer, a Hypermarcas acompanha política do BNDES contrária à desnacionalização do setor e que almeja criar um grande laboratório farmacêutico nacional.
Poucas horas depois da assinatura do contrato e sua divulgação ao mercado, Bergamo recebeu um telefonema do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, parabenizando pela operação.
Com os recursos levantados na abertura de capital (R$ 612 milhões), em abril do ano passado, e mais uma segunda emissão (R$ 793,5 milhões), realizada em julho, além da própria geração de caixa, a empresa já fez nove grandes aquisições, que totalizam R$ 3,5 bilhões. Ainda restam R$ 500 milhões em caixa.
Bergamo não descarta novas aquisições na área farmacêutica. Mas, depois que o Medley foi vendido para a Sanofi-Aventis, restaram três grandes grupos nacionais: Aché, EMS e Eurofarma.
"Com essa aquisição, a Hypermarcas se candidata a ser o consolidador do setor farmacêutico", diz um executivo do setor que não quis se identificar. Mas as três "joias da coroa", como gosta de chamar o BNDES, não sairiam por menos de R$ 3 bilhões. O Aché, que dos três é o mais profissionalizado em termos de governança, estaria avaliado entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões.
No setor farmacêutico, a Hypermarcas já era dona da DM (de remédios de prateleira como Doril, Engov, Gelol) e da Farmasa (de prescrição, como Rinosoro, Lisador). Com a Neo Química, que deve registrar faturamento bruto de R$ 380 milhões neste ano, a empresa entra no segmento de genéricos e similares.
Segundo Bergamo, o ganho com a aquisição, em termos de redução de custos, é estimado em R$ 115 milhões. A empresa também deve ter um grande benefício fiscal com a operação, cujo valor não foi divulgado.


Texto Anterior: Retomada: Indústria amplia número de horas trabalhadas pelo 2º mês
Próximo Texto: Aquisição é a 30ª da empresa em cinco anos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.